— Por que estão me contando isso agora? Obviamente querem algo, não é? – Cuspi as palavras em cima deles e eles engoliram em seco novamente, desviando o olhar mais uma vez.

— Precisamos que você faça uma missão. Uma longa missão. – Senhor Yamanaka voltou a dizer, dessa vez ajeitando o relógio que tinha caído no chão. Era só não ter uma pessoa o sufocando e aquela merda de superioridade voltava nele.

— O quê? – Franzi o cenho e ele pegou o controle novamente, passando para a foto seguinte.

O tempo simplesmente parou enquanto eu abria a boca completamente horrorizado. Minha respiração trancou e meus olhos marejaram tão rápido como quanto toda a raiva sumiu. Meu coração batia freneticamente contra os meus ouvidos e eu não conseguia escutar nenhum deles tentando falar comigo. Sentia minha pressão caindo à medida que... Meu Deus... Meu irmão estava... Estava... Estraçalhado.

Seus braços estavam arrancados, jogados de qualquer jeito ao seu lado e suas pernas estavam em carne viva. Seu rosto tão socado que eu não conseguia ver seu olho direito. Seu pescoço parecia que foi amarrado por uma corda muito apertada.

Ele... Eu... Não dava para mim.

Girei nos calcanhares, incapaz de continuar vendo aquilo. Desequilibrei enquanto tentava manter meus passos para chegar até a saída de uma vez. Piscava várias vezes enquanto todos a minha volta pareciam dizer coisas para mim em câmera lenta. Meu coração ainda batia alto nos meus ouvidos e eu começava a suar frio.

— Naruto! – A voz de Sai foi mais alta do que meu coração e eu pisquei várias vezes até ver seu rosto preocupado e molhado por suas lágrimas na minha frente, suas mãos segurando meus ombros firmemente. — Eu estou aqui. Bem aqui, ok? Respira!

E só naquele momento eu percebi que o ar ainda não havia nem entrado, nem saído de mim desde o momento que vi a foto. Soltei o ar com pesar e quase considerei não respirar mais. Se eu desmaiasse, aquela tortura terminaria. Tinha que terminar.

— Isso. – Sai secou minhas bochechas e eu nem tinha percebido que estava mesmo chorando. — Tá tudo bem. Shhhhh. – Me puxou para o seu peito sem se importar com todo o prédio vendo a gente daquele jeito.

Me encolhi nele e deixei com que tudo que aconteceu esses anos viessem na minha mente. Tudo o que sofri, tudo o que me fizeram, minha mãe, meu pai... Meu irmão... Eu não conseguia parar de chorar, nem parar de soluçar. Meu choro era doído e eu podia ver que ele chorava junto comigo, já que seus ombros davam pulinhos de vez enquanto.

Respirei fundo quando me pareceu que horas haviam passado. Por incrível que pareça, ninguém tentou interferir naquele momento meu. Me desencostei a custo de Sai e puxei a barra da camisa até meu rosto, para seca-lo. Quando abaixei o tecido, minhas expressões estavam sérias, quase vazia demais, e Sai mordeu o lábio inferior, parecendo triste com aquilo.

Me virei, usando os calcanhares novamente, e olhei tão friamente para o chefe que, por um segundo, cogitei a ideia de que ele realmente iria desviar para qualquer lugar, mas ele não o fez. Porque ele é um filha da puta insensível e por isso me mostrou a porra da foto do meu irmão estraçalhado no mesmo dia que me contou que ele existia.

— Prossiga. – Falei pausadamente e minha voz nunca saiu tão grossa. Todos pareceram se surpreender com aquilo.

— Pois bem. – Ele apertou no controle de novo e a foto de um garoto sorridente fez o meu peito aliviar a dor de ter que encarar meu irmão naquele estado. — Esse é Sasuke Uchiha. – Disse, vindo para mais perto de mim com um pouco de receio. Se eu fosse ele, nem tentaria. — Seu irmão, um mês antes de você entrar aqui, há quatro anos, foi mandado a missão de entrar na vida dele e fazê-lo deixar ser protegido vinte quatro horas por dia, sem que ele soubesse, é claro.

CPPE - NarusasuWhere stories live. Discover now