Capítulo 12

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Um projeto.

Uma arma.

Um peão.

Um monstro.

Uma assassina.

Uma aberração.

Uma boneca para brincar e desacatar.

Alguém que ninguém se daria ao trabalho de ficar… Octavia havia perdido as contas de quantas copos… quantas garrafas de cerveja tomara. Ela sentia que não deveria ficar surpresa, que não deveria ficar abalada com mais uma pessoa em sua vida querendo sua presença apenas pelo que poderia oferecer, tinha sido daquela maneira por quase toda ela. Havia sido arrancada do seu lar apenas para servir para alguma coisa, não passava de um objeto.

Ela tragou o cigarro mais uma última vez antes de apagá-lo no cinzeiro. Octavia deixou a quantidade de ouro na bancada antes de se erguer com a garrafa de whiskey que havia pedido ao garçom e saiu cambaleante pela taverna. Octavia respirou fundo, suprimento o desejo de gritar, de voltar aquela taverna e quebrar tudo para ver as coisas estilhaçado, como se conseguisse aliviar todo o caos dentro de si. As lágrimas queimaram em seus olhos, mas ela não chorou.

Octavia caminhou e caminhou, não soube para onde ou porque naquela direção, apenas continuou mesmo com a visão turva, as pernas andando em zigue-zague. Ela respirou fundo, passando a mão pelo cabelo quando sentiu as primeiras gotas descerem do céu, mas não se importou quando se sentou em um banco perto do rio sidra, a cabeça tombando para trás enquanto aquela sensação de náusea atingia mais forte.

A imagem da sua família surgiu em sua mente, mas estava embaçada, perdendo a cor e opacidade lentamente. Um bolo se formou na garganta junto a vontade de chorar quando percebeu que dia após dia esquecia mais deles, quem Octavia tinha certeza que amara de verdade, os únicos em toda sua vida que olharam primeiro para ela ao invés dos seus dons e habilidades. A dor e a saudades esmagaram seu peito sobres suas garras finas e envenenadas, forçando ainda mais a desejo de derramar lágrimas, ela só queria o colo da sua mãe, que seus irmãos acordassem no meio da noite para aprontarem pela casa… Octavia queria que seu pai fizesse chocolate quente durante aquelas noites chuvosas e brincasse até esquecer do medo de trovões.

Octavia apertou o amuleto preso ao pescoço, a única coisa além do anel que restava da sua família, do seu lar. A única coisa que restava. Octavia sentiu seu queixo tremer, fosse pelo frio que a chuva causava ou por segurar tão afinco o choro, ela abriu a garrafa de whiskey virando na garganta, fazendo careta ao sentir o queimar. Patética. Era como ela se sentia em relação aquele momento, perguntando-se quando deixou de ser a tão temida Octavia e passou a ser uma idiota bebendo sozinha no meio da chuva.  Ela estava se afogando nos próprios pensamentos de novo, buscando uma escapatória enquanto bebia mais, enquanto tremia de frio embaixo da chuva.

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