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Escoro a minha cabeça na janela do avião, claramente cansada. O lado bom é que eu teria tempo de sobra para dormir, acordar, e dormir de novo 

-Não prefere se apoiar no meu ombro não, querida?- Ela volta o seu olhar para mim. - É desconfortável ficar encostada na janela.

  Oho para Angelina, abrindo um leve sorrisinho de canto. Sério, meu raciocínio foi por água abaixo há alguns minutos atrás. Mudo a posição da minha cabeça, agora, dessa vez, encostando-a em seu ombro. 

  Sinto seus dedos começarem a acariciar o meu cabelo, fazendo com que os meus olhos comecem a se fechar involuntariamente. De repente, todo o barulho a minha volta começa a ficar abafado, indicando assim, que o sono teria vencido aquela terrível guerra fria contra mim mesma. 

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Sinto o sol começar a incomodar os meus olhos, fazendo com que eu desperte. 

Olho para a janela, e não me surpreendo em ver que ainda estamos no ar. giro a minha cabeça lentamente, para ver a Angelina. Ela estava dormindo. Tão delicada quanto um anjinho. 

Resolvo conectar o meu fone no "tablet" do acento à minha frente, a fim de que o tempo passe mais rápido. Para matar as saudades do Brasil antecipadamente, eu abro o Spotify e coloco uma música específica. Uma música na qual me fazia lembrar da sensação de ser brasileira. 

a letra dela começa, e é quase que impossível não cantarolá-la.

"...Fica, não faz de conta, está na moda. Não se incomoda. É tão bonita, dentro do samba. Chega e agita, é toda prosa. De bem com a vida, quando ela passa, é uma loucura, que contagia..."

Por volta dos meus sete anos -Eu lembro como se fosse ontem-, a minha mãe havia posto essa musica -Medo de amar, Grupo revelação- na mais nova caixa de som da casa, que naquela época, era uma coisa totalmente nova. Eu havia bagunçado o tapete da sala todo enquanto dançava, totalmente desinibida. Aquela época foi incrível. Saudades da minha infância.          Sem perceber, eu escuto uma leve voz ao meu lado, fazendo com que eu retire um lado do meu fone imediatamente.

-Oi?- pergunto, voltando o meu olhar para Angelina. -Perdão, querida! O que você disse?- pauso a musica, dando total atenção a ela.

Ela balança a cabeça negativamente, querendo dizer que não foi nada de mais. -Está escutando algo?- sua voz sai totalmente sonolenta e carregada. Voz típica de alguém que acabou de acordar de um sono profundo. 

balanço a cabeça positivamente. -É uma música brasileira.- ela arqueia suas sobrancelhas, curiosa. -Matando as saudades.- Falo, sorrindo. -Quer escutar uma parte?- Angelina assente com a cabeça.

Dou um lado do fone para ela, despausando a música.

"...Toquei no seu interior, mas ela não se entregou. Fiz tudo para conquistar, o amor que vi no seu olhar. Agora eu descobri, teu segredo...Tem medo de amar, tem medo..."

pauso a música, olhando atentamente para ela, tentando ler as suas expressões. Que ela não havia entendido nada isso eu já sabia, mas, sei lá...Eu estava tentando decifrar se ela pelo menos achou interessante -Por mais que não faça parte do estilo musical dela- o refrão.

Angelina arqueia uma de suas sobrancelhas, com um leve sorrisinho de canto enquanto retira o lado do fone. -Não imaginava que você escutasse esse tipo de música.- Ela faz uma pausa, dramática. -Sabe..-Um tom de ironia começa a ficar cada vez mais evidente em sua voz. -Pensei que você só escutava música depressiva. -Ela fala, tentando conter o riso ao me ver indignada com sua revelação.

Tipo, que eu escutava musica meio deprê todo mundo já sabia, mas agora, achar que eu só escuto esse tipo de coisa chega a ser uma ofensa a minha pessoa.

Um caso com Angelina Jolie.Where stories live. Discover now