"Nervos a flor da pele"

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- Como foi no trabalho hoje? - Pergunta enquanto pega a colher para começar a comer a sopa de frutos do mar que é sua preferida, desde que eu me entendo por gente.

- Nada bom. - Seguro meu hashi enquanto observo a carne de porco frita no meu prato.

- Por quê? O que aconteceu?

Percebo que o que estou prestes a falar irá parecer um absurdo aos ouvidos da minha mãe, então respiro fundo, tentando pensar em um jeito de contar isso sem que eu pareça um louco.

- A senhora lembra do pai do Jungkook?

- Seus olhos se fixam em mim. - Ele está vivo e voltou a trabalhar na empresa.

Minha mãe fica tão surpresa que acabou derrubando o copo com água a sua frente em cima da mesa.

- C-como isso é possível? - Ela pergunta enquanto tenta parar a água com o guardanapo.

- Nem eu sei explicar. - Fico em silêncio por um instante. Eu deveria contar à minha mãe as ameaças que recebi hoje? Sinto que seu pedido de que eu me juntasse a ela no jantar hoje, tenha sido um jeito de mostrar que está tentando mudar, talvez eu devesse me abrir mais com ela também. - Mãe el-

- Precisamos avisar seu pai de que este homem está vivo. - Ela me interrompe se levantando da cadeira.

- O que? - Questiono abismado. - Que diferença faz meu pai saber disso ou não? Ele está preso, preso por ter me agredido! A senhora acha mesmo que ele vai poder fazer alguma coisa?

- Calma, filho. Eu só achei qu-

Dessa vez sou eu quem me levanto fazendo a cadeira quase cair para trás. - Calma é o caralho! Eu tô cansado disso, em toda oportunidade a senhora faz questão de levar a conversa pro lado do meu pai. - Jogo o guardanapo com força sobre a mesa, e me preparo para sair. - Aproveita seu jantar sozinha, ou se preferir chama meu pai pra fazer companhia. - Talvez mais tarde eu me arrependa do que estou dizendo, mas agora eu quero que tudo vá a merda.

Ela me chama, mas ignoro completamente, e volto para o meu quarto. Dessa vez faço o que pretendia fazer desde que cheguei em casa, tiro toda a minha roupa e vou direto para o chuveiro.

Ao menos quando sinto a água bater contra minha cabeça consigo respirar sem preocupações por um segundo, e é só disso que preciso agora, preciso respirar sem me preocupar com o que vem depois.

[•••]

Antes de sair de casa para o trabalho, minha mãe veio falar comigo, pedi a ela que conversássemos outra hora, eu não estava a fim de outra briga logo pela manhã. Ela entendeu e me deu um abraço rápido sussurrando um pedido de desculpas, confesso que naquele momento eu senti vontade de me desculpar também, porém, continuei calado. Quando eu estava prestes a sair pelo portão Sirius me abordou procurando por carinho, dei o que ele queria e pedi desculpas por não poder brincar com ele, mas prometi que logo logo, iremos visitar o papai Jungkook.

Agora já estou na minha sala de trabalho, ainda não esbarrei com o pai de Jungkook e prefiro que isso continue assim. Eu não suporto ter que olhar na cara dele, seu ar de superioridade me faz revirar os olhos. Preciso dar um jeito de fazer ele ir embora desta empresa o mais rápido possível, mas como? O que eu poderia fazer? A verdade é que me sinto pisando em ovos todas as vezes em que preciso agir como um chefe aqui. Sei que todos à minha volta parecem saber disso e estão à espera de um deslize meu para me chutar para longe.

- Senhor, desculpe entrar assim, eu bati várias vezes na porta, porém o senhor não respondeu fiquei preocupada que pudesse ter acontecido algo e acabei entrando. - É a secretária que fala me fazendo perceber que fiquei tempo demais perdido em meus devaneios.

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