Yashiro era uma menina solitária, em todos os seus anos como colegial nunca tivera uma amizade que pudesse chamar de verdadeira, pelo simples fato de suas pernas serem um pouco rechonchudas.
Esse seria seu primeiro ano frequentando o ensino médio, e...
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A promessa
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Os dias que se seguiam estavam tão pacatos e sem vida, depois do acontecido no banheiro feminino, do encontro de Tsukasa. Yashiro estava bastante focada nas matérias - já que o período de provas se aproximava - e mesmo assim, ela sentia falta daquele garoto, sentia falta de Hanako. Desde aquele dia, ele não mais deu as caras, em todas as vezes que ela ia ao banheiro procura-lo, ele nunca estava por lá.
Era algo estranho, mas ela achava que essa atitude repentina se devia ao fato dele não querer que ela o visse assim, num estado vulnerável, perdido. Ela queria poder ajudar em algo, conversar com ele, conhecê-lo melhor, mas ele não lhe deu uma única chance em todo esse tempo que passaram juntos. Yashiro se sentia vazia por dentro, disse que seria amiga de Hanako, mas nem ao menos sabia seu nome verdadeiro. Ao pensar nisso ela soltou um riso fraco, embargado em tristeza.
Eu pensei só em mim mesma... Como sou egoista...
Yashiro enxugou uma lágrima solitária que ousou descer pela sua bochecha rosada. Ela se sentia tão patética, até mesmo suas lágrimas pareciam sem sentido. Ela realmente se importava com ele? Ela não sabia, não sabia se podia ou não chorar por ele, pois até mesmo isso parecia egoísmo de sua parte. Yashiro deitou em sua cama e aconchegou a cabeça no travesseiro, ainda era cedo por volta das oito horas da noite, mas a sua dor de cabeça era tão forte que arrancou de si toda sua energia. Ela fechou os olhos lentamente e só percebeu que caiu no sono quando acordou no dia seguinte com o despertador tocando em cima do seu criado mudo.
O som irritante soou por mais alguns minutos até ela desligar o despertador, ela levantou preguiçosamente, os olhos semi abertos sensíveis a luz do sol que entrava pela fresta da janela. Hoje ela não queria ir para a escola, não tinha motivo para ir, a pessoa que ela tanto queria ver não estaria lá. Seus olhinhos agora acostumados com a luz se abriram por completo, bolsas e olheiras roxeadas podiam ser vistas abaixo deles. Ela parecia "morta", bem diferente da Yashiro que conhecemos, aquela Yashiro que exalava juventude.
Depois de tanto demorar, ela decidiu sair de sua cama e se arrumar para mais um dia de aula. Ela caminhou até o banheiro e parou em frente ao espelho, encarou sua imagem refletida e não se assustou como das outras vezes. Estivera assim por muitas semanas, então de alguma maneira já havia se acostumado. Resolveu então tomar um banho para livrar-se de todos aqueles pensamentos negativos. Quando terminou, vestiu seu uniforme sem muita vontade e calçou um par de sapatos jogados no canto da cama.
– Filha, vem tomar café! – A voz de sua mãe ressoou no andar debaixo.
– Já vou mãe! – Ela respondeu de volta.
Yashiro desceu as escadas desajeitadamente, quase caindo no primeiro degrau, ela xingou mentalmente e se dirigiu à mesa. Apenas sua mãe se encontrava ali, seu pai estava fora à trabalho e Yashiro era a única filha do casal. Ela recebeu a pequena com um sorriso largo nos lábios, Yashiro nunca foi de desabafar seus sentimentos com ninguém, mas vendo sua querida mãe ali, tão sorridente, olhando a com tanta doçura, fez Yashiro repensar em contar todos os problemas para ela.
