Capítulo 13

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ISSO parecia muito coisa do século passado, mas eu estava locando um livro didático na biblioteca. Estando na era da tecnologia, a maioria das pessoas não costumavam pegar livros na biblioteca quando podiam ler eles em PDF na internet, principalmente livros didáticos,. já que era com certeza mais fácil pesquisar determinado assunto no Google ou em qualquer outro mecanismo de pesquisa. Por isso, a biblioteca da cidade era praticamente deserta fora os universitários estudando, crianças jogando nos computadores da biblioteca ou mudando seus papéis de parede para alguma coisa indecente, e não posso deixar de mencionar os idosos que podem ficar horas falando com você sobre como o tempo deles era melhor e os jovens de hoje não lêem mais livros (sim, isso foi uma indireta a professora de história, mas surpreendentemente não é dela de quem eu estou falando).

Depois de ficar quase quinze minutos ouvindo a história de vida de um senhor de setenta e poucos anos tagarelando sobre como sua juventude foi bem melhor e depois mais cinco minutos me elogiando por ainda ir a biblioteca e ainda mais dez tentando resolver um problema no celular dele, eu finalmente fui em busca do meu livro. Passei meus dedos por vários títulos até chegar em exatamente o que eu queria: "linguagem de sinais 101 (até macacos aprendem)". Não era o título mais amigável, fato, mas seria algo que parecia que seria de grande ajuda para mim. Fui até a bibliotecária (uma moça meio gótica de cabelo curto, batom preto e piercing no septo que parecia odiar seu trabalho) e deixei o livro na bancada.

—Nome?

—Park Jongseong.

—Do livro, garoto.— A moça olhou para mim com uma expressão de julgamento.

—Ah, é "linguagem de sinais 101".— Falei, empurrando o livro para mais perto dela com os dedos. —Até macacos aprendem.

—Sei.

A moça começou a digitar algo no computador em sua frente antes de exigir que duas crianças fizessem silêncio.

—Devolva até dia dez de maio.

—Certo, muito obrigado.— Me curvei antes de sair da biblioteca.

Cheguei na frente da biblioteca e desprendi minha bicicleta, eu estava concentrado em procurar meu capacete quando senti um par de mãos geladas sobre meus olhos. Fiquei confuso e esperei a pessoa atrás de mim falar "advinha quem está aqui", mas não ouvi nada.

—Quem é?

Não obtive resposta, então comecei a tentar deduzir quem era. Me virei para trás, meu coração se aqueceu, Bokyung sorria para mim enquanto sorria, sua franja caía levemente sobre seus olhos e a brisa de fim da tarde fazia seus cabelos voarem um pouco. Não pude evitar sorrir enquanto levantava minha mão para acenar para ela, ela acenou de volta antes de fazer aquele mesmo afago de antes, fazendo meu coração disparar e meu rosto queimar.

—Você já não devia estar em casa?

Ela fez que sim.

—Bem, seus pais estão te esperando?

Ela fez que não.

—Bem, sendo assim, quer conhecer um lugar legal? Eu tô com a minha bicicleta.

Seu sorriso aumentou enquanto ela fazia que sim com a cabeça. Puxei minha bicicleta e subi nela, apontando para a parte de trás para que ela se sentasse lá. Ela o fez e passou seus braços ao redor da minha cintura, meu coração acelerou ainda mais e senti que estava prestes a desmaiar, segurei meu guidão e coloquei os pés no pedal antes de começar a pedalar enquanto ela me abraçava. O vento acertava ambos de nossos rostos, os braços dela ao redor de mim causavam uma sensação tão boa, meus cabelos voando um pouco com o vento e os braços dela ao redor da minha cintura. Eu já falei sobre os braços dela ao redor da minha cintura? Sim, isso estava me deixando completamente louco.

Hear my heart Where stories live. Discover now