Um mês.

Por um mês eu não consegui conhecer meu irmão.

— E você quer que eu ocupe seu lugar. – Não era preciso ser um gênio para entender o que eles queriam de mim. Minhas mãos se apertaram com força, fazendo a circulação dos meus dedos pararem novamente.

— Sim. – Ele concordou, passando a foto para uma deles abraçados, com as mãos entrelaçadas aonde tinham alianças de ouro reluzindo.

Eu... Perdi o casamento do meu irmão.

— Aqui. – Ele esticou a mão e eu demorei para pegar o objeto redondo que estava ali.

De repente, a aliança dele parecia ser o objeto mais pesado do mundo. Eu não conseguiria usar... Eu não queria usar.

— Maridos? – Soltei uma risada soprada, sem vida nenhuma, enquanto continuava encarando o pequeno anel em minha mão.

— Sim. – Ele concordou de novo. — Seu irmão era tão bom como você é, Namikaze. A pontuação que você venceu no simulador, era dele. Um dos melhores agentes que já tive e ele conseguiu ir mais fundo que ninguém jamais conseguiu. Ele criou uma vida com a pessoa protegida, ficou tão próxima a ponto de dividirem a cama. Se havia amor, essa informação morreu com ele, mas... – Ele parou por um momento, indo até a sua pasta e a abriu, pegando um envelope grande que parecia guardar muitos papéis. — Ele já sabia que morreria. Há alguns meses eles estavam sendo perseguidos. Não pelas pessoas que queriam matar o Uchiha, mas sim as pessoas que mataram seu pai. – Virou de ponta cabeça o envelope e vários papéis se espalharam pela mesa partida ao meio, alguns caindo no chão. — Ele fez anotações ao longo desses anos. Aqui você saberá a história dos dois, como começou até esse momento. O que Sasuke gostava e o que detestava. A cor favorita dele e até o seu maior medo. E ele também anotou o que já disse a ele, para você estar bem estudado e saber o que dizer em qualquer situação.

— Estudado. – Ri de novo e eu sentia que cada vez que eu fazia isso, o ar daquela sala ficava mais tenso. — Como se os dois fossem apenas piões do seu tabuleiro.

— E são. – Ele respondeu, friamente. — Não pedi que você me desse amor e então não me cobre isso também. Todos aqui têm um propósito e sabem o que estão perdendo e ganhando ao servirem essa empresa. Seu irmão também sabia, assim como você.

— Tá. – Cortei seu discurso ridículo e me aproximei das folhas. — Quanto tempo tenho para estudar. – Minha língua parecia três vezes mais afiada quando estava com raiva.

— Três horas. Seu irmão foi morto ontem e Sasuke Uchiha não pode focar sozinho por tanto tempo. Te colocaremos em um avião daqui quatro horas, você pode usar elas para se aprofundar no assunto, arrumar suas coisas e ah! – Ele revirou os olhos, pegando uma caixinha na mão. Olhei ela confuso e fiz uma careta ao ler o nome da tinta de cabelo. — Seu irmão pintou de preto. Vai ter que pintar também. E furar as orelhas, ele gostava de brincos.

— Caralho, mais alguma danificação no meu corpo que eu não estou sabendo? – Bufei, me sentando em uma das cadeiras já que teria de ler muita coisa.

— Ele arrumou o dente torto que você também tem. – Revirei os olhos.

— Estou começando a achar que quatro horas vai ser pouco. – Retruquei e ele deu de ombros.

— Faça dar tempo. – Ele foi estupido como sempre e em seguida me alcançou um papel, que diferente dos outros, estava completamente lisinho, sem nenhuma marquinha e escrito numa letra quase impecável. — Te deixaremos sozinho por dez minutos e em seguida entrará as pessoas que pintaram seu cabelo. Pode pedir que furem suas orelhas e que outras vão até seu alojamento e arrume suas coisas. Pelo menos vocês dois tinham o mesmo estilo. – Ele respirou fundo e olhou para os outros chefes e Sai, que ainda permaneciam em pé, meio sem saberem o que fazerem. — Estão dispensados. – Disse, já saindo da sala logo depois.

CPPE - NarusasuWhere stories live. Discover now