VIPER [JJK]

Capítulo 3: Um esconderijo

Jungkook fez backup de tudo importante no celular, formatou o aparelho e o abandonou dentro do ônibus que pegou com Harin na ida para a casa dela. Compraria outro mas não poderia se comunicar com ninguém da família ou eles iriam lhe achar, existia um jeito muito fácil de acabar com tudo isso: jogar o antídoto fora. Assim mesmo que fosse encontrado jamais poderiam obrigá-lo a realizar a cerimônia, mas soou errado se livrar de algo que tinha potencial para salvar vidas.

Aqui estava a questão sobre Jeon Jungkook: ele odiava quebrar as regras da família. Podia sair e encher a cara, ir para cama com garotas de voz irritante que não lembraria o nome depois, mas nunca causava escândalos ou saía da linha. Os amigos riam dizendo que Jungkook era o garotinho da vovó e ele apenas dava de ombros e voltava a beber seu soju.

Carregou por toda a vida o nome Jeon com orgulho, desde criança sorria grande com os dentes de coelhinho ao falar " Me chamo Jeon Jungkook." Amava ver o brasão da víbora estampado em guardanapos, usado em broches pela mãe e num anel pelo pai, sua família inspirava admiração e se não fosse aquela fatídica manhã tudo continuaria igual. Todos o enganaram, sua querida avó mentiu por 21 anos e o levou como um cordeirinho para o abate.

Jeon agora significava medo e decepção.

Inúmeras perguntas inundaram seus pensamentos, na mochila o livro com a história da família pesava cada vez mais, talvez ali encontrasse algumas respostas. A avó havia lhe dado o exemplar de presente naquela manhã, ele mal teve tempo de apreciar a edição com capa de couro marrom e detalhes em preto. Aquelas páginas guardavam segredos que apenas iniciados deveriam acessar e Jungkook fugiu levando o precioso artefato.

— É aqui.

Harin seguiu para a saída do ônibus, Jungkook mal sabia dizer em que bairro se encontrava, o ponto ficava perto de alguns trailers; um amarelo com letras em vermelho vendia topokki e palitinhos de peixe, o rosa ao lado vendia waffles cheios de chantilly e confeitos. Várias pessoas faziam fila e Jungkook quase perdeu Harin de vista entre senhorinhas de roupa florida e estudantes do ensino médio ainda usando uniforme. A garota andava rápido e de vez em quando virava para checar se ele ainda a seguia.

Não pensou que ela aceitaria tão fácil, devia estar mesmo desesperada por dinheiro.

Saíram da avenida principal e entraram numa rua estreita com uma ladeira, ao contrário do que Jungkook imaginou, Harin não demonstrou nenhum sinal de cansaço e continuou subindo segurando a bolsinha vermelha junto ao corpo. Dobraram à direita entrando numa rua mais plana e um pouco depois de uma loja de conveniência um prédio surgiu. Era antigo, com 5 andares e uma fachada que precisava de pintura já que o tempo amarelou o que um dia fora tinta branca.

Harin entrou no saguão de chão encerado, a esquerda várias caixas de correspondência ocupavam a parede mas ela não parou para olhar, ao invés disso foi apressada até a escada subindo os degraus com borda anti derrapante já desgastada. Ela só parou no 4°andar e Jungkook já sentia as pernas protestando, subir tantos lances de escada todo dia provavelmente era muito cansativo.

— O meu é esse aqui — Harin abriu a porta do terceiro apartamento do corredor e Jungkook a seguiu. — Não é muito grande mas pelo menos não fede a mofo.

Jungkook tirou os sapatos na entrada e ficou só de meias, a sala do apartamento era do tamanho de sua suíte na casa dos pais, um sofá bege com almofadas vermelhas ficava de frente para a TV pendurada num painel de madeira e Jungkook conteve o sorriso ao ver um ursinho de pelúcia sobre a mesinha de centro. A cozinha era integrada à sala, tudo estava muito arrumado, não havia nada fora do lugar sobre a mesa de jantar ou bancada e Jungkook notou um cheiro de lavanda no ar.

— Os quartos ficam ali — apontou para o corredor estreito — A primeira porta à direita é o quarto da Sana, minha colega de apartamento, a segunda porta é o banheiro e a porta do lado esquerdo é o meu quarto. Você vai dormir nele.