A Escadaria

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Ellen observa a fresta abaixo da porta

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Ellen observa a fresta abaixo da porta. Ainda está assustada.

A noite segue lenta e silenciosamente, e sempre que tenta convencer a si mesma de que O Cara Pálida não vai mais voltar, mais a sensação de que ele vai voltar preenche Ellen.

Quando as irmãs apareceram, Wanda deu um copo de água para ela que, tremendo, tomou tudo.

A madrugada vai se estendendo, Ellen sentada na cabeceira da cama. Quando o lado de fora de Roosewalt é iluminado pela luz matutina, e sons de passos e vozes já ecoam pelo convento, Ellen se deixa cair no sono.

Ela acorda de repente. Começou a dormir não faz nem duas horas.

Uma flashback invade sua cabeça.

O corpo de Iris ensanguentado.

O grito saindo do fundo de sua garganta.

Irmã Marlene chegando...

- Espera... - Murmura Ellen, e franze o cenho. - O quarto de Irmã Marlene fica muito longe do armarinho de limpeza. Ai meu Deus!

Ellen se veste rapidamente e sai desembestada pelo corredor, em direção ao quarto de Karine. Ao chegar, ela bate a porta. Silêncio. Bate outra vez. Silêncio.

- Droga! - E tapa a boca. - Me perdoe senhor.

Ellen olha ao redor, imaginando onde Karine poderia estar. Sua cabeça começa a doer ainda mais. Ellen põe as duas mãos sobre o rosto.

- Eu estou surtando... Estou surtando - e se distancia dali, envergonhada.

Mesmo se recusando a pensar no assassinato de Iris, os pensamentos invadem Ellen a mil, consumindo-a de dentro para fora. Ela tenta piscar várias vezes para livrar-se deles, mas não funciona.

Resolve ir até o jardim. Lá ficará mais calma e pensará com clareza. O alvorecer ilumina as plantas. Ela sente a brisa em sua pele e o resquicio solar começar a esquentar sua roupa.

Em determinado momento, Ellen avista Wanda colhendo flores, provavelmente para confeccionar algo nas aulinhas de artes.

- Ei! Irmã Wanda. Pode vir aqui um minutinho?

Wanda pega mais duas flores, cheira uma delas, põe em sua cesta e caminha em direção a Ellen.

- Bom-dia irmã Ellen - diz sorridente. - Está mais calma agora?

- Estou sim, obrigada - responde. - Hã... Irmã Wanda... Por acaso você sabe se a irmã Carla estava aqui em Roosewalt na noite anterior a morte de Iris?

O semblante de Wanda muda. Falar sobre mortes nunca é algo bom.

- Estava sim - e entorta os lábios. - Eu a vi no corredor, indo na direção oposta a nossa, quando íamos ver o por que do grito.

Ellen sente todas suas ideias, teorias, desmoronarem. Por que Marlene está protegendo Carla?

- Por que irmã? - pergunta Wanda, ajeitando a cesta nos braços.

- Ah, não é nada. É que aquela noite não a vi... Então pensei que tinha ido para algum lugar.

- Ah, não. Ela estava aqui sim.

Naquela tarde, Ellen encontra Karine no refeitório e a chama para conversarem no banheiro. Paradas em frente ao espelho, Ellen começa:

- Karine... Irmã Marlene está aprontando alguma coisa.

- Como assim?

- Wanda disse que Carla estava aqui na noite em que Iris foi assassinada. Você e ela disseram. Marlene está mentindo.

Karine fita Ellen com assombro. Ellen tem medo de que talvez possa estar tragando Karine para junto de seu furacão descontrolado de loucura, mas teme que todas estejam em perigo, especialmente sua amiga. As duas jovens se encaram por um momento.

- E... E agora?

- E tem outra coisa - Ellen diz. - A irmã Marlene foi a primeira a chegar onde eu estava quando gritei. O quarto dela fica do outro lado do convento!

Karine abre a boca em um O, se dando conta da informação.

- Ai meu Deus, irmã Ellen! Será possível que ela tenha matado Iris?

- Eu não...

As duas se assustam quando, pelo espelho, veem irmã Marlene saindo se um dos boxes. O coração de Ellen bombeia um sangue frio por seu corpo, arrepiando sua nuca.

- Eu disse para deixar esse assunto para lá irmã Ellen - faz uma pausa, onde Ellen abre a boca pra dizer alguma coisa, mas ela a interrompe. - Vai se arrepender de ter me desobedecido.

E sem dizer mais nada, sai do banheiro.

Karine e Ellen trocam olhares amedrontados e engolem em seco.

A noite, quando uma chuva açoita as grandes janelas do convento, Ellen percorre os corredores, apressada, em direção a capela, onde se encontrará com Karine. Reza em espírito para que nenhuma outra irmã esteja acordada.

A capela fica no andar de baixo, então Ellen precisa serpentear por corredores e descer uma escadaria em curva.

Um relâmpago ilumina o piso quadriculado, assustando a irmã, depois vem o trovão, rugindo no céu.

Chegando a escadaria, Ellen para ao avistar Karine, caminhando rapidamente, esbaforida.

Ellen se prepara para acenar para a amiga, mas se interrompe quando Karine rapidamente se esconde atrás de um armário no corredor. Ellen franze o cenho. Preparando-se para descer, sente duas mãos se chocarem com suas costas com força.

Ellen torce o pé no primeiro degrau e cai escadaria a baixo, seu corpo ricocheteando nos degraus.

Quando finalmente chega ao sopé, um filete de sangue escorre de dentro do seu nariz, enquanto sua tempora cria uma poça de sangue abaixo de si.  

O Grito das FreirasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora