Dia de praia

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Minha gargalhada ecoou pelos cômodos enormes da mansão. Eu negava com a cabeça diversas vezes enquanto Rosita revezava seu olhar do Jay para mim repetidas vezes. Ela esperava uma resposta e ele tentava entender o motivo do meu deboche.

- Não! Nem pensar! Nem por cima do meu cadáver! - Neguei a possibilidade com todas as formas que sabia, antes de continuar. - Você está louco se pensa que vou dormir no mesmo quarto que você. Não quero pegar piolhos! - Afirmei sem pensar duas vezes e vi a governanta da casa tentando conter uma risada.

- Para de graça Rach, dormimos grudadinhos essa noite e você adorou! - Ele afirmou, pegando minha mala e a carregando escada acima.

- Adorei? Eu quase arranquei minha pele de tanto que me esfreguei com a bucha! - Retruquei e ele franziu os lábios fazendo uma careta.

- Para de ser malcriada e vem logo, Dinamite! - Ele exigiu e desapareceu no topo da escada de mármore madeira.

Encarei a mais velha que nos encarava, mesmo que vez ou outra ela desviasse sua atenção para os cachorros que pareciam diverti-la.

- Não tem nenhum outro quarto onde eu possa ficar? - Perguntei, esperançosa.

- Tem vários, mas desde pequeno o Jay é igual ao menino do Canário, então acho melhor você ir logo. - Ela afirmou, como se aquilo fizesse algum sentido e eu esperei pela explicação que não veio.

- Menino do Canário? - Perguntei, curiosa.

- Nunca ouviu a história do menino do Canário? Quando vocês começarem a beber eu conto! - Ela afirmou e me apressou para que eu subisse.

No topo da escada tinha uma janela enorme de frente para o mar e eu paralisei por alguns instantes. O cheiro fresco e salgado me fez inspirar profundamente enchendo meus pulmões enquanto fechava os olhos. Quando os abri, eles estavam cheios d'água, mesmo que um sorriso estivesse presente em meu rosto. Ouvi passos e me virei, vendo o Jay parado atrás de mim com um sorriso enquanto perguntava.

- Lindo, não é? - Seus braços me envolveram e eu nem mesmo pensei em reclamar.

- Sim, a vista é linda. - Confirmei, ouvindo o som dos pássaros voando ao longe.

- Por quê está chorando? - Ele perguntou e só então percebi que uma lágrima tinha rolado pelo meu rosto. Eu dei de ombros e sorri antes de enxugá-la.

- É a primeira vez que vejo o mar. - Informo e pela forma que sua boca se abre, deve estar surpreso. - Não tem mar e nem mesmo lagos em Wyoming. - Afirmei e ele deu risada.

- Wyoming? Você é do velho Oeste? Por isso é tão agressiva. - Ele brincou e eu estava emocionada demais para discutir.

- Você não consegue ficar um minuto sem zombar de mim né? - Pergunto e ele finge pensar sobre o assunto.

- Consigo, mas estou aqui para me divertir. - Seu sorriso me desarmou e eu apenas mostrei a língua pra ele como uma criança faria.

Ele pegou minha mão e me guiou pelo corredor a esquerda, onde haviam várias portas de madeira e algumas fotos de família espalhadas pelas paredes. Quis parar para zombar das fotos em que o Jay ainda era criança, mas ele parecia ansioso para me mostrar o quarto.

Assim que entramos, a primeira coisa que notei foi a porta para a sacada e corri até lá tendo uma visão ainda melhor da praia.

- Tá preparado pra dormir no chão junto com os cachorros? - Provoquei enquanto o Jay se jogava na cama, que era tão grande que provavelmente não caberia no meu apartamento.

- Com uma cama desse tamanho, você acha mesmo que eu vou dormir no chão? Além do mais, na primeira bebida que você tomar vai estar implorando pra que eu durma com você. Sem contar que o quarto é meu, acha justo me expulsar do meu próprio quarto? - Ele perguntou com um sorriso sarcástico se apoiando em um cotovelo para me encarar.

Brincando com FogoWhere stories live. Discover now