Yashiro era uma menina solitária, em todos os seus anos como colegial nunca tivera uma amizade que pudesse chamar de verdadeira, pelo simples fato de suas pernas serem um pouco rechonchudas.
Esse seria seu primeiro ano frequentando o ensino médio, e...
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Espírito de raposa - pt final
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O lugar lhe dava calafrios, uma fumaça espessa se espalhava por todos os cantos.
–Chegaram finalmente... – Sua voz era suave, a moça caminhou até mais perto, mas ainda mantendo uma distância considerável. – Olá honorável número sete.
– Olá número dois, quanto tempo né?~ – Hanako flutuou enquanto balançava sua faca no ar. – 'Cê não acha que tá passando dos limites, não?
– Não sei o que está dizendo. Estou apenas seguindo meu rumor. – Ela disse, colocou seu leque em frente ao rosto deixando amostra apenas seus olhos afiados. Ela era uma moça linda, estava vestindo um yukata com detalhes de flores. – Vejo que arrumou uma nova sacerdotiza. – Apontou seu leque para a pequena Yashiro.
– M-muito praz-
– Garota tola. Você não é bem-vinda aqui. – Esbravejou contra ela. Em questão de segundos Yako já estava em sua frente cobrindo todo o seu campo de visão. Encarou a peixinha de cima à baixo, analisando cada centímetro de seu corpo, parou assim que viu seus tornozelos. – Você é uma garota bem peculiar... E essas pernas, ó Deus. Que pernas gordas.
Pernas gordas.
Pernas gordas.
Pernas gordas.
Yashiro entrou em um transe após ouvir aquele insulto. Ela era tão frágil quando se tratava de suas inseguranças. Percebendo isso, Yako sorriu ladino e se teleportou para mesma posição de onde estava a minutos atrás.
– Bom, sem enrolação vamos ver o que vocês prepararam para mim. – Ela disse com um sorriso desafiador. Atrás dela algo enorme surgiu, Hanako estava pronto para o ataque, mas parou quando viu o que era aquela coisa. Um corpo com diversas partes montadas, - partes que os pequenos recolheram durante a estadia na fronteira da número dois - uma bizarrice eu diria.
– Que porcaria é essa...? – Hanako sussurrou mais para si.
O corpo cambaleava com passos lentos e atrapalhados, antes que pudesse chegar ao lado de Yako, o corpo tropeçou nos próprios pés e caiu no chão, se desmontando por inteiro. O corpo grunhiu, como se algo estivesse alojado dentro dele. Uma alma mais especificamente. Yashiro presenciava aquela cena com ambas as mãos cobrindo a boca. Yako não queria um corpo para ela, mas sim para outra pessoa que sua alma pudesse transmigrar.
– Mais um fracasso... Miseráveis... Não conseguem fazer algo útil! – Ela rosnou. – Meu amado Misaki... Vai ter que esperar mais um pouco. Quanto a vocês... Agora irão fazer parte da minha coleção de bonecas! – Ela gargalhou com satisfação. Seu leque desapareceu com uma chama rosada e no lugar dela uma imensa tesoura apareceu. Suas lâminas continham um líquido vermelho. Sangue. O estômago de Yashiro revirou quando viu. O sangue dos alunos. O sangue de sua preciosa amiga.
