12. RUN

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Inverno de 2010.

Louis correu o mais rápido que pôde. Correu, correu e correu. No caminho, perdeu seu outro par de vans amarelos. Machucou os pés e as pernas, e em certo ponto já não havia mais forças e suas pernas pediam para parar. Ele passou muito tempo correndo, perdido e assustado.
Só parou quando chegou na estrada. No meio do asfalto. E caiu.

[...] A viatura do Oficial Rory Styles parou antes de chegar no corpo de Tomlinson caído na pista. Ele correu e se agachou, dando dois leves tapas no rosto do garoto na intenção de fazê-lo reagir.

- Droga, Harry, o que você fez..

O policial tira o celular do bolso e liga para o filho, respirando tensamente enquanto aguarda.

- Harry, venha para a pista. Não demore, e venha limpo.

Demorou um pouco até que Styles aparecesse de por entre as árvores, finalmente chegando na estrada. Ele estava sem camisa e sem sapatos, seu corpo estava molhado da cabeça aos pés, mas ainda havia manchas de sangue aqui e ali.
Seus olhos bem abertos não piscavam, os dedos feridos tremiam e ele se manteve sem reação até chegar próximo à viatura do pai, onde parou ao lado de uma das portas e seu semblante assustado e vago mudou quando viu o corpo de Louis deitado no banco de trás.

- Não, não.. não, não.

- H.. Harry, entre logo. Fique sentado no chão, não olhe pelas janelas.

Ele se apressou em adentrar a parte de trás do carro e primeiro se inclinou sobre o rosto de Louis ao se ajoelhar no chão do carro. Os olhos verdes choraram em silêncio, preferindo não tocar no moreno para não acabar acordando-o num susto.

- Me desculpe, Lou... - Sussurrou entre o choro, pondo um dos pulsos em frente aos lábios quando se sentou no chão e se encolheu.

Naquela noite, Louis foi deixado no hospital pelo Oficial Rory. Quando as coisas se acalmaram parcialmente, após dois dias ou três, ele disse que apenas se perdeu no bosque do lago vermelho e que correu muito até encontrar a estrada. Quando questionado sobre estar na companhia de Harry, Louis disse que estava sozinho.

Quando o Oficial Rory foi visitá-lo em casa, Louis deu a entender que não se lembrava do que aconteceu naquela noite.

[...] - Harry está bem? Onde ele está? - Ele pergunta baixo ao pai de H. O policial está sentado num banco do lado de fora da casa do garoto, ao lado dele.

- Harry está... Seguro. - Suspira. - Tomlinson, do que se lembra? Você precisa... Isso precisa morrer entre nós.

- Não me lembro, Sr. Styles.

- Como assim? - Rory olha para Louis, que o olha também.

- Eu não me lembro. - O garoto conserta os óculos no rosto e fica em silêncio por alguns segundos. - ... Harry não gostaria que eu me lembrasse. Ele sempre teve medo... De parecer perigoso para mim. Harry se sentiria quebrado demais se eu me lembrasse. Então, Sr. Styles, eu não me lembro.

Ele dá ao policial um olhar vazio, triste. Rory compreendeu, naquele momento, que Louis apenas queria fingir que não se lembrava.
Ele se lembrava sim, mas preferiu mentir para si mesmo.

Para que aquele inverno morresse ali. Ele preferiu mentir.
De qualquer forma, jamais morreria de verdade.

-

2024.

O fim de semana chegou. Com ele, um pouco menos de trabalho para Harry (que se recusava a dar-se o descanso com horas pensando sobre a investigação), e mais estresse para Louis.
Após o término do que nunca de fato existiu com Lídia, ele pensou que o tão indesejado churrasco de aniversário da mãe dela não aconteceria mais em sua casa, mas foi acordado nervosamente pela família da loira batendo à porta para organizar as coisas da festa.

Behind the Red Lake | l.sWhere stories live. Discover now