Capítulo 11

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੭࣪  11
Taehyung

੭࣪  11Taehyung

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PÂNICO. PERDÊ-LA DE VISTA DAQUELE JEITO ME DEIXOU EM PÂNICO. AINDA ESTAVA COM o coração saindo pela boca quando chegamos em casa, e eu não conseguia parar de pensar em Jennie afundando, no mar bravo em volta dela, em como ela parecia frágil. Queria perguntar por que ela não tinha tentado sair da onda, mas estava com medo de quebrar o silêncio. Ou, talvez, o que me dava medo mesmo era a resposta.

Fiquei na cozinha enquanto ela tomava uma ducha, olhando pela janela, pensando em pegar o telefone e ligar para Oliver. Quando Jennie saiu do banho e me olhou envergonhada e inquieta, tive que me segurar para não amolecer.

— Como você está?
— Bem, eu só fiquei tonta.
— Quando caiu na água?

Ela desviou o olhar e fez que sim com a cabeça.

— Vou ficar lá no meu quarto — disse.
— Tá bom. Mas à noite quero falar com você.

Jennie abriu a boca para reclamar, mas foi para o quarto e fechou a porta. Respirei fundo, tentando recuperar a calma. Descalço, fui até a varanda dos fundos, sentei nos degraus de madeira rachados e acendi um cigarro.
Que merda, é claro que precisávamos conversar.

Dei uma última tragada antes de entrar. Fui até minha mesa, revirei os papéis soltos e encontrei um em branco. Peguei uma caneta e escrevi todas as perguntas que eu vinha me fazendo durante aquelas três longas semanas. Deixei o papel por perto e fui anotando outras enquanto preparava o jantar. Fiz uma salada e bati na porta. Jennie não se opôs quando eu propus jantarmos na varanda.
O céu estava estrelado e o cheiro do mar enchia o ar.

Comemos em silêncio, quase sem nos olhar. Quando terminamos, perguntei se ela queria chá, mas ela negou com a cabeça, então fui até a cozinha para levar os pratos.

Quando voltei, Jennie estava de costas, debruçada no guarda-corpo, olhando para a escuridão.

— Senta — pedi.

Ela suspirou alto antes de se virar para mim.

— Isto é mesmo necessário? Eu vou embora depois de amanhã.
— E volta uma semana depois — respondi.
— Eu não vou te incomodar. — Ela me olhou suplicante. Parecia um animal assustado. — Eu não queria, foi você quem me forçou a entrar na água...
— Não tem nada a ver com isso. A gente vai passar bastante tempo juntos este ano e eu preciso saber algumas coisas. — Tomei um gole de chá e dei uma olhada no papel cheio de perguntas que eu tinha na mão. — Para começar: você não tem amigos? Você sabe o que eu quero dizer. Pessoas com quem socializar, como as meninas da sua idade fazem.
— Você está brincando?
— Não, claro que não.

Jennie permaneceu em silêncio. Eu não estava com pressa, então me sentei na rede e coloquei o copo de chá na borda do guarda-corpo de madeira para acender um cigarro.

— Eu tinha sim. Tenho. Acho.
— E por que você nunca sai?
— Porque eu não quero, não quero mais.
— Até quando? — insisti.
— Não sei! — Ela respirou agitada.
— Tá bom... — Vi as rugas marcando sua testa, o movimento da garganta enquanto ela engolia saliva com força. — Isso resolve três das minhas dúvidas. — Olhei o papel. — Como está indo no colégio?
— Normal, acho.
— Você acha ou você sabe?
— Eu sei. Por que isso te interessa?
— Eu nunca te vejo estudando.
— Isso não é da sua conta.

Dei umas batidinhas no queixo com os dedos. E por fim olhei para ela. De igual para igual. Não como se ela fosse alguém que precisava ser cuidada e eu estivesse disposto a ajudar. Vi medo em seus olhos. Medo porque ela sabia o
que eu ia falar.

— Eu não queria ter que te lembrar disso, mas seu irmão está há um ano se matando de trabalhar por você, para que possa ir para a faculdade, para seguir em frente…

Parei de falar depois do primeiro soluço. Levantei, me sentindo um merda, e a abracei. O corpo dela se agitou contra o meu e eu fechei os olhos, segurando, segurando, mesmo doendo, porque eu não ia pedir desculpas pelo que tinha dito, porque sabia que tinha que ser assim.
Jennie se afastou, secando as bochechas. Fiquei ao lado dela, com os braços no guarda-corpo de madeira que circundava a varanda, o vento úmido da noite agitando-se à nossa volta. Peguei de novo minhas anotações.

— Vou continuar. — Agora ela estava exatamente como eu queria: desarmada, tremendo. Nada daquela armadura que ela usava o tempo todo. — Por que não pinta mais?

Se eu não tivesse encontrado tantas coisas em seus olhos, poderia ter separado o que estava vendo, dissecando cada parte para tentar entendê-la, mas não consegui.

— Porque eu não suporto as cores.
— Por que não? — sussurrei.
— Elas me fazem lembrar de “antes”… e dele.

Douglas Jones. Sempre cheio de tinta, de cores, de vida. No meu papel ainda tinha várias perguntas: “Por que você não consegue aceitar o que aconteceu?”; “Por que você está fazendo isso com você mesma?”; “Até quando você acha que vai ficar assim?”. Amassei-o com a mão e coloquei-o no bolso da calça.

— Terminou? — ela perguntou, insegura.
— Sim. — Acendi outro cigarro.
— Achava que você tinha parado.
— E parei. Eu não fumo. Não como as outras pessoas que realmente fumam.

Então ela sorriu. Foi um sorriso tímido e fugaz, ainda entre o rastro salgado das lágrimas, mas durante um milésimo de segundo ele esteve ali, iluminando seu rosto, curvando seus lábios, desenhado para mim.

𖹭

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Tudo o que nunca fomos  𑁯 𝐉𝐍𝐊 + 𝐊𝐓𝐇Onde as histórias ganham vida. Descobre agora