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- Meses depois

Encaro a tela do meu celular, sentindo a minha perna balançar freneticamente. O filme já havia sido lançado. A crítica dele foi relativamente boa, tanto sobre a troca de atriz, quanto da história. Muitas pessoas -Especificamente os brasileiros- elogiaram bastante a minha atuação. A minha aparição no filme também rendeu muitos cochichos de internautas. Algo que eu já esperava.

-Acalma essa perna, Cameron.- Angelina fala, voltando o seu olhar para mim. -O pior você já fez, que foi atuar! Participar de uma entrevista não vai ser nada.

Olho para ela, mordendo o meu lábio inferior, ainda por causa do nervosismo. Ela estava certa, mas sei lá, toda essa ideia de ser entrevistada me dá um nó na barriga inexplicável.

-É, eu sei.- Faço uma pausa, franzindo o meu cenho.- Mas é que...- Paro de falar ao perceber que eu não fazia ideia do que dizer em seguida.

Parecendo que ela entendeu a situação, Angelina põe a sua mão sobre a minha perna, me fazendo diminuir a frequência do balanço. Inevitavelmente, o meu olhar se encontra com o dela. Seu olhar estava cansado, mas eu duvido que alguém de fora notaria isso.

-Querida, se você quiser apoiar a sua cabeça em mim para descansar, não tem problema nenhum. Estamos bem longe do local da entrevista.

Ela nega com a cabeça, ajeitando o seu vestido longo e branco, com alguns detalhes pretos em sua volta.

-Estou bem.- Ela fala com um leve sorriso, voltando a me encarar. O jeito como sua voz saiu me fez franzir o cenho, mas eu resolvi não perguntar mais nada.

Volto o meu olhar para a janela, observando várias pessoas. Tinha gente usando sobretudo, e outras, apenas uma regata acompanhada de uma calça. Acho que o frio é bem relativo para essas pessoas, afinal estava um clima médio. Eu mesma estava com uma blusa rosa claro relativamente social com manga longa, e uma calça marrom. Olho para o céu, vendo que o mesmo está fechado. Não aparentava que iria chover. Pelo menos não nas próximas horas.

-Acho que o que está me deixando nervosa é o fato de que o público vai estar lá- Falo de repente, ainda observando a vista pela janela do carro.

-Eu estarei exatamente do seu lado. Se você se sentir insegura ou qualquer coisa do gênero, olhe nos meus olhos. E se você sentir que não irá aguentar, pegue em minha mão.- Sua voz sai clara. Volto o meu olhar para ela, umedecendo os meus lábios que insistiam em ficar secos.

-Em público?- Falo cautelosamente, encarando-a.

-Cameron, se sentir necessidade, apenas faça. Isso é tudo.- Ela fala, de uma forma séria.
De uns dias para cá, eu tenho sentido ela meio distante. Mas toda vez que eu insistia em perguntar algo, ela se limitava a dizer que não era nada, apenas o cansaço. O que é bem compreensível, pois a nossa rotina ficou muito mais agitada nesse meio tempo.

Como resposta eu apenas balanço a minha cabeça, sentindo um clima estranho tomar posse ali dentro do carro.

Eu acho que nem me dei conta de quando o carro parou, indicando que já havia chegado no local, pois foi preciso o motorista falar comigo para me tirar do meu devaneio.

Sentindo todo o meu corpo ficar tenso eu saio do carro, mordendo o interior de minhas bochechas.

olho para Angelina, que está indicando com a cabeça para entrarmos. O público chegará mais tarde, pois os atores precisam fazer -ou retocar- a maquiagem.

Após entrar no local, uma mulher relativamente alta me conduziu até o camarim. O mesmo aconteceu com a Angelina, exceto pelo fato de que no caso dela não foi uma mulher, e sim um homem, cujo o cabelo estava banhado em gel, jogado totalmente para trás. Parecia mais um garçom.

Um caso com Angelina Jolie.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora