CONTO XII

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Lá estava eu, correndo feito louca pelos corredores vazios do prédio, com meus saltos fazendo "poc, poc, poc" anunciando minha chegada.
"Respire normalmente" ele fareja o cheiro do medo de longe.
Parada em frente a porta da sala de reuniões, tentei normalizar minha respiração e com sorriso amarelo, dei duas batidas na porta e adentrei.
Lá estava ele, esperando.
A sala era bem iluminada e imensa, ficava no décimo andar e uma das paredes era coberta por janelas que iam do chão ao teto, oferecendo uma visão espetacular do cais do porto e do Guaíba. O anoitecer trazia um tom alaranjado no céu lá fora.
No centro da sala havia uma enorme e pesada mesa de mármore escuro e, na ponta mais distante, lá estava ele sentado, olhando em minha direção, com o casaco do terno pendurado no encosto da cadeira, a gravata frouxa e com as mangas da camisa enroladas até os cotovelos, e com o queixo apoiado nas pontas dos dedos, e seu cabelo todo bagunçado. Seus olhos pareciam querer penetrar e queimar os meus, mas de sua boca, não saia nada.
- Peço desculpas, se lhe fiz esperar - disse rápido demais- A impressão levou... - parei, nada que eu falasse ajudaria, não importava o que eu dissesse, a culpa sempre seria minha, por não estar com tudo pronto antes dele solicitar. Ergui o queixo e caminhei até onde ele estava, com passos firmes para demonstrar uma falsa segurança.
Desviando o olhar fui arrumando as planilhas com os gráficos do plano de ação por trimestre mais pro centro da mesa, e a cópia encadernada de toda a apresentação deixei diante dele.
- Posso começar?
Ele apenas assentiu, enquanto observava minha postura, que eu tentava demonstrar um pouco de coragem falhava, quando eu o encarava, o filha da puta mexia comigo.
Eu sempre tinha que me policiar em como me portar na frente dele.
Ainda em silêncio fez um gesto em direção às planilhas, pedindo que eu continuasse.
Limpei a garganta e iniciei minha fala sobre índices operacionais, com a linha do tempo dos parâmetros exigidos em diferentes escalas, com a análise dos ganhos diários e semanais. Ele continuou em silêncio, olhando fixamente para sua cópia, como se estivesse petrificado. Lidar com seu mau humor, tudo bem eu sabia, mas aquele silêncio ensurdecedor, já estava me incomodando.
Inclinada sobre a mesa, explicando um grupo de gráficos.
- O plano de ação que criamos para a redução da contingênc... - parei, com um sobressalto ao sentir sua mão pressionando gentilmente a curva de minha coluna e então começou a descer até parar na curva da minha bunda. Trabalhávamos juntos a alguns meses e ele nunca havia me tocado intencionalmente. E muito menos conversado mais que o essencial referente ao trabalho.
E definitivamente, agora, foi intencional, eu pude sentir o calor vibrando de sua mão queimando através do tecido da saia. Todos os músculos do meu corpo estavam tensos, e meu ventre virará água. Que porra era essa? Meu cérebro gritava para eu tirar aquela mão dali, ou simplesmente sair correndo e exigir que nunca mais tocasse meu corpo. Mas meu corpo me traía.
Meus mamilos endureceram no mesmo instante que meu coração martelava tão forte no peito, fazendo eu cerrar os dentes evitando emitir qualquer tipo de som, o silêncio permanecia a ser interrompido apenas por nossa respiração pesada, o tempo pareceu estagnar, e quando a mão dele se moveu para minha coxa e começou a acariciar, minha pele se eriçou e nossas respirações e o barulho abafado da cidade lá embaixo, eram os únicos sons que pairavam no ar da sala de Reuniões.
