Um caso com Angelina Jolie.

37

Chegando em casa, minhas amigas me ligaram me chamando para ir até um barzinho, a fim de colocar os assuntos em dia. As coisas boas, principalmente. 

Me olho no espelho, analisando a minha roupa. Eu coloquei uma saia prata, acompanhada com uma meia calça preta, quase transparente. De sapato, eu escolhi um salto não muito alto, da cor preta. Na parte de cima, eu vesti um top bege bem brilhoso, acompanhado por um casaco, também bege, cheio de brilho. Como estava de noite, essa combinação ficou perfeita.

Eu não estava muito animada, mas eu precisava me distrair a qualquer custo. E essa ideia delas veio em uma boa hora.

Saio do quarto, procurando a minha mãe. Olho em volta, e acho a mesma sentada no sofá, mexendo no celular. 

-Mãe, eu irei sair!- Ela me olha, e se surpreende ao ver a minha roupa. Provavelmente ela deve ter ficado feliz ao perceber que eu iria sair. -Não sei que horas voltarei, e nem sei se eu voltarei para cá amanhã - Esclareço, pegando a chave do meu carro.

-Minha filha, não precisa me passar a sua ficha completa do que irá fazer.- Ela pisca um olho para mim. -Você não tem mais quinze anos, meu amor.- Ela se levanta, caminhando em minha direção.

-É, eu sei. Mas eu gosto de deixar avisado, para você não achar que eu morri por aí.- Ela solta um riso, pondo uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha.

-Se divirta, querida.- Ela beija a minha testa, me fazendo abrir um leve sorriso. 

-Tentarei, mãe.- Dona Camila fecha a cara, me fazendo franzir o cenho. Será que eu havia falado algo de errado?

-Sem essa de "Tentarei"- Ela faz uma voz engraçada ao repetir o que eu disse- Você vai se divertir sim!

Solto um riso, desacreditada. -Então, tá! Eu me divertirei.

Caminho até a porta, e antes de sair eu me despeço da minha mãe com um: "Tchau, mãe. Te amo!"

-

Estaciono o meu carro no canto da rua cuidadosamente, pois havia um carro imenso atrás de mim, e eu não queria nem pensar na possibilidade de bater nele. Eu já estava cheia de perturbação, e definitivamente mais uma não está nos meus planos. 

Vendo que ele já estava bem posicionado, eu o desligo e saio do mesmo, passando o meu olhar pelo local, que não estava muito cheio. A maioria das pessoas que estavam ali eram pessoas claramente já aposentadas, e elas estavam bebendo horrores. Eu acredito que mais tarde irá encher mais, talvez por volta das 22 horas.

-Buuu!- Sinto duas mãos tocarem os meus ombros, me fazendo dar um pulo. 

Seguido dessa voz, dois risos se iniciam atrás de mim. Totalmente desacreditada, eu me viro, encarando elas.

-Boa noite para vocês também!- Reviro os meus olhos, ironicamente. -Vamos aproveitar que o bar está vazio para sentar naquele lugar- Aponto para a mesa ao ar livre, afastada das de mais.

Já nos nossos respectivos assentos, eu apoio os meus braços na mesa, encarando as duas. Não demorou muito para um silêncio ensurdecedor tomar conta do local.

-Cruz credo, isso está parecendo aquelas cenas de interrogatório...-Carol confessa sorrindo enquanto franze o cenho, me fazendo soltar uma risada.

-Pois é!- Maria concorda.- Camcam, tem alguma novidade?- Maria puxa assunto, a fim de tornar o clima mais amigável.

-Ah...-Faço uma pausa- Hoje eu fui no shopping e acabei encontrando o Victor por lá!- Sorrio, mas ao lembrar daquele noticiário no telão, o meu sorriso se desfaz bruscamente.

-Ih...Que cara é essa, amiga?- Carol pergunta em uma forma completamente brincalhona, me fazendo sair do meu leve devaneio.

