LIBERDADE?

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O modo vidrado como Sam está me olhando diz muito sobre como essa situação vai se desenrolar se eu não puder contornar.

— Deve ser uma uma boa hora para eu vir aqui me humilhar! — fala com uma mistura de indignação e tristeza — Desde aquele dia que seu “marido” atendeu que tenho estado preocupado com você,  mas, pelo visto, não passo de um idiota apaixonado por uma mulher cruel. Você parece ótima, inclusive! O juiz deixou de ser gay ou era só uma mentira sua para enganar nós dois?! Pelo que vejo, você está bem nua sob o roupão dele. — desdenha e tinha que ser assim tão observador?

— Escuta… não é uma boa hora para conversarmos! Volte para sua casa e depois eu te ligo… — tento amenizar a situação e tudo que consigo é um olhar de reprovação.

— Você acha mesmo que vou cair nessa?! — Ele se escora na entrada da porta de forma intimidante — Não vou deixar que me faça de trouxa novamente, se quer realmente conversar tem que ser agora… entendeu, “dona Lúcia”?! Não sairei daqui sem resolver essa questão em definitivo.

Esse gatinho está ultrapassando o limite do tolerável. Não me interessa que seja policial ou o “diabo a quatro” , não aceito ser tratada assim por macho. Já não basta aquele alien me atormentando,  ainda tenho que aguentar desaforo de humano?!

— Lúcia, está tudo bem?!

Eu não acredito nisso! Tem como isso ficar pior?!

— Lyon?! — olho incrédula o moribundo ao pé da escadaria — Não devia ter saído da cama. — falo entre dentes, estressada por estar nessa saia justa — Volte, já estou indo… — praticamente ordeno, então me direcionou ao Sam, que me parece abismado — E você, vá curtir sua cachaça em casa, ok? Não tenho paciência para homem pegando no meu pé sóbrio, pior ainda bêbado…

Sei que minhas palavras são duras, mas não sei do que Lyontus é capaz de fazer, principalmente depois de ter mostrado tanta instabilidade. Não quero ver Samuel machucado; eu gostaria de ser tão cruel quanto me acusa. De toda forma,  não pretendo adiar o inevitável e bato a porta na cara dele, mesmo meu coração aos protestos.

— Eu não já falei pra você voltar pra cama, caramba?! Quer que te arraste até lá?! — brigo, mas minha vontade é de arrastar esse alien pelos cabelos.  Toda essa situação de maus entendidos, de coisas que eu não poderia explicar,  é culpa dele.

— Eu adoraria…

Sério que ouvi isso?!  Acabo revirando os olhos desdenhosos.

Ah se eu pudesse esconder seu cadáver!

Quase rio com esse pensamento macabro. Porém,  que culpa tenho se ele disperta o que há de pior em mim?

— Você traz aquele macho aqui?! — Lyon me encara de um jeito estranho.

— Não! — respondo secamente antes de agarrar sua cintura, apoiar e puxá-lo de volta para o quarto. — Ver se não me dá trabalho! Você tem que ficar bom logo! — digo sem papas na língua e depois de enfiá-lo sob as cobertas, desci para fazer leite quente para ele e aproveitei para encher bem a minha taça com um vinho dos mais fortes da adega.

Enquanto fazia o leite, entornei uma taça. Seria bom ficar bêbada.  Nisso meu celular,  que estava na bancada, começou a vibrar com mensagens chegando uma atrás da outra. Caí na curiosidade de olhar e foi só para passar raiva. Samuel estava descontrolado e me mandando mensagens ofensivas.

Homens!

Num impulso,  joguei o maldito aparelho na parede. Maldição! Eu preciso resolver isso o quanto antes. Talvez devesse considerar falar a verdade para ele. Será que acreditaria em mim?! Não dizem por aí que a verdade nos liberta?! Ai,  ai! Que grande merda!

A VERDADE ESTÁ LÁ FORA Where stories live. Discover now