PERSEGUIÇÃO

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Agradeço imensamente pela paciência e carinho de vocês!

Espero não ter mais contratempos!

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Lyontus

Quando decidi partir e deixar tudo para trás, estava ciente de que isso incluía minha própria vida. Nada do que eu fizera na Terra fora bom o bastante para fazer Lúcia entender que eu era um macho em processo de vinculação. Talvez tenha faltado as palavras certas para fazê-la entender, uma vez que somos de culturas diferentes. Acreditei que se conseguisse acasalar com ela, seria aceito, então me dediquei a quebrar o vínculo que me unia à minha espécie, ciclo após ciclo, mesmo sofrendo as dores da relutância em acasalar para sobreviver. 

No final, ainda passei pela humilhação de imitar o macho que acasalara com ela antes, com a esperança de ser aceito e só piorei as coisas. Como ela mesma disse, não sou bom o bastante. Confesso que suas palavras me machucaram de uma forma que não julguei ser possível. Sentimentos como esse não fazem parte de nossas interações e me vi perdido quando passei a senti-los; a pior parte é não entendê-los completamente. A sensação que sinto pela rejeição é como se minha alma estivesse sendo fragmentada e arrancada de mim, parte por parte, na mais cruel das torturas. Não é à toa que não passo de um macho decrépito e caminho à passos largos de dar meu último suspiro, até porque toda solução que minha irmã me apresentou até agora tem sido prontamente rejeitada. Sequer tenho me esforçado para sobreviver.

Caelestis tem lutado contra minha relutância, mandando fêmeas ao meu recinto ciclo após ciclo. Se no início fui benevolente, apenas pedindo que se retirassem, hoje as tenho ameaçado para que não se atrevam a se aproximar ou olhar para mim. Sei que não há justiça nessas ações, mas só quero definhar em paz. Reconheço o quanto isso é insano da minha parte, afinal sou o ancião supremo de uma civilização e cá estou pronto para morrer por ter sido rejeitado por uma humana, a humana mais perfeita em quem já pus os olhos.

A questão é que em nenhuma linha de pensamento que perpassou minha cabeça, até aqui, consigo me ver sem ela ao meu lado. Isso sequer deveria fazer sentido para um macho cujo vínculo é com o povo, como a unidade que são, com os pares de sua espécie, no entanto resolvi abraçar minha nova realidade e nela só há uma fêmea: Lúcia. Isso com certeza me põe no rol dos machos mais estúpidos da galáxia, mas que seja. Sei também que não poderei tê-la, porém desejo que tenha a felicidade que jamais conhecerei.

Ter me aproximado da humanidade foi um erro do ponto de vista da minha pobre irmã e sei que por trás do seu ar frio, ela tem se sentido culpada e se preocupa comigo, por isso resolveu encerrar nossas incursões na Terra e estamos prontos para partir. Ela acha que não percebi que mantém a esperança de me salvar. Sequer a culpo por algo; eu realmente apreciei aprender e me aproximar dos sentimentos humanos. Por breves momentos me senti vivo como nunca havia feito em toda minha vida. Acabei percebendo que estava apenas existindo. Ter Lúcia apenas uma vez em meus braços faz minha vida e morte valerem a pena.

Antes de partir dei falta do meu comunicador; na pressa de subir o deixei para trás.  Não nego que me senti tentado a descer e rever minha “nêmesis” pela última vez, porém me contive. Não seria adequado, muito menos bom, nem para mim ou para ela. Estranhamente, assim que Caelestis desceu para buscá-lo, comecei a me sentir perturbado. Meu coração passou a bater num ritmo, até então, desconhecido. A sensação era de aflição.

A VERDADE ESTÁ LÁ FORA Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt