ׁ ׅ ≀Íkosi⭒

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Acordei às nove, com meu corpo pesado e o rosto inchado. Quando olho no espelho, vejo minha aparência terrível, com pálpebras ainda mais inchadas e cabelo bagunçado. Ao me trocar, percebo as consequências de ontem em minhas coxas: hematomas, cortes e arranhões, muitos deles. Passo pomada antes de vestir uma calça larga para evitar mais machucados.

Ainda me sinto cansado e gostaria de continuar dormindo, evitando o compromisso de hoje, mas não consigo. O dia parece lento e sombrio.

Antes de sair, como metade do sanduíche que sobrou do dia anterior que estava na minha mochila e também algumas frutas. Tratei a mim mesmo de forma terrível esta semana, então preciso de energia para me consolar com essas pequenas migalhas.

As horas passam lentamente, tornando a prova ainda mais difícil de responder já que as letras pretas e brancas não conseguem formar palavras coerentes em minha mente. Entrego a prova com algumas respostas breves e saio do local com passos lentos e relutantes em direção a lanchonete.

A rotina de ontem se repete. Jeongin sai antes do almoço e, desta vez, Hyunjin coloca um prato com um panini na minha frente sem dizer uma palavra, apenas faz um leve carinho na minha cabeça antes de se afastar para a caixa registradora. Ele e Felix murmuram enquanto comem, provavelmente percebendo meu humor abatido e tentam sussurrar o máximo possível.

Termino de comer e Hyunjin prepara uma sobremesa para mim, indicando com um olhar autoritário que devo jantar em casa mais tarde. Ele me deixa sair mais cedo, então volto para casa às oito horas.

Enquanto como a sobremesa que Felix preparou e Hyunjin embrulhou, passo horas lendo e tentando afogar meus sentimentos no dever de casa. Tento me distrair das lembranças da bola de papel no canto da sala, focando nas pilhas de leituras pendentes e nas duas últimas redações que preciso entregar no dia seguinte.

Acabo adormecendo às cinco da manhã.

Finalmente é sexta-feira e, quase exausto, me dirijo para a faculdade depois de terminar as duas redações e me preparar para a última a prova.

É uma crise, penso comigo mesmo, enquanto saio do metrô.

Sinto como se estivesse passando por uma uma crise.

Uma crise silenciosa, quase imperceptível: uma breve calmaria antes do caos, uma paz falsa e sufocante. O silêncio em casa, o silêncio ao caminhar, meu próprio silêncio diante do mundo enquanto tento me isolar. O que será o desfecho desta crise? Vai piorar? Não tenho certeza.

Estou com medo.

Respirando fundo, abro a porta da sala de aula e me sento.

O processo é o mesmo: entregar as redações quando o professor interromper as provas e responder ao máximo que eu conseguir. Duas horas intermináveis.

Sou o primeiro a terminar e saio correndo dali.

O fim do meu primeiro semestre não é tão pacífico como eu imaginava, mas agora posso finalmente dormir ou chorar, o que vier primeiro.

A lanchonete volta ao normal: o número usual de clientes, pedidos descafeinados, momentos de tranquilidade e pausas ocasionais.

Hyunjin sai às cinco, mencionando que precisa falar com um fornecedor. Felix chega às seis trazendo nossa comida, me entregando um sanduíche de frutas e creme juntamente com um café. Desta vez não conversamos enquanto comemos. Felix ocasionalmente canta baixinho, mas ambos permanecemos em silêncio, apenas observando as pessoas passarem do lado de fora.

Antes de sair, ele me entrega um saco de papel.

- Para você jantar - ele diz com sua voz suave e cansada, acompanhando o gesto com um sorriso. Eu agradeço e coloco a sacola dentro da minha mochila, tendo cuidado para não amassá-la. Nos despedimos e seguimos caminhos separados.

Escolho o caminho mais longo para casa. O trajeto que geralmente leva meia hora, desta vez leva duas, distraído em não pisar nas linhas do terreno, embora às vezes seja impossível evitar.

Quando finalmente chego em casa, limito-me a tomar um banho e comer a sobremesa que foi destinada ao jantar, que acaba sendo uma fatia de bolo de baunilha acompanhada de um copo de café. Lavo a louça, certificando-me de ter fechado a água quatro vezes e verifico novamente se fechei corretamente as válvulas do gás, repetindo para mim mesmo cinco vezes que o fiz mesmo que não tenha usado o gás. Faço o mesmo com a porta principal, checando quatro vezes para garantir que esteja fechada corretamente.

Meu celular vibra às dez da noite, mas eu ignoro.

Me sinto culpado.

Conversar com Chan naquele momento me deixaria desconfortável, pois teria que fingir que tive um dia normal quando na verdade me sentia desanimado, quebrado e esmagado por todas as minhas emoções.

Com uma careta, coloco meu telefone no modo não perturbe e me deito na cama da minha mãe, sendo a única luz acesa na mesa de cabeceira.

Coloco um documentário na televisão como plano de fundo, mas para ser honesto, as palavras apenas passam por mim sem rumo. Conforme o sono se aproxima, pego os frascos de comprimidos na cômoda e tomo apenas os que a doutora Mei me recomendou, ainda sentindo a lembrança vívida do que fiz ontem. Sinto-me culpado e irresponsável.

Com a ajuda dos medicamentos e do cansaço acumulado, não demoro mais de uma hora para o sono finalmente me vencer.

𝐂𝐎𝐒𝐌!¡𝐂 | chanmin/seungchanWhere stories live. Discover now