— Ah. – Sasuke riu, triste. — Então me fizeram de bobo desde o início? – A pergunta foi direcionada a mim novamente, mas eu não conseguia simplesmente encara-lo.

Seu tom choroso me apertava o coração.

— Não fizeram você de bobo, Uchiha. Os dois deram, literalmente, as suas vidas para você continuar seguro! – Sai se estressou e eu mordi o lábio inferior. — Não trate Naruto como inimigo, porque ele é uma das melhores pessoas que eu já conheci e não merece isso.

— Sai! – O repreendi novamente e o encarei. O mais velho me olhou com as sobrancelhas erguida. — Fica calmo, ok? É compreensível a confusão e raiva dele.

— Não! Droga, você foi baleado por ele! Perdeu o seu irmão por ele! Se afastou dos amigos por ele! Fez tudo por ele! Ele não pode simplesmente fi-

— Sai! – Falei de novo e ele bufou, me encarando alguns segundos nos olhos antes de finalmente assentir.

— Vocês estão juntos? – Sasuke parecia ainda mais machucado ao dizer isso e eu finalmente olhei para ele. Seus olhos marejados encaravam nós dois.

— Não. – Foi Sai que respondeu, num tom seco. — Mas eu o amo. – Disse também parecendo machucado e eu fechei os olhos, balançando a cabeça. — E você tem sorte dele te amar.

Passou um tempo em que todo mundo ficou em silêncio. Nenhum dos chefes, nem mesmo o Senhor Yamanaka, decidiu se intrometer naquele estranho triângulo amoroso que de repente virou pauta. Sentia as pessoas do lado de fora nos encarando, como sempre faziam, mas dessa vez nem me incomodou. Ou talvez fosse a fraqueza no meu corpo que não me fazia dar bola.

— Naruto?

Olhei de novo para Sasuke e ele parecia ter levado um tapa na cara. Como se só agora ele tivesse mesmo entendido que eu não era Menma. Seus olhos estavam ainda mais marejados e me encaravam com tanta emoção junta que eu não sabia mais dizer o que é que ele sentia agora.

— Alguma coisa foi real?

Abri a boca diante de sua pergunta. Era óbvio que foi real! Tudo foi real para mim! Eu não teria feito todas aquelas coisas só porque era a droga do meu trabalho. Tinha sentimento junto, ele tinha que ter percebido. Ele percebeu, eu tenho certeza!

— Chega. – Senhor Yamanaka interrompeu antes que eu tivesse tempo de ao menos balançar a cabeça.

— Chefe, deixa eu só-

— Eu falei, chega! – Ele me olhou sério e eu trinquei o maxilar.

— Eu preciso-

— Não me interessa o que precisa. Eu mandei parar e você vai parar! – Ele aumentou o tom e eu mordi a língua com força, dando um passo para trás enquanto concordava com a cabeça. — Senhores Uchihas, como vocês descobriram o que somos...

De repente a voz do senhor Yamanaka parou de fazer sentido. Meus ouvidos começaram a apitar e tudo perdeu a velocidade. Pisquei devagar, sentindo meu corpo pendendo para os lados. Ergui o rosto com um pouco de dificuldade apenas para ver a expressão preocupada de Sasuke quando cai de joelhos no chão. Não bati a cabeça, porque mãos me seguraram.

"Naruto!"

"Quanto de sangue ele perdeu!?"

"Naruto!"

"Alguém chame um enfermeiro!"

"Naruto!"

"Ajudem aqui!"

"Naruto!"

[...]

"A cara dele não está boa" reconheci a voz de Gaara.

CPPE - NarusasuWhere stories live. Discover now