- Vire-se, srta. - sua voz rouca e calma quebrou o silêncio e eu endireitei minhas costas, com os olhos fixos no nada à frente. Vagarosamente, eu me virei, enquanto ele passava a mão pelo meu corpo. Eu podia sentir a maneira como ele esticou a mão, tocando com a ponta dos dedos toda a extensão das minhas costas até pressionar seu polegar contra a pele macia do meu quadril. Abaixei a cabeça para encontrar seus olhos, que já me observavam atentamente cada reação inesperada do meu corpo ao seu toque.
Podia ver seu peito subindo e descendo, a cada respiração mais profunda do que a última. Um músculo tremeu em seu queixo quadrado quando seu polegar começou a se mover, acariciando lentamente de um lado para outro, com os olhos ainda grudados nos meus, como que se aguardasse que eu o interrompesse. E realmente eu poderia simplesmente ir embora, mas havia algo dentro de mim que eu precisava digerir antes de poder reagir. Nunca tinha me sentido assim ao toque de alguém e nunca imaginara que um dia me sentiria dessa maneira com ele. Eu queria lhe dar um tapa no rosto, e depois puxá-lo pela gola da camisa e lamber ou arranhar seu pescoço.
- No que está pensando? - ele sussurrou, com os olhos em chamas.
- Estou tentando descobrir.
Nossos olhares não desgrudaram quando deslizou sua mão mais para baixo. Seus dedos percorreram minha coxa até a barra da saia, e então começou a subir a ponta do dedo, tracejando a alça da minha cinta-liga, esbarrando na renda que sustentava a meia. Um longo dedo deslizou por baixo do tecido fino e o puxou levemente para baixo. Eu soltei um suspiro entrecortado, era como se estivesse derretendo por dentro. Meu corpo me traia descaradamente. Um desejo angustiante se concentrava entre as minhas pernas. Quando alcançou o topo da minha calcinha e deslizou os dedos debaixo do fino tecido. Pude sentir sua carícia contra minha pele e o resvalar em meu clitóris antes dele enfiar o dedo lá dentro, bem fundo, fazendo então eu morder os lábios, tentando abafar meu gemido. Quando olhei para baixo, gotas de suor estavam se formando em suas sobrancelhas.
- Merda - ele grunhiu silenciosamente. - Tu estás tão molhada - de olhos fechados parecia lutar a mesma batalha interna que eu enfrentava.
Sem abrir os olhos, ele tirou o dedo e agarrou a renda fina da minha calcinha. Ele tremia quando me olhou com uma expressão furiosa. Com um movimento rápido, rasgou a maldita calcinha, e o som do tecido sendo partido ecoou pelo silêncio da sala vazia.
Ele puxou minhas coxas com força, colocando meu corpo em cima da mesa fria e abrindo minhas pernas na sua frente. Soltei um gemido involuntário quando os dedos dele voltaram, escorregando por entre minhas pernas e me penetrando novamente. Eu desprezava aquele homem com todas as minhas forças, mas meu corpo dizia ao contrário, eu desejava que ele continuasse, e me detestava por isso.
Seu toque não era gentil e amoroso, ali estava um homem habituado a conseguir exatamente tudo que quer, e acontece que, naquele momento, o que ele queria estava nítido pra mim.
Minha cabeça pendeu para o lado quando me apoiei nos cotovelos, sentindo a antecipação de orgasmo.
Para meu completo horror, soltei um sussurro implorando:
- Por favor.
Ele parou de mexer, puxou os dedos de volta e manteve o punho fechado na frente do rosto. Eu me sentei, agarrando sua gravata de seda e puxando sua boca com força contra a minha. Seus lábios eram tão perfeitos quanto pareciam, firmes e suaves. Eu nunca tinha sido beijada por alguém que claramente conhecia cada ângulo e movimento provocante capaz de me deixar ainda mais molhada, louca esperando por ele.
Mordi seu lábio inferior enquanto minhas mãos rapidamente baixavam até o cós de sua calça, onde abri a fivela e tirei o cinto por inteiro.
- É melhor você estar pronto para terminar o que começou.
