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Chegando no parque, eu imediatamente senti o meu corpo se acalmando por inteiro. Aparentemente, Victor ainda não havia chegado. Como hoje o clima não estava tão aberto, não havia muitas pessoas por aqui. Passando o meu olhar pelo local, eu pude notar dois casais e uma família. Olho para uma árvore que havia ali, e imediatamente eu caminho até ela, me sentando na grama e me encostando em seu tronco, suspirando. Levanto a minha cabeça, olhando para o céu parcialmente nublado. Fechando os meus olhos, a cena da cabine do banheiro vem em minha mente, mas antes que eu começasse a me aprofundar nessas lembranças, eu escuto uma voz levemente afeminada em minha frente.

-Amiga, você não vai acreditar!- Victor fala enquanto põe sua ecobag vermelha na grama, se sentando ao meu lado.- Ih, que cara de piriquito murcho é essa?- A sua voz me faz rir.

-Ai, amigo...Sei lá, sabe?- Respiro fundo.- Esse processo é muito..-Paro de falar, e ele completa o que eu queria dizer.

-É foda.- Concordo com a cabeça.- Mas eu não vou deixar você ficar assim enquanto eu estiver aqui!- Seu braço envolve o meu ombro, me reconfortando.

-É, eu sei que não.- Falo sorrindo, olhando para o mesmo. -Sabe o que é estranho?- Ele nega com a cabeça.

-O quê, amiga?

-Ontem quando eu cheguei em casa eu estava bem. Sei lá, foi meio que da noite pro dia.

-Claro, né- Ele fala, rapidamente.- Você bebeu, amiga.

Balanço a cabeça negativamente.

-Mesmo assim, amigo. Quando eu me afundei nas bebidas lá no hotel, eu fiquei totalmente o oposto do que eu fiquei ontem.

-Mas você tinha bebido para esquecer o que tinha acontecido. Você estava acabada. Querendo ou não, são situações diferentes.- Ele fala, me fazendo concordar com a cabeça.

-Mas, chega dessa conversa!- Ele fala, me despertando.- Será que aqui ainda vende algodão doce? Eu estava doido para comer um azul!

Minhas sobrancelhas se levantam ao lembrar daquele simpático casal que vendia algodão doce aqui no parque. Seu José e Dona Maria. Me lembro até hoje deles, afinal quando criança, eu sempre pedia aos meus pais para comprar algodão doce quando eu vinha aqui. Não tinha uma vez que eu saia do parque sem um algodão doce imenso, comparado a minha altura na época. A última vez que eu vi eles foi alguns meses antes de receber o E-mail do Joachim.

-Eu não faço ideia, Victor.- Falo, passando o meu olhar pelo local.- Daqui a pouco deve chover, e eles já devem beirar os 77 anos, amigo. Acho difícil que tenham vindo hoje.

-O que você disse mesmo, CamCam?- Ele fala com um sorriso no rosto, vendo o casal vindo em nossa direção com vários algodões doces. Um sorriso largo se formou em meu rosto imediatamente ao encarar o casal que agora, estava parado, prestes a atender o Victor.

-Você não é a filha do Anthony?- Seu José fala, pegando um algodão doce para o Victor. 

-Sou eu sim!- Falo sorrindo, ao ver tanto Seu José quanto Dona Maria abrirem um sorriso imenso para mim.

-Você está linda, minha filha!- Dona Maria fala, com seus olhos brilhando. Foi inevitável não ficar com o coração quentinho ao escutar isso.

Antes de eu agradecer, eu posso escutar Seu José falando o preço do algodão doce para Victor, me fazendo lembrar que eu também iria pedir um.

-Obrigada, dona Maria!- Encaro os algodões doces.- Eu vou querer aquele azul com balão, por favor.

-É claro, minha querida!- Ela rapidamente pega ele, me entregando. 

Quando eu vou pegar a minha carteira, Dona Maria põe sua mão por cima da minha, me impedindo de continuar o que eu ia fazer.

-Deixa por conta da casa.- Ela fala, e eu pude sentir Victor nos encarando, totalmente desacreditado.

-Que isso, Dona Maria!- Falo espantada, me recusando a aceitar aquilo.- Sem chances!

-Só dessa vez, minha filha.- Agora é Seu José quem fala. 

Eu poderia ficar insistindo por horas, mas o olhar dos dois me fez concordar com aquilo, mas totalmente contra a minha vontade.

Voltando para o local em que estávamos, Victor me olha, incrédulo.

-Eu não acredito que eles deixaram por conta da casa para você!- Ele exclama, mordendo seu algodão.- Eles realmente gostam de você, caramba.- Ele comenta, me fazendo rir.

-Foram anos e anos sendo uma cliente fiel, amigo.- Falo convencida, tirando o plástico do meu algodão, para dar uma mordida nele. 

-Oh inveja- Ele fala, dando mais uma mordida.

-Nossa!- Exclamo, ao sentir aquele gosto doce preencher a minha boca.- Eu estava com tanta saudades de comer isso...-Revelo, dando uma mais uma mordida nele. 

-Obrigado e de nada!- Ele fala, convencido. Ao olhar para o mesmo, eu levo um susto.

-Victor? Cadê o seu algodão doce?- Pergunto, desacreditada.

-Ih, amiga...Acabou de acabar.- Ele fala, me fazendo rir. O meu não estava nem pela metade ainda, mas acho que não demoraria muito para acabar, pois realmente estava muito bom.

Com a barriga consideravelmente cheia, eu encosto a minha cabeça no ombro de Victor, a fim de descansar.

-Será que vai chover enquanto estivermos aqui?- Pergunto, olhando para o nada.

-Sei lá- Ele fala, olhando para o céu, que estava se fechando cada vez mais.- Mas de qualquer forma, banho de chuva é maravilhoso.- Ele comenta. Eu não lembro quando foi a última vez que eu tomei um banho de chuva, eu só sei que fazia bastante tempo, e bota bastante nisso.

-Cameron?- Levanto a minha cabeça, a fim de ver quem estava me chamando. 

Um caso com Angelina Jolie.Where stories live. Discover now