apenas uma vez

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— VAI, VAI! ANDA.
— ah, mas o que é isso?
— fica quieta Marina! Não tá vendo que eu estou em live?
— e você não tá vendo que eu tô dormindo?
— tanto faz.
Eu respiro fundo e guardo todos os xingamentos que eu "cuspiria" para ele.
E então os meus pais aparecem na porta com um sorriso de orelha a orelha.
— parabéns pra você! Parabéns pra você!
E cantarolam a música por uns 2 minutos com um bolo lindo em suas mãos.
E então vejo o meu irmão despertando assustado da sua cadeira, provável que ele tenha esquecido.
Os meus pais estendem o bolo para eu assoprar as velas, ótimo.
Não preciso demais nada! Isso já é mais do que o suficiente, a minha família aqui comigo.
— Obrigada eu amo vocês.
E então a minha mãe segura a minha mão emocionada.
— mãe! não precisa chorar!
— eu queria poder te dar muito mais.
— isso já é o suficiente.
— não, filha! A gente só faz 18 anos uma vez na vida, precisa de festa.
— não precisa. Dá mesma forma que fazemos tantos outros aniversários uma vez na vida.
E então o meu pai me olha sério e responde.
— é diferente!
— ah, tá! Chega disso. Eu estou bem só com o bolo.
O meu pai balança a sua cabeça em sinal de reprovação e eu finjo não ter visto e mudo de assunto.
— e então Lucas.. O que você tem pra mim?
— o meu presente pra você tá vindo.
— hummm... e o que é?
— não é " o que" e sim, " quem".
— ham?
— É o Vitor.
Os meus pais e ele começam a gargalhar.
— Que piadinha mais sem graça! Você já foi melhor.

Eu tenho uma quedinha pelo Vitor, melhor amigo do meu irmão, desde que me entendo por gente. Mas acho que eu consigo disfarçar bem, só que as piadas da minha família já revelaram tudo. Ou seja, o Vitor sabe que eu gosto dele mas finge que não. Olha, por mim tudo bem.
Eu acho que não estou pronta pra um relacionamento, afinal.

E então alguém bate na porta e abre a maçaneta. E só pelo jeito de abrir a porta eu já posso saber quem é. Sim, é o Vitor! E ele me olha com aquele sorriso radiante.
— olha a aniversariante aí!
Derrepente fico constrangida e dou um sorriso de leve.
O meu irmão belisca o meu braço e faz aquela cara esquisita que me deixa ainda mais envergonhada e então os meus pais riem.

— Mari, vem! Quero te mostrar uma coisa.
E logo ele fecha a porta.
Eu respiro fundo e me levanto e então minha mãe arruma o meu cabelo e me diz.
— você vai escovar esses dentes antes, né? Não esquece que acabou de acordar..
— mãe!
E com isso, eu saio o mais rápido daquele quarto, não sei o porquê deles fazerem isso. Toda vez que o Vitor interage comigo é essa novela. Eu fico imaginando quando eu namorar de verdade, vai ser isso o tempo todo?
Eu vou para o banheiro e escovo os meus dentes e então decido passar um lip tint pra dar uma vida no meu rosto, após isso.. vejo o Vitor me encarando da sala.
— pra quê tudo isso?
— meu filho, você não viu nada..
Ele balança a cabeça em negativo e  me puxa pelo braço para fora de casa.
— o que é que você quer tanto me mostrar que não pode apenas falar?
— olha.
— não vejo nada de diferente.
— a minha moto ali.
— o que tem? Você tá sempre com ela.
— mas dessa vez é diferente..
— diferente como? Ela parece igual pra mim.
— não é isso! Vou te levar pra dar uma volta.
— É SÉRIO?
ele ri de um jeito fofo e coloca o capacete em mim.
— sério.

O Vitor comprou a moto dele com o dinheiro suado de muito trabalho.
Essa moto era o sonho de consumo dele e por isso ele não deixa ninguém montar ou encostar na "motoca". Nem mesmo o meu irmão! E agora, ele simplesmente vai me levar pra dar uma " volta "?
— isso não faz sentido. Tá brincando?
— vem logo.
Ele sobe na moto e faz um sinal para eu ir. E então eu subo e me seguro fortemente nele, afinal, eu ainda sou muito medrosa.
Ele liga a moto e em um piscar de olhos já estamos em outro lugar, o Vitor ama dirigir essa "coisa" em alta velocidade.
— VAI devagar!
Ele gargalha.
— você não queria dar uma volta?
— mas não assim.

Falamos gritando para conseguirmos nos ouvir, o vento está muito forte.

— você que manda.
E então ele reduz a velocidade e estaciona em uma praça.
E eu desço.
— caramba Vitor!
E então ele tira o meu capacete.
Ele se encosta na moto e fica me observando com um sorriso estranho.
— o que é?
— você tá bonita.

Instantâneamente eu sinto um frio na barriga e sorrio olhando pra baixo. Não quero que ele veja como ele me deixou apenas com uma frase. Mas acho que ele notou porque derrepente ele começa a rir.

— você tá linda.
— já dissesse isso.
— você não me respondeu, então tô falando de novo.
— como que responde um negócio desses?
— um obrigado já serve.
— ah..
Ele ri e pega em minha mão.
— que estranho pensar que agora você já é maior de idade. Eu lembro de você pequena.

Ele já vai começar! Eu instantâneamente reviro os meus olhos.
E com isso, ele ri e bem na minha cara. Ele só pode tá brincando comigo.

— eu quero voltar pra casa.
— mas já? Por que?
— você disse que eu mandava, só obedece.
— uau, okay.

Ele me irrita quando vem com essa conversa, ele nem é tão velho assim. Parece que é só pra me irritar. O Vitor SABE que eu sou apaixonada por ele.

Ele suspira e coloca o capacete de volta em minha cabeça.
E eu sento na moto esperando por ele.
Faço um gesto mostrando um relógio imaginário no pulso, pra ele perceber que o tempo está passando e ele ainda não subiu na moto.
E logo ele suspira.
— pra quê a pressa?
— tenho muitas coisas a fazer.
—huum.
E com isso, ele sobe na moto e eu me agarro nele novamente, tenho muito medo da velocidade que ele dirige esse "troço".
— vai devagar, tá?
— pode deixar.
Ele gira a chave e a moto ronca como nunca havia roncado antes e o Vitor vai para a minha casa como o flash, estou até desnorteada.
Eu desço rapidamente da garupa.
E tiro o capacete.
— você só pode estar maluco.
— que foi?
Eu bufo e cruzo os braços, percebendo o estado que me deixou ele desce da sua preciosa moto.
— não gostou?
— eu falei pra você ir devagar.
— eu só sei pilotar assim.
— então você precisa tirar de novo essa sua carteira.
— você só reclama.

Eu olho seriamente pra ele e viro as costas indo pra casa, e então ele segura o meu braço.

— desculpa Mari.
Eu me viro pra ele e sou surpreendida com um abraço.
E eu retribuo. Eu amo o abraço do Vitor.
Infelizmente dura pouco e ele me solta.

— eu confesso que fiquei bravo porque você quis ir embora.
— ah..
Eu desvio o olhar.
— é que... eu tinha planejado uma coisa.
— o que?
— da gente sair.
— sair pra onde?
Ele suspira e olha para baixo.
— um encontro Marina. Eu sei que você gosta de mim.. eu só tava tomando coragem.

O VITOR TÁ SE DECLARANDO PRA MIM, O QUE EU FAÇO AGORA?

— legal.
Eu desvio o olhar novamente.
Ele gargalha muito, deve ter sido engraçado.
— legal? Vai pra casa vai! Depois eu te mando mensagem.
Eu concordo com a cabeça e dou um beijo na bochecha dele.
Que o deixa sem jeito.
Quando ele vai dizer alguma coisa eu corro pra casa.
E logo quando abro a porta vejo os meus pais e o meu irmão me olhando.
E fazem aquele som irritante de novo.
—huuuuum
— ah não!
Eu corro para o meu quarto e tranco a porta.
E pego o meu diário.

...

Notas da autora:
Oi amores! Gostaram do 1° capítulo? Ele está um pouco longo mas escrevi com muito carinho.
Peço que avaliem se for possível.
Que Jesus esteja com vocês.

O meu diário secreto para Deus- ROMANCE CRISTÃO Where stories live. Discover now