Era estranho a forma como ele me faz bem, mesmo sem nos conhecermos direito.

— Nos encontramos no Giuseppe Grill? — me surpreendo. Lugar chique, longe e caro.

— Pode ser, sim. — finjo costume.

— Ótimo! — mais uma vez ele abre a boca mostrando seus belos dentes brancos.

Estou quase falando pra ele que faço veterinária e não, odonto.

— Ás 19? — pergunto com dúvida.

— Isso. — ele me olha. — sei que não salvou meu número. — fico sem graça. Nem sei pra onde aquele papel foi parar. — mas tenho seu Instagram, te mando mensagem por lá. — concordo com a cabeça. — Bom, vou indo! — se levanta. — Até mais tarde, Mari!

— Até mais tarde, Marcelo. — digo olhando pra ele com dificuldade por conta do sol. Ele se vira e sai, me levanto soltando meu cabelo e tirando meu shorts e cropped.

Como eu estava sozinha, me afasto onde não tem ninguém e enterro, escondendo. Existe pessoas maldosas, imagina pegarem minha roupa.

Entro no mar e fico uns minutos nele. Me sentia em paz. Uma calma em meio de tanta tempestade.

Depois de um bom tempo, saio da água, vou até a areia e pego minha roupa e chinelo. Começo a andar na intenção de me secar. Antes de subir pro calçadão me visto. E volto a andar em direção a minha casa, ao chegar corro até meu celular e ligo para a Agnes.

— Urgência feminina. — digo assim que ela atende.

— O que que foi? — pergunta curiosa.

— Tenho um encontro! — respondo animada e ela fica quieta. — Alô? Agnes?

— Meu deus. Seu primeiro encontrou, Mari! — ela diz rindo e eu dou risada.

— É, pois é. Meu primeiro encontro. — vou até meu quarto e coloco o celular no vivo a voz, deixo ele em cima da penteadeira e tiro minha roupa. — não sei o que vestir, ou o que falar. Eu nem gosto dele!

— Não é preciso gostar. — ela diz óbvia. — perai, se você nunca namorou e nunca teve um encontro... — ela faz uma pausa misteriosa e eu já até sei o que ela vai perguntar. — Você é virgem?

— Eu não. — respondo rindo enquanto penteio meu cabelo. — só nunca sai pra jantar com um cara. Mas ficar pelada com um é fácil. — ouço sua risada.

— Então você vai tirar de letra. — ela fala. — Olha, vai do jeito que você se sentir melhor. Do jeito que você gosta, e não tenha vergonha de ser você. — me aconselha.

— Certo! — pego meu celular indo pro banheiro. — ele me chamou para ir em um restaurante meio caro. E se ele não pagar tudo? Querer dividir? — abro o chuveiro e me enfio debaixo.

— Aí ele é um pau no cu que não sabe sair com mulheres! — solto uma risada sincera. — de verdade, Mari. Se ele falar pra vocês racharem a conta, você diz que vai no banheiro e some.

— Isso não é certo, Agnes! O jeito é ajudar a pagar. — passo o shampoo no cabelo.

— Não acho. — opina. — principalmente se é o primeiro encontro e ele que chama.

— Tem razão. — enxaguo o cabelo. — e você acredita que ele falou para a gente se encontrar lá? Ao invés de dizer que vinha aqui me buscar.

— Ja não gostei dele. Muito mongó, Mariana. No papo, sou mais o Caio.

— Tá louca? — dou risada desligando o chuveiro. — Caio e eu mal somos amigos.  — passo o creme de hidratação no cabelo.

— Vocês são muito estranhos. Algo rola! — diz rindo.

— Tá fumando os baseados dele né? — prendo meu cabelo e me enrolo na toalha deixando o creme agir. — porque você tá com uns pensamentos muito tilt.

— Bem que eu queria. — reviro os olhos.

— Vou desligar agora. — aviso pegando o celular.

— Bom encontro, Marianinha — me zoa.

— Me erra, Agnes. — desligo rindo.

Saio do banheiro e jogo o celular na cama. Me sento nela e olho pro grande quadro no meu quarto, era uma foto de nois três. Sorrio e sinto uma vontade imensa de chorar mas seguro. Acho que nem lágrima mais eu tenho.

Chorar é a coisa que mais faço nos últimos dias. Talvez eu esteja desidratada por dentro.

×××
Música do início do capítulo:
ISSO QUE É VIDA — FILIPE RET

Para sempre você. Where stories live. Discover now