ׁ ׅ ≀Dekatéssera⭒

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Ninguém avisa que, em um show, sua alma fica presa ao assento enquanto a banda ou o artista a leva consigo.

Sente seu corpo solto, a respiração curta e a caixa torácica arranhada. Sai dali desfeito, destruído, mas também renovado em algum sentido. Pode passar o dia inteiro chorando devido à chamada depressão pós show, mas o que se sente no momento em que sai dele é mágico.

É uma mistura de sentimentos indescritíveis. Uma sensação de euforia misturada com uma tristeza melancólica. Está transbordando de emoções, às vezes até se sentindo vulnerável e exposto. Mas, ao mesmo tempo, há uma sensação de libertação, de se permitir viver plenamente, de se conectar com algo maior que você mesmo.

Cada pulsação do show fica gravada em você, como se o tempo tivesse parado e você estivesse imerso completamente no presente. É uma experiência intensa, que toca no âmago do seu ser.

O show chega ao fim à meia noite, depois de quase três horas de pura serotonina e dopamina pulsando pelo meu corpo. Ainda não sinto o peso nas pernas, mas sei que pela manhã vou desejar estar na cama o dia inteiro.

Segurando as mãos entrelaçadas, seguimos entre a multidão enquanto Chan nos conduz até o estacionamento e permanecemos parados no trânsito por pelo menos uma hora.

O silêncio dentro do carro, apenas com o som do rádio ao fundo, nos faz perceber que ainda não saímos do transe. Nem Chan nem eu compartilhamos palavras, mas na primeira parada que encontramos, ele estende a mão e pega suavemente a minha, deixando um beijo nos nós dos meus dedos antes de descansa-la no câmbio. É um gesto reconfortante, uma forma silenciosa de dizer que estamos juntos nessa experiência única e que não precisamos de palavras para compartilhar a conexão que temos.

Ao me recostar no banco do carro, sinto uma onda de calor percorrer meu interior. Sem dúvida alguma esta é a melhor noite da minha vida.

Após cerca de uma hora e meia finalmente chegamos à minha casa. Observo meu bairro na escuridão, solto um suspiro cansado e tiro o cinto para abrir a porta.

Assim que saio do carro, Chan já está ao meu lado segurando minha mão. Nossos dedos se entrelaçam enquanto me conduz até a porta. Ele sempre faz isso: me acompanha e não vai embora até que a porta se feche atrás de mim. Considero esse um de seus gesto mais doces quando está comigo.

- Foi o melhor encontro que já tivemos - digo, apoiando-me na porta. Chan traz nossas mãos unidas até seu rosto, dando outro beijo nos nós dos meus dedos enquanto acena com a cabeça.

Meu estômago embrulha.

- Obrigado por concordar em vir comigo, Seungmin.

Consigo sorrir ainda mais. Os cantos dos meus lábios se apertam e meus olhos se semicerram. Chan tem esse hábito de me observar atentamente, estudando cada detalhe do meu rosto com intensidade. Seus olhos fixam-se nos meus por vários segundos e em seguida deslizam pelo meu nariz até repousarem em meus lábios, de forma suave e sem pressa.

- Gosto dos seus cílios - murmura suavemente, mantendo os olhos nos meus lábios.

Eu solto uma risada e o puxo para mais perto.

- Se vai me beijar, não precisa de um elogio tão bobo para fazer isso, sabia? - assim que a última palavra escapa dos meus lábios, ele sorri de lado e solta minha mão, deslizando-a entre a porta e minhas costas e segurando minha cintura enquanto a outra sobe pelo meu pescoço, oferecendo apoio.

Com um suspiro baixo, ele me pressiona contra a porta e seus lábios encontram os meus. Não é um beijo casto como aquele que trocamos enquanto "Yellow" tocava ao fundo, mas também não é um beijo intenso ou exploratório como deveria ter sido. Ele me segura com firmeza, seus dedos pressionando minha cintura enquanto sua mão se enrosca entre os fios do meu cabelo e gentilmente me puxa como se fosse possível estar mais perto. Seus lábios não hesitaram em capturar meu lábio inferior, deixando uma mordida suave.

