Quando Jude vira as costas, a única coisa que posso garantir é que todos ali já estavam com muitas saudades dele.


                                                     🏴󠁧󠁢󠁥󠁮󠁧󠁿

Jobe nem sequer se deu o trabalho de avisar nossos pais que iríamos a outro lugar depois do aeroporto.

Não que eles se importassem, porque eles não tão nem aí.

- Gostou do lamén? - Jobe me pergunta.

- É bom, não é melhor que eu já comi, mas é bem bom - