VIPER [JJK]

Capítulo 9: Biblioteca das artes proibidas

Achar o endereço da biblioteca foi fácil, e ao contrário do que Jungkook pensou, por fora, o prédio não apresentava nenhuma peculiaridade. Era uma construção tradicional, de muro baixo e portão de madeira escura. Jungkook procurou por alguma espécie de campainha ou sineta, mas não havia nada além de uma plaquinha de madeira escrito: propriedade Kim.

  Olhou em volta, não havia ninguém na ruazinha e Jungkook cogitou a ideia de pular o muro. No entanto, não sabia ao certo o que o esperava lá dentro; o livro da família era antigo e não existia garantia de que uma biblioteca secreta ainda funcionava ali. Esfregando as têmporas Jungkook praguejou, por que sua vida virou um filme de terror? Estava cansado de livros antigos e ervas suspeitas.

Encostou no portão e empurrou de leve, sendo pego se surpreso quando o objeto cedou e abriu fazendo um crek lento. Encarou pela fresta ponderando as possibilidades, deveria invadir uma propriedade alheia? O elixir não foi levado em sua excursão então não haveria como manipular seja lá quem fosse que o pegasse no flagra.

  Pensar demais tornaria tudo pior, então,  Jungkook tomou fôlego e terminou de abrir o portão. Do lado de dentro, o chão de terra tinha uma estradinha de pedras grandes e lisas que ligavam a entrada até a casa. Jungkook correu até a entrada e se deparou com mais uma porta fechada, dessa vez foi fácil deslizá-la para sem fazer muito barulho.

Jungkook se deparou com um cômodo pequeno com um tapete vermelho gasto, esfregou os pés ali e virou para a esquerda onde o pequeno cômodo se abria para algo maior. Caminhando com cuidado sob o chão de madeira clara, Jungkook notou o cheiro de poeira e incenso no ar. A sala tinha uma enorme estante na parede à direita e um altar com velas e incenso queimando. Seria uma espécie de templo?

   Segurando a alça da mochila, Jungkook analisou os livros na estante. As lombadas de couro tinham títulos e brasões gravados. Apesar de ter vários livros, não era o que Jungkook imaginou ao ler sobre uma biblioteca secreta, aquilo nem era muito secreto considerando quão fácil foi entrar. Olhando de perto notou alguns dos títulos: história da Coréia, poemas da dinastia Joseon, matemática, astronomia. Nada ali era útil para o que Jungkook precisava. Foi então que um tomo de lombada cor de vinho chamou sua atenção. Numa caligrafia bonito estava escrito: o guardião. O livro ficava tão alto que Jungkook precisou ficar na ponta dos pés para alcançar e assim que tocou o objeto sentiu os dedos formigarem. Ao puxar o livro ouviu um estalo que o fez dar um passo atrás e então a estande se abriu no meio.

  As duas metas deslizaram para o lado revelando uma passagem suficiente para uma pessoa. Do outro lado era possível ver um cômodo com o mesmo chão de madeira. Jungkook hesitou; se entrasse poderia ficar preso ali sem um meio de pedir ajuda a alguém. Respirou fundo lembrando das lições que o pai lhe deu sobre pensar friamente. Quase podia ouvir a voz dele dizendo " Um homem não deixa as emoções falarem mais alto."

   — Faça o que tem que fazer — sussurrou para si mesmo e deu um passo em direção a entrada.

Podia ver a parede do outro lado do cômodo enquanto passava pelo espaço no meio da estante, assim que entrou virou-se para a esquerda e ficou boquiaberto ao perceber que o local se estendia por um espaço muito maior do que aparentava pelo lado de fora. A sua frente estavam inúmeras prateleiras que iam até o teto, o local possuía um mezanino com guarda corpo em madeira escura assim como a escada curva que levava até ele.

Jungkook caminhou com passos hesitantes, absorvendo o cheiro de poeira e tangerina no local. Olhava ao redor a todo momento, esperando que algo saltasse das sombras para atacá-lo, felizmente o local parecia vazio.

  Ao se aproximar de uma das prateleiras Jungkook notou os títulos peculiares na lombada dos livro: Guia de bolso sobre maldições e antídotos, Encantamentos para iniciantes, Biologia dos Transmorfos e, um exemplar gasto com a tinta quase totalmente desbotada que dizia: Amuletos de proteção. O jovem já estava com o exemplar em mãos, encarando a capa verde quebradiça em alguns pontos e prestes a folhear quando um miado lhe assustou fazendo o  livro cair no chão com um plop.