NOITE CAÓTICA

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Lúcia

Como eu poderia resumir essa noite?!  Fracasso total! Hum, essas palavras se encaixam bem! A noite mal havia começado,  o gatinho da vez já tinha sido escolhido,  mas quem conta que tive oportunidade?! Do nada, Carol começou a passar mal depois de um drink e me vi obrigada a levá-la de volta para casa, de lá fui para a minha.

Antes de subir para meu quarto,  fui até a cozinha beber água e eis que meu "querido marido" está ali.

— Acaso não lhe falei para não procurar outros machos?! — sua voz ressoa sombriamente no ambiente.

— Achou mesmo que ter me deixado virgem de novo me impediria?! — Sim, eles fizeram isso comigo.

É ruim o suficiente ter que perder a virgindade uma vez e terei que fazer novamente.  Algo que não pode ser com o Sam, devido a questões óbvias,  porém teria sido essa noite, se minha amiga não tivesse tido aquela dor de barriga. Como descobri que estava lacrada?! Sou uma mulher que tem seu "consolo" de estimação e nesses dias de seca quis me mimar com esse prazer, mas ao tentar enfiar a coisa lá,  quase caí da cama, de susto e de dor. Minha vontade foi de enfiar a maldita coisa no rabo desse alien bastardo.

Observo-o bater no mármore da ilha mais bruscamente, arrancando um tampo da pedra com a faca, com a qual cortava cenouras.  Tem sido um hábito rotineiro dele estar na cozinha manuseando alimentos, por isso não estranho mais, mesmo sendo altas horas da noite.

— Tenho uma reputação a zelar! — fala no mesmo tom de voz, mas depois de tanto tempo convivendo juntos, consigo distinguir sua flutuação de humor.

— Sim, senhor juiz…— reviro os olhos instantaneamente. É muito clichê esse tipo de disfarce. Por que não uma pessoa comum?! Pegando o trem ou o coletivo todo dia, ninguém o perceberia.  Seria só mais um na multidão. — É melhor eu ir tomar meu banho! — falo tomando meu copo d'água,  afinal foi para isso que vim aqui. — coloco o copo na pia e voltei-me para ele antes de sair — Nosso acordo não nos permite esse tipo de indagação.

Subi cerrando os punhos, imaginando por quanto mais consigo suportar esses inconvenientes sem voar na goela daquele metido. Os únicos dias de sossego que tenho é quando ele sobe e fica algum tempo por lá,  o que está demorando muito dessa vez.

Meu banho foi bem rápido, vesti minha camisola e fui pra cama. O problema é que o sono não veio e para completar,  minha barriga começa a roncar. Desse jeito,  não durmo mesmo. Devo ter broca no estômago,  porque nunca nem vi alguém sentir tanta fome à noite. Reviro-me de um lado para o outro e sem conseguir relaxar, salto para fora das minhas cobertas quentinhas, enfio as pantufas de coelho nos pés e desço para a cozinha. Certamente, aquele idiota já se recolheu. Deduzi.

— Misericórdia! — praticamente gritei ao ver o homem estendido no chão sobre uma poça de líquido cor de aço derretido. A mesma substância estava sobre a bancada e em suas roupas.

Solenemente corri para ajudá-lo, afinal quero que se lasque e não que morra; até porque,  se ele morrer aqui, quem vai se lascar sou eu. Avaliando-o, vi a razão dessa bagunça: há uma profunda laceração em sua palma esquerda,  mas não creio que isso seja motivo suficiente para derrubá-lo. Há algo de muito errado com ele.

— Lyontus?! Acorde…— chamo-o, enquanto estanco aquilo que deve ser seu sangue com um pano limpo.

— Sim? — responde debilmente, mal abrindo os olhos.

— Venha! Te ajudo a levantar…— fiz força igual uma condenada para pôr aquela montanha de pé.  — Vamos lá,  um passo de cada vez…— Impulsiono a caminhada para a frente, levando-o apoiado em meu ombro através da sala e escadaria.

A VERDADE ESTÁ LÁ FORA Where stories live. Discover now