Um pequeno som escapa da minha garganta e ele aproveita o momento para se esgueirar entre meus lábios, sua língua e a minha travando uma luta molhada, explorando tudo de mim em sua tentativa de vitória.

Minhas mãos caem em seus ombros e trago nossos corpos juntos, do qual ele não põem resistência.

Sinto uma sensação de calor se espalhar pelo meu abdômen, um terremoto no meu peito e meus pulmões implorando por um fôlego que não estou disposto a ceder.

Meu corpo fica mole, meus joelhos tremem e Chan faz questão de não me deixar cair, puxando-me em sua direção como se nossos corpos estivessem conectados por um laço invisível. Me sinto completamente à deriva em sua presença. É um beijo intenso e dominante, onde ele rouba o que deseja de mim e me deixa esvoaçante, atordoado orbitando ao seu redor e pedindo mais, completamente envolvido em seu magnetismo.

Quando chego ao ponto em que sinto que posso viver sem ar, Chan se afasta ligeiramente mas mantém nossos corpos próximos. Apoia a testa na minha e fixa os olhos nos meus lábios que estão vermelhos, mordiscados e brilhantes, com um ar lascivo. Em um gesto carinhoso, ele acaricia em círculos minha bochecha seguido por um beijo suave no meu nariz, como se segundos antes não estivesse me pressionando firmemente contra a porta e roubando cada mililitro de oxigênio do meu ser.

Desviando meu olhar de seus lábios, encontro os olhos de Chan que já estão me buscando, acompanhados por um sorriso bobo.

Meu estômago se contorce em um nó enquanto minha mente ecoa milhares de palavras simultaneamente: você gosta dele, ele está te olhando, meu Deus, eu poderia beijá-lo novamente agora mesmo.

É a primeira vez em anos que todas aquelas vozes ansiosas e em pânico podem ser ouvidas com entusiasmo, unidas em um coro harmonioso em algum canto da minha mente.

Tenho uma profunda afeição por Bang Chan, com constelações em seus olhos, com uma estranha obsessão pela Astronomia, suas palavras precisas e seus lábios macios e vermelhos. E ainda mais por sua provocação em um beijo que pretendia ser lento e terminou com meus joelhos fracos. É esse Chan, com um amor incondicional por músicas e bandas que moldam o mundo, que me faz sentir um tolo pensando em nós o tempo todo.

E acho que a melhor parte dessa paixão é que eu gosto tanto de estar ao lado do Chan, que aprecio cada momento compartilhado com ele.

Admiro essa versão autêntica de mim mesmo, onde não finjo ser ninguém além do Seungmin com todas as suas milhões inseguranças. Não sinto a necessidade de surpreendê-lo ou esconder o pior de mim, porque ele reconhece isso e, aparentemente, tal feito não muda seu afeto por mim.

- Eu gosto de você - sussurro contra sua boca, sincero e cru, minha respiração em suspenso.

- Sério? - pergunta com um leve tom sarcástico, rindo e apertando os braços ao meu redor.

- Estou completamente caidinho por você, Bang Chan.

Sua risada travessa e brincalhona se transforma em uma expressão de surpresa, as palavras ecoando no ar e atingindo-o de forma inesperada.

O puxo delicadamente para perto do meu rosto novamente, observando atentamente sua reação.

Eu fecho os olhos, observando um emaranhado de luzes piscantes por trás das minhas pálpebras. É então que Chan toma a iniciativa e fecha a distância entre nós.

Nossos lábios se encontram em um beijo sereno e tranquilo desta vez, repleto de pausas sutis e ausente de qualquer desespero.

- Eu gosto de você e um pouco mais, Seungmin.

E talvez eu tenha imaginado através da neblina que nos envolve, mas algo dentro de mim confirma que ele realmente sussurrou aquilo sobre meus lábios.

Sinceramente espero que eu passe o resto da noite encurralado contra a porta, mas essa é uma história que apenas eu e Chan saberemos.

𝐂𝐎𝐒𝐌!¡𝐂 | chanmin/seungchanOnde histórias criam vida. Descubra agora