Balanço a cabeça em negação, com um leve sorriso estampado em meu rosto. -Não é nada demais, amiga.- Volto o meu olhar para Maria, que me encarava fixamente.

-Você viu a notícia, não foi?- Ela fala, cautelosamente.

-Que notícia?- Carol pergunta, totalmente curiosa. E como resposta, Maria a repreende no mesmo instante.

-É, eu vi.- Respiro fundo.- Mas chega de falar disso! Pelo menos, por hoje.- Me encosto na cadeira.- Não quero estragar essa noite.

-Amiga...- Maria fala, pondo sua mão por cima da minha.- Você não está estragando nada! Não deixe essa crosta que está dentro de você se expandir cada vez mais.- Ela faz uma pausa, respirando fundo.- Somos suas amigas, e queremos te ver bem.

Sorrio, encarando-a, mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa, um homem vem até a nossa mesa.

-Boa noite, meninas! Já sabem o que irão querer?

Encaro as duas instantaneamente. Nem eu nem Maria podíamos beber, pois estávamos com nossos carros.

-Vou querer uma água.- Maria fala, encarando o homem.

-Eu também!- Falo, rapidamente.

-Certo...- Ele fala. Provavelmente devia estar estranhando, pois quem que iria para um bar para tomar apenas água?

-Para mim, pode ser uma Heineken!- Carol fala sorrindo, me fazendo encará-la no mesmo instante. Ela não perdia uma oportunidade!

-Que foi, mona?- Ela fala, após o homem se retirar.- Eu não bebo há um tempão.

Franzo o meu cenho. -Vou fingir que acredito!- Falo rindo, e como resposta eu recebo um leve tapa em meu braço.

-Se enxerga, heuem- Carol fala, dando um gole em sua cerveja.

Olho para Maria, e a expressão dela me deixa curiosa, me fazendo olhar para a mesma direção que ela, mas não entendo o motivo dela estar julgando horrores um grupo de meninas que acabaram de chegar no local.

-Essas daí são as garotas mais nojentas que você poderia conhecer.- Carol fala, me fazendo olhar para a mesma.

-Como assim?- Pergunto curiosa, pois eu nunca havia visto elas em toda a minha vida.

-Elas acham que são as rainhas daqui da região- Maria continua.- Elas são ridículas. Já peguei a maioria delas fazendo bullying com várias garotas que fogem do "padrão" imposto por elas.

Arqueio minhas sobrancelhas, totalmente surpresa. -Nossa! Eu nunca tinha visto elas por aqui.

-Aquela ali- Carol aponta para a garota que aparenta ser a líder do grupo.- Se mudou para cá não tem muito tempo. Não demorou muito para ela formar um grupo, já que essa infeliz tem uma beleza surreal.

Analiso a garota enquanto Carol fala, mas não consegui ver muita coisa, pois ela estava longe e o escuro não ajudam em nada. A única coisa que eu consegui reparar foi em seus cabelos, totalmente loiros.

Volto o meu olhar para as duas. 

-Deixem elas para lá, meninas.- Falo, atraindo a atenção das duas.- Não vale a pena.

-É, você tem razão.- Carol fala, pegando o seu celular que acabara de apitar, e a sua expressão mudou completamente. Um sorriso enorme se instalou em seu rosto, acompanhado de uma leve surpresa.

-Vocês não vão acreditar.- Ela fala, que soletrando as palavras.

-No que?- Maria pergunta, terminando de beber a sua água.

-Acabaram de anunciar que vai ter uma balada por aqui!- Ela para de falar, contendo a sua empolgação.- E o melhor de tudo é que vai começar em uma hora.

-Creio que isso tenha sido um convite, então...Só vamos!- Falo, sorrindo.

-Sua chance de espairecer a cabeça, gata.- Maria fala, fazendo com que eu faça uma expressão horrorizada.

-Amiga, não.- Falo fazendo um gesto em negação com minha mão.- Sem chance.