Ele soltou um grunhido raivoso do fundo da garganta e tomou minha blusa com as mãos, rasgando-a até arrebentar os botões que se espalharam pela mesa. Rasgou também o sutiã de renda preta, deslizando suas mãos pelas minhas costelas, acariciando meus seios e apertando com os polegares meus mamilos endurecidos, com seu olhar sombrio fixado na minha expressão durante todo o tempo. Suas mãos eram grandes e ásperas que quase machucavam, mas, em vez de reclamar ou me afastar, eu pressionei o corpo contra suas palmas, querendo ainda mais, e mais forte.
Ele rosnou e apertou ainda mais com os dedos. Passou pela minha mente que eu poderia ficar toda machucada e, por um instante de insensatez, eu desejei que ficasse. Eu queria uma lembrança dessa sensação, deste momento de estar completamente certa do que meu corpo queria, inteiramente liberta..
Ele se inclinou o bastante para morder meu ombro e então sussurrou:
- Tu é uma putinha que gosta de provocar, não é?
Sem conseguir me aproximar mais, eu me apressei com seu zíper, tirando e jogando suas calças e cueca no chão, eu apertei tão forte seu pau, que pude sentir o pulsar em minha mão.
A maneira como ele sussurrou meu nome naquele momento deveria me despertar daquele momento, mas eu apenas queria ele dentro de mim. Ele forçou minha saia acima das coxas e me empurrou para trás sobre a mesa onde estavam as planilhas. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele segurou meus calcanhares, agarrou seu pau e deu um passo para frente, penetrando fundo dentro de mim. Eu nem pude ficar horrorizada pelo gemido alto que soltei - aquilo era melhor do que qualquer coisa.
- O que foi? - ele sussurrou entre os dentes cerrados enquanto seus quadris batiam contra minhas coxas, colocando-o fundo e mais fundo. - Nunca foi fodida dessa maneira antes, não é? Você não ficaria provocando tanto se estivesse sendo fodida direito.
Quem ele pensava que era? E por que diabos o fato de ele estar certo me excitava tanto? Eu nunca tinha trepado em nenhum outro lugar além da cama, e nunca tinha me sentido daquela maneira.
- Já tive melhores - provoquei.
Ele riu, uma risada quieta e debochada.
- Olhe para mim.
- Não.
Ele tirou bem quando eu estava prestes a gozar. Por um instante, achei que iria me deixar ali daquele jeito, mas então ele agarrou meus braços e me puxou para fora da mesa, pressionando lábios e língua contra minha boca.
- Olhe para mim - repetiu. E, finalmente, como ele já não estava mais dentro de mim, eu consegui olhar em seus olhos, ele piscou uma vez, vagarosamente, com os longos e escuros cílios fechando e abrindo, e então disse: - Peça para eu te fazer gozar.
Seu tom de voz era firme, mas suas palavras eram iguais a ele: todas distorcidas. Eu queria sim que ele me fode-se até eu gozar, não só uma, mas várias vezes. Mas ele estava sonhando em achar que eu lhe pediria.
Baixei a voz e olhei em seus olhos.
- Tu é um baita filho da puta!
O sorriso dele mostrou que, seja lá o que ele queria de mim, conseguiu. Eu quis dar uma joelhada no meio das suas pernas, mas, se fizesse isso, não teria mais daquilo que eu realmente desejava.
- Peça por favor.
- Por favor? vá se foder.
A próxima coisa que senti foi o frio da janela contra meu peito, e gemi por causa do contraste de temperatura entre o vidro e a pele. Eu estava ardendo, cada parte de mim queria sentir o toque rude dele.
- Pelo menos tu é consistente - ele disse em meu ouvido antes de morder meu ombro. Então, chutou meus pés.
- Abra as pernas.
Separei as pernas e, sem hesitação, ele puxou meus quadris para trás e se aproximou mais, antes de enfiar tudo dentro de mim novamente.
- Você gosta do frio?
- Sim.
