[14] A primeira de muitas.

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Abro os olhos lentamente. Solto um murmúrio quando minha cabeça começa a latejar e me sento, absorvendo o cenário. Inspeciono o quarto ao meu redor que definitivamente não é meu, piscando em choque. As paredes estão pintadas de branco, o teto exibe um glorioso lustre de cristal soprado e o carpete de mogno reluz como se tivesse acabado de ser polido.

Me sento na cama, o coração ficando acelerado. Para qualquer lugar que eu direciono minha atenção, vejo algum item que aparenta ter custado mais do que minha família.

Parece errado.

É errado.

Olho para baixo, vendo uma mancha de sangue no meu colarinho. Eu não sinto que pertenço a essa realidade paralela. Por um momento, acho que estou sonhando, mas os detalhes são muito lúcidos. A possibilidade é descartada.

Engulo em seco e me levanto, andando até uma das três portas que tem no quarto. Por que um quarto tem três portas? A primeira que abro é de um closet. Há muitos acessórios aqui, roupas da Chanel, uma coleção delas, organizados em uma escala monocromática que varia em tons de cinza até o mais profundo negro, além das toalhas. Tudo cheira a couro fresco e dinheiro, se é que dinheiro tem um cheiro específico.

Fecho a porta.

A segunda, é de um banheiro.

-- Desde de quando eu assalto casas? -- Murmurou.

Quase me assusto quando passo os olhos pela pia de mármore e a decoração igualmente fria, como se tivesse saído de alguma revista sobre impérios antigos. Há uma banheira no meio de duas pilastras brancas, que descem de uma sanca de gesso redonda no teto, com outro lustre no meio. Me olho no espelho comprido da bancada que deve ter cerca de dois metros. Meu cabelo está todo desgrenhado e o rímel borrado ao redor dos olhos.

Inspiro profundamente e solto o ar, tentando me recordar sobre qualquer coisa que tenha acontecido na noite anterior, mas tudo o que me lembro é que depois que o expediente do trabalho acabou, fui para uma festa governada pelo Vernon, para comemorar o seu décimo aniversário.

Então descontei toda minha amargura no álcool.

Deixo a cabeça pender para frente e solto o ar devagar, prometendo que eu jamais beberia novamente, ainda mais se fosse para afogar as mágoas.

Por que eu estou num quarto incrivelmente chique? Atônita, deixo o banheiro, disposta a procurar por meu celular e dar o fora daqui antes que as coisas fiquem mais complicadas.

No entanto, meus pés fincam no chão no momento em que me viro, voltando para o quarto. Não sei quando é que ela chegou aqui, ou como entrou sem fazer barulho, mas seus olhos castanhos contém um brilho lúdico que eu não gosto.

Mantendo os olhos em mim. Decido acabar com o silêncio.

-- Por que você está aqui? -- indago, confusa. -- Por que eu tô aqui? -- Olho ao redor. -- Que lugar é esse?

Ela continua lá, sentada na cama king size com um maldito dossel e lençóis de seda.

O cabelo impecável cai desajeitadamente sobre seus ombros. Ela usa uma camiseta social com os primeiros botões abertos, expondo o começo de seu busto e a pele branca.

Ela é tão bonita que me irrita.

Me dou conta de algo. Troco o peso de uma perna para a outra e hesito um pouco.

-- A gente não transou, né? -- Num muxoxo, engolindo em seco. pergunto,

Dahyun rola os olhos.

-- A gente tá literalmente em um hotel.

Angel fallen by love • DahmoWhere stories live. Discover now