Restrição

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Este capítulo tem de tudo.

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- Vou levar meu caderninho de desenhos, mãe!

- Posso treinar no hotel, mãe?

- A água mineral que Pretinho gosta acabou, mãe, a gente tem de comprar mais!

- Sábado eu quero ver todos os filmes do Homem de Ferro, mãe!

- Crianças, não se esqueçam de que não são férias extras... O ano letivo já começou.

Maria Inês precisava controlar a animação dos gêmeos na sala de espera do pequeno aeroporto onde só saíam bimotores ou jatinhos. Tanto Rafael quanto Maria Rosa pareciam prontos para mais uma semana de férias, ao lado da mãe e de "vó Rita", bem como os seguranças que os acompanhariam até o resort favorito da família em Trancoso.

- Jocélia, quanto custa a água mineral na maquininha, por favor?

- Está R$ 5, Rosinha.

- Muito caro! – fez um bico. – Por que é caro, Jocélia? A gente não pode pagar pra beber água! – bufou, e sua raiva infantil graças ao preço da água acabou gerando alguns risos escondidos, controlados dos outros seguranças.

A menina, ainda com a bolsa própria para carregar animais em mãos, foi até a máquina e tirou do bolso da bermuda rosa (a única coisa sem estampas nas roupas dela – uma camisa de manga curta colorida e uma tiara decorada com borboletas amarelas) algumas moedas, colocando lentamente na entrada para dinheiro, e perguntou ainda o número referente à água mineral para apertar os botões corretos.

Assim que a garrafa de 500 ml apareceu na gaveta, Maria Rosa retirou-a calmamente e entregou à segurança.

- Por favor, Jocélia, guarde na bolsinha de Pretinho. Ele vai ficar com sede.

- Sei disso, Rosinha. Farei sim.

Rafael, por sua vez, que parecia uma cópia fiel do pai – os dois estavam com uma camisa preta de gola redonda e manga curta; o menino com a bermuda jeans enquanto o pai usava uma calça de mesmo material; o adulto um par de botas de combate e o filho um par de tênis que brilhava e soltava luzes coloridas enquanto ele andava – conversava animadamente com um dos seguranças que os acompanharia durante a ida a Trancoso. O tema era "treinamentos".

- Sotero, meu pai disse que nesta semana a gente vai treinar boxe! – os olhinhos de Rafael brilharam. Aos poucos, a prática de esportes vinha dominando seus interesses, especialmente aqueles que envolviam lutas.

- Você trouxe suas luvas e faixas?

O garoto fez que sim com a cabeça, rapidamente, os cachinhos balançando a cada palavra dita por Rafael.

- Ótimo. Não se esqueça de que vamos começar cedo, então terá que acordar cedo e se preparar. Não pode misturar os treinos com as aulas, sua mãe avisou.

Rafael até tentou fazer um bico, mas depois sorriu. A mãe podia ser rígida neste aspecto, mas ela estava certa. Estudar era importante, e o ajudaria muito no futuro. Queria ser como o pai, e ele era um homem muito inteligente – era o governador! – conversava com as pessoas coisas interessantes, e sabia falar várias línguas. Para isso, era importante se concentrar nos estudos, mesmo que os treinos fossem mais divertidos.

- Tudo bem, Sotero. Preciso estudar para ser alguém na vida, minha mãe sempre diz isso, e ser igual a meu pai!

Maria Inês ficou aliviada. Era ótimo que as crianças se distraíssem, não percebessem que toda a estrutura estava pronta para que eles fizessem a viagem de uma forma discreta e cautelosa sem que outros percebessem, e que na verdade a tensão de Edmundo estava no alto. Havia algo muito sério para acontecer, e que tinha a ver com o resto da investigação e a prisão da dos envolvidos no sequestro, mais precisamente os mandantes.

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