- Uma puta que gosta de se exibir, não é? - ele murmurou, tomando minha orelha com os dentes - Tu adora saber que todo o Centro de Porto Alegre pode olhar para cima e assistir tu sendo fodida, e deves estar adorando cada minuto disso com teus peitos prensados contra o vidro e esse rostinho suado.
- Para de falar, está estragando o clima - menti. Sua voz grave estava me levando à loucura, mas eu tinha que desafiar.
Ele apenas riu no meu ouvido, provavelmente percebendo como eu me arrepiava com ele falando tão próximo.
- Tu quer que eles assistam a senhorita gozar?
Eu gemi em resposta, incapaz de formar palavras com cada estocada me pressionando cada vez mais contra a janela.
- Diga. Que queres gozar. Responda ou farei tu me chupar - ele disse, penetrando ainda mais fundo com cada estocada.
A parte de mim que o odiava estava se dissolvendo como açúcar na língua, e a parte que o desejava estava crescendo, fogosa e exigente.
- Apenas diga - ele se inclinou para frente, chupou minha orelha e depois mordeu com força. - E eu prometo que vou fazer tu gozar.
- Por favor - eu disse, fechando os olhos para apagar todo o resto e apenas senti- lo. - Por favor. Sim, eu quero. Ele esticou o braço e moveu as pontas dos dedos por cima do meu clitóris, na pressão e no ritmo perfeito. Eu podia sentir seu sorriso pressionado contra minha nuca e, quando ele abriu a boca e mordeu minha pele, um calor se espalhou por minhas costas, ao redor dos quadris e entre as pernas, me jogando de volta contra ele. Minhas mãos bateram no vidro e meu corpo inteiro tremeu com o orgasmo que se espalhou em mim, me deixando sem ar. Quando finalmente acabou, ele saiu de dentro e me virou, mergulhando a cabeça para chupar meu pescoço, meu queixo e meus lábios.
- Diga obrigado - ele sussurrou.
Afundei minhas mãos em seu cabelo e puxei com força, esperando tirar alguma reação dele, querendo saber se ainda estava consciente ou se tinha perdido a cabeça. O que é que nós estamos fazendo?
Ele grunhiu, inclinando-se em minhas mãos e beijando meu pescoço de cima a baixo enquanto pressionava a ereção em minha barriga.
- Agora é a tua vez de terminar o que começou.
Soltei uma mão, alcancei seu pau e comecei a mexer. Ele era pesado, grosso e longo, e perfeito em minha mão que mal fechava. Eu queria dizer isso, mas nem em mil anos eu o deixaria saber o quão incrível ele era. Em vez disso, eu me afastei de seus lábios e lancei- lhe um olhar provocante.
- Vou fazer tu gozar tão forte que vai até se esquecer que é o maior filho da puta. - grunhi, abaixando pelo vidro. Lentamente, coloquei seu pau inteiro na minha boca, sentindo meu gosto e seu gosto misturados indo de encontro a minha garganta. Ele apertou os músculos e soltou um gemido profundo. Olhei para cima: ele estava com a testa e as palmas pressionadas contra o vidro, os olhos fechados com força. Ele estava absorto, mas não estava vulnerável. Ele era um baita de um filho da puta e eu estava ali, de joelhos na frente dele. Isso não poderia ficar assim.
Então, em vez de dar o que ele queria, eu me levantei, arrumei minha saia de volta no lugar e o encarei. Foi mais fácil dessa vez, sem as mãos dele me tocando e me fazendo sentir coisas que não eram assunto dele. Os segundos passaram sem que nenhum dos dois desviasse o olhar.
- Que merda tu acha que estás fazendo? - ele disse. - Ajoelhe-se e abra essa boca, e termine o que começou.
- Sem chance.
Ajeitei minha blusa e saí da sala, enquanto ele ficará apenas me ver partir, rezando que minhas pernas trêmulas não me traíssem, e nem minha coragem sumisse, o deixando com as calças arriadas na sala de reunião da empresa, de saco roxo, cheio de tesão, e com os botões espalhados pelo chão da sala.

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