9⁰ Capítulo - Adeus

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  Arrumei minhas coisas apressada. Estava disposta a não voltar para La Salle tão cedo, mas agora não via a hora de correr pra lá, e ficar ao lado de mamãe.
  Espiei pela fresta da porta, Christian parecia analisar cada cantinho do apartamento. Tê-lo ali tão perto depois de seis anos fez reacender em mim sentimentos e desejos que estavam muito bem guardados.
  Christian era como vinho, quanto mais velho mais gostoso. Não tinha como negar o poder que ele ainda exercia sobre mim.

ANA: - Estou pronta! - falei saindo pela porta do quarto.

CHRISTIAN: - Então vamos!

  Acabei pegando no sono, acordei quando chegamos ao heliponto.
  O silêncio se fez presente durante todo o percurso, mas as trocas de olhares eram inevitáveis.
  Um dos empregados foi nos buscar de carro assim que saímos do helicóptero.

CHRISTIAN: - Eu preciso de um banho antes de ir ao velório. Sei que deve estar com pressa! Se quiser peço à Dan para levá-la e depois vou dirigindo.

ANASTASIA: - Eu espero você!

CHRISTIAN: - Ok! - falou sorrindo.

  Eu sorri de volta! Como assim? Eu não conseguia resistir ao charme de Christian! Nem ao seu sorriso!

ANASTASIA: - Eu também gostaria de tomar um banho antes de ir.

CHRISTIAN: - Fique à vontade!

  Entramos na casa e um filme passou pela minha cabeça. A última vez que subi essas escadas foi pra fazer minhas malas. Lembro de Gia na sala com sua aliança de compromisso e sua barriga de quatro meses de gravidez. Me deu muita vontade de perguntar por ela. Mamãe havia me contado que na época foi feito um exame de DNA onde descobriram que Christian não era o pai da criança que Gia esperava. Christian a expulsou de casa e ninguém mais soube de nada à seu respeito.

  Entre todos os quartos escolhi o mesmo da última vez. Ele parecia ter sido reformado. Mesmo assim me despertava muitas lembranças.
  Tomei minha ducha rápida e vesti uma roupa mais confortável, uma calça e uma camisa preta.

  Desci às escadas e ele já me esperava ao pé da escadada

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  Desci às escadas e ele já me esperava ao pé da escadada.

CHRISTIAN: - Quer que eu peça à Leila que prepare alguma coisa pra você comer? - Leila? Aquela Leila?

ANA: - Estou sem fome! Mas obrigada!

  Assim que entramos nas ruas de La Salle pude ver que nada mais estava como antes. Muitas pessoas nas ruas, a cidade estava cheia de prédios e novas construções, muito moderna e evoluída. Christian parou o carro em frente à capela onde estavam velando o corpo de Ray.

ANA: - Christian! - chamei o impedindo de sair do carro. - Quero muito te agradecer por ter cuidado de todos os detalhes! Por ter ido pessoalmente me contar! Muito obrigada! - falei abaixando a cabeça.

CHRISTIAN: - Faço tudo o que estiver ao meu alcance por você Anastasia! - falou erguendo meu queixo para olhá-lo. - Não precisa me agradecer! Fiz isso de coração!

  Christian foi se aproximando de mim, sem desgrudar seus olhos dos meus.

JOSÉ: - ANA! - Merda! Voltei pra realidade!

  Desci do carro deixando enquanto Christian espraguejava algum palavrão.

ANA: - José! - ele me abraçou e derrepente seus braços já não eram mais aconchegantes como antes.

JOSÉ: - Meu amor eu sinto muito! - sussurrou.

  Christian desceu do carro emburrado.

JOSÉ: - Obrigado Sr Grey por tudo que fez! - falou sem me soltar. Christian apenas assentiu com a cabeça indo em direção à capela.

  O lugar estava muito florido e cheio de gente. Ray era conhecido por todos pelo ótimo empresário, marido fiel e pai exemplar. Só que a realidade era completamente diferente.
   Levei um baque quando Christian me contou de sua morte mas me sentia culpada por não sentir nada, absolutamente nada por ele. Tudo o que ele sempre fez foi se aproveitar do trabalho duro da minha mãe, levando a fama por ela sem nem ao menos plantar uma semente se quer.  Vivia bêbado nos cassinos de Nova York torrando o dinheiro suado de minha mãe com prostitutas e jogos. Como pai então nem se fala! Nunca foi presente! Nunca lembrou do meu aniversário, nunca me abraçava, nem me fazia um carinho. Cresci sem ter carinho de pai. Mas em compensação a minha mãe era tudo pra mim! E vê-la em frente ao caixão de Ray se debulhando em lágrimas acabava comigo.

CARLA: - ANA! - chamou me fazendo correr até ela lhe dando um abraço forte. - E agora Ana? - perguntou em meio aos soluços.

  Me sentei ao lado dela e aos poucos pessoas iam chegando para me dar os pêsames. Um pouco mais afastados estavam Taylor, Christian, Mia, Elliot e Kate com sua barriguinha de pouco mais de seis meses. Estavam todos ali! As pessoas que eu mais amava.

  Taylor me abraçou e trouxe uma xícara de chá para mamãe. Ela sorriu em agradecimento e ali eu pensei em como tudo seria mais fácil se Taylor fosse meu pai e não Raymond.
  Ray tinha minha mãe como um troféu que ele roubou do amigo. Taylor foi seu primeiro namorado mas Ray armou para separá-los. Taylor foi para a faculdade e quando voltou mamãe já estava grávida e casada com Ray. Mas nada me tira da cabeça que eles ainda se amam.

  Passadas quatro horas de velório me levantei indo até a copa e me servindo um copo de café bem forte.

MIA: - Amiga e agora como sua mãe vai ficar tocando tudo sozinha.  - falou também se servindo de café. - Logo José vai para Nova York e ela vai precisar de alguém pra ajudá-la.

ANA: - Aí Mia nem parei pra pensar nisso! Mas ganhei um mês de férias pra poder resolver tudo aqui antes de voltar.

MIA: - Aproveita e põe também a cabeça no lugar!

ANA: - Do que está falando Mia?

MIA: - Do seu casamento com José! Agora que você voltou pensa bem se é realmente isso que você quer pra sua vida! - falou como se fosse experiente nesse assunto. - Não cometa o mesmo erro da sua mãe! - falou apontando para Taylor que agora falava alguma coisa para minha mãe a fazendo soltar um sorriso tímido.

  O funeral acabou no entardecer de segunda feira. Nos despedimos de todos e dirigi o carro de mamãe até nossa casa sendo seguida por José.

JOSÉ: - Hey! - falou correndo em minha direção. - Quer que eu passe a noite aqui com você? - falou com segundas intenções.

ANA: - Acho melhor não! - falei seca. Como ele conseguia pensar em sexo em uma hora dessas? - Estou há um dia sem dormir e muito cansada. Acho melhor nos vermos amanhã! Preciso dar atenção pra mamãe!

JOSÉ: - Tudo bem! Nos vemos amanhã! - falou me beijando.

  Meu Deus o que estava acontecendo comigo? Estou de casamento marcado para daqui há três meses e mal consigo corresponder o beijo do meu noivo.

 

O CONTRATO Where stories live. Discover now