8.

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Sam

Depois de uma noite no mínimo interessante, o caminho de volta foi mais tranquilo do que se esperava. As estações e os vagões já não estavam mais tão lotados quanto a algumas horas atrás. A temperatura já havia caído alguns bons graus, então Sam assistiu David tirar de dentro da mochila que carregava, uma blusa de frio e a vestir em seguida.

— Isso deve ser congelante pra você não? — perguntou Sam quebrando o silêncio que já durava alguns minutos.

— Deixe-me ver — disse David pegando o celular para conferir a temperatura. — Porra! Onze graus é tipo o ápice de frio no inverno em São Paulo. Isso no Rio de Janeiro então é quase como nevar. — respondeu rindo de leve.

Sam riu junto e se aproximou um pouco mais do brasileiro encostando seus ombros. Ele se sentia aquecido por dentro e pensou que talvez pudesse transferir seu calor e aquecer David apenas pelo contato de seus ombros. Porém, imediatamente ele percebeu David retesar ao toque. O brasileiro ficou travado por alguns segundos até que se afastou um pouco, desencostando seus corpos e girando o rosto ao redor do vagão, como se estivesse conferindo se alguém estava os observando. Aquilo foi inesperado para Sam, mas acabou não dando muita atenção para o ocorrido.

Quando seus ouvidos já estavam quase se acostumando com o ruído ensurdecedor do metrô londrino, uma notificação no celular de David o despertou. Rapidamente o moreno tirou o celular do bolso e abriu o aplicativo de mensagens. Sam até que tentou, mas não resistiu ao impulso e deu uma espiadinha na tela de David. Uma mensagem com uma foto anexada. O contato que aparecia na parte superior da tela estava salvo como Juju e um emoji de um trevo de quatro folhas. A foto enviada era de um garoto loiro com a língua pra fora e segurando uma lata do que parecia ser cerveja, e o conteúdo da mensagem logo abaixo dizia:

SEXTOU!!! (um emoji de um bonequinho grávido)

Hã? Aquilo era no mínimo estranho para Sam, a começar pelo emoji. E quem era aquele garoto?

Ele não deveria estar incomodado com isso.

Mas ele estava.

E muito.

E antes que pudesse segurar a língua, sua boca simplesmente deixou a pergunta sair:

— É sério que você combinou de transar com alguém hoje?

Trocando imediatamente o sorriso que estampava seu rosto por uma careta confusa, David disse:

— Quê? Como assim? Dá onde você tirou essa ideia?

— Okay, então você vai negar? — perguntou cerrando os olhos. Sua boca se tornou uma fina linha de pura tensão. Ele não sabia de onde vinha tanto incômodo, mas ele não conseguia evitar, era mais forte que ele.

— Eu não sei do que você está falando!

— Eu consegui ler sua mensagem.

— Com licença! Um pouco de privacidade seria ótimo! — disse David bloqueando a tela do celular no mesmo instante.

— Eu não tinha a intenção de ler. Mas... Mas você abriu a tela bem na minha cara. Quase como se quisesse que eu lesse. — disse Sam revirando os olhos.

David soltou uma risada fraca pelo nariz e balançou a cabeça em negativo como se não acreditasse no absurdo que ouvia.

— É sério que você não vai nem me responder? — perguntou Sam cruzando os braços.

— Responder o quê? Júlio é meu melhor amigo, e me mandou uma foto dele, ponto! — disse quase bufando. — Meu Deus isso é muito ridículo!

— Só estou curioso e tentando entender porque você está se esforçando tanto para mentir sobre algo que está tão evidente. É só falar que um garoto te mandou mensagem querendo transar, tão simples! — disse arqueando as sobrancelhas.

The GuestDonde viven las historias. Descúbrelo ahora