002. Presente de estranho

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— E qual era ?

— Eu não posso te dizer. — ele engoliu o seco — É dever dela te reclamar.

— Reclamar ? Porque ela iria me reclamar ? — ele cruzou os braços — O que eu fiz ?

Juan não conseguiu segurar a risada. Com tudo que aconteceu, ele esqueceu que seu filho ainda tinha apenas oito anos de idade. Ele parou de rir e franziu o cenho, ela havia dito que, geralmente, o primeiro ataque acontecia por volta de doze anos. 

— Reclamar é só uma forma de dizer que ela...hum — ele não conseguia colocar em palavras — te assumir como filho para o restante.

— Restante ?

— Sim, os outros como você. — e completou, antes que ele fizesse outra pergunta: — Semideuses. Você é um semideus, Tinho.

Ele piscou os olhos com força, tentando digerir as informações que seu pai havia despejado em cima dele; era mesmo verdade, até porque, seu pai nunca usaria o seu apelido ao menos que fosse algo realmente sério.

— E para onde estamos indo ?

— Acampamento Meio-Sangue. — revelou — Long Island, para ser mais específico. Lá é o único lugar seguro para semideuses.

— E quanto tempo falta ?

— Meu filho, você 'tá perguntando demais. — ele viu quando o filho fez um bico de frustração. Ele olhou para o relógio em seu pulso — Faltam umas onze horas de viagem ainda.

Martín concordou em silêncio. Estava em silêncio, mas não porque seu pai havia dito que estava perguntando demais, estava em silêncio porque ficou ocupado demais discutindo com as vozes de sua cabeça e tentando organizar as informações. Mas aquilo não era seu forte. Ele encostou a cabeça na janela do carro e fechou os olhos após ver uma placa que dizia: "Você está saindo de Kentucky".

 Ele encostou a cabeça na janela do carro e fechou os olhos após ver uma placa que dizia: "Você está saindo de Kentucky"

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— Acorda, Tinho.

A voz do seu pai invadiu os sonhos estranhos que estava tendo, o arrancando daquele pesadelo. Ele abriu os olhos com dificuldade, já havia dormido tanto e ainda sentia como se um ônibus escolar cheio tivesse passado em cima dele. 

— Onde a gente 'tá ? 

— Washington DC — ele começou a situar o filho, enquanto abria a porta do carro para ele —, são dez da manhã. Vamos parar para comer alguma coisa.

Ele não discutiu, sentiu o estômago apertar e roncar de fome.

Os dois entraram em uma lanchonete que ficava na beira da estrada, encontraram uma mesa e pegaram o cardápio. Martín tentou ler, ele se esforçou de verdade, mas o seu TDAH pareceu rir em sua cara, mas ele conseguiu decifrar uma delas, e que era sua favorita: hambúrguer.

A atendente chegou perto da mesa, sorrindo e com um bloquinho de notas e uma caneta em suas mãos.

— O que vai ser hoje, queridos ?

PEARLS AND SHELLS, luke castellanWhere stories live. Discover now