Nevoeiro

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Ao leste o sol carmesim ascende iluminando a vasta escuridão vazia com o vermelho cor de sangue, as árvores mortas com cascas negras são atingidas pelos raios solares vermelhos enquanto tudo é iluminado pelo estranho sol.

Noro ficou acordado a noite toda, ele observa o nascer do sol enquanto se levanta.

‘Um novo dia, um novo problema’

Ele pensa com um sorriso no rosto, ele caminha até Kaspian e para ao lado do menino dormindo.

‘Como eu deveria acordar ele? Por que isso é difícil?’

Noro balança o ombro de Kaspian.

“Ei, melhor acordar, vamos sair agora”

Kaspian se senta devagar, meio grogue enquanto se espreguiça.

“Bom dia Noro”

“Bom dia Kaspian”

Noro continua se acostumando com agora ter uma companhia, mas não é tão ruim assim.

“Lembra que eu disse que te daria algo hoje”

Noro invoca um fragmento que ele conseguiu, na verdade, esse fragmento é inútil, mas pode servir de algo para Kaspian, ele invoca uma bengala.

“Toma”

Ele entrega para Kaspian que pega e tateia a bengala.

“O que é isso?”

“É uma bengala”

Kaspian vira a cabeça para Noro confuso.

“Pensei que só velhos usassem isso” 

Noro pisca algumas vezes.

“Cegos também usam”

Ele esquece de amenizar o tom e fala de uma forma um pouco ameaçadora, em consequência Kaspian fica com o rosto um pouco abatido.

“Q-quer dizer, isso vai ajudar você a se locomover, é um presente”

Noro tenta reverter desesperadamente a situação falando em um tom calmo e baixo.

“Ata… obrigado”

Kaspian se levanta, enquanto Noro suspira, Kaspian coloca a bengala no chão e começa a andar para fora da caverna para não se perder.

Noro ainda sente que falta alguma coisa…

‘Ah já sei!’

Ele para na frente de Kaspian e fala.

“Bom, para a gente poder ir um pouco mais rápido e você não se perca de mim, é melhor você segurar isso”

Ele invoca a corrente negra e entrega para Kaspian que segura.

“Segure isso com força sempre, não importa o que aconteça, não solte isso, entendeu?”

Kaspian concorda com a cabeça, claro, Noro está sacrificando uma de suas armas, mas não é um problema tão grande já que ele tem a Lâmina púrpura.

Noro segura a outra ponta da Corrente diminuindo ela o máximo possível, e assim começa a caminhar, guiando Kaspian.

‘Sou um burro… tô basicamente carregando um peso morto que pode me afundar com ele… mas dane-se, não tem motivo mesmo, eu só estou fazendo isso porque… Porque posso’.

Noro sabe o perigo que é andar com alguém cego pelo outro lado, talvez isso seja quase suicídio.

‘Mas é claro… caso dê tudo errado eu não vou pensar duas vezes em fugir deixando ele para trás’

Ele diz isso com um olhar sombrio, sua expressão é fria e ele está dizendo a verdade, apesar dele ter gostado de Kaspian, a sobrevivência de Noro é muito mais importante para ele.

Noro não é um herói, e nem mesmo um protetor, no final das contas ele é só um animal que só se importa com ele mesmo, e não é uma criança que fará com que ele mude, afinal ele já está sendo bonzinho demais levando Kaspian por aí.

‘Eu realmente não sou igual a você, Aurora…’

Eles começam a sua rota para o Norte, andando em uma velocidade comum. A caminhada persiste por algumas horas, e eles permanece grande parte do tempo em silêncio.

Mas de repente Kaspian para, e Noro sente a corrente sendo puxada um pouco.

“O que foi Kaspian?”

“Eu… tô escutando algo estranho vindo da frente”

Noro se concentra para escutar, mas não escuta nada.

“Você tem certeza?”

Kaspian assente com a cabeça.

Noro leva Kaspian até próximo a uma árvore.

“Fique aqui, eu volto logo”

“Ok…”

Kaspian parece assustado, mas concorda.

Furtivamente pelas árvores, Noro avança até que ele para e vê algo incomum.

Uma estranha névoa em plena luz do dia, a névoa parece um pouco densa e traz uma sensação de perigo para Noro.

Barulhos ecoam da névoa, Noro pelo seu olho aprimorado consegue enxergar levemente na névoa bizarra.

Noro estremece, fazia tempo que ele não sentia tanto medo de algo, sua expressão se torna sombria quando ele distingue uma figura na névoa.

Uma criatura quadrúpede, os seus olhos vermelhos se destacam sobre a névoa de morte, três olhos, dois em posições normais e um em sua testa, sua cabeça é um crânio, um crânio de um bode, ele está quebradiço e emana um ar diferente, tem dois chifres retorcidos para baixo e depois para frente e mais dois enormes para cima como um verdadeiro demônio do nevoeiro, ligado ao seu crânio é possível observar sua colina óssea que se estende até o fim do seu corpo macabro, possui pelagem negra e expressa além de diversos ossos saindo de suas costas que parecem se mexer de maneira aleatória.

Só aquela visão já assusta Noro, mas o que realmente não ajuda é o que seu olho o mostra.

O nevoeiro

Nível: (Ativo)

Ritual: (Ativo)

Não existia um mundo, uma única chance de Noro derrotar essa criatura, se ele entrasse nesse nevoeiro ele estava fadado a morte, e, ao mesmo tempo, algo estranho o chama atenção, um cheiro pútrido parece emanar desse nevoeiro de morte constante.

‘Será que são outros vermes… ou outras criaturas, até onde esse nevoeiro se estende?’

Quando ele olha no horizonte até onde seus olhos enxergam, todo o caminho foi possuído por esse nevoeiro bizarro.

‘Maldição’

Noro coloca a mão no queixo analisando a situação.

‘O nevoeiro é denso de mais, prevalente eu vou ter dificuldade para enxergar lá dentro… mas… ele não terá dificuldade’

Noro se levanta, com mais uma de suas ideias malucas na cabeça, ele sabe que não pode enfrentar essa criatura ativa, mas quem sabe ele não pode apenas atravessar o nevoeiro com ajuda de Kaspian. 

Ou eles tentam, ou ficam presos nessa porcaria esperando os vermes encontrarem eles, em todo caso ele prefere tentar.

Noro se aproxima de Kaspian e se senta ao lado dele.

“O que você viu?”

Kaspian pergunta.

“Eu vi um nevoeiro, e nele tem uma criatura, mas eu não consigo lidar com ela, nós temos que atravessar o nevoeiro, e eu preciso da sua ajuda”

Ele olha para Kaspian com uma determinação sombria nos olhos, ele fará de tudo para voltar vivo, e isso inclui usar Kaspian.

Kaspian vira a cabeça para Noro, depois de alguns segundos ele responde.

“Eu vou tentar”

Forgotten Fragment Where stories live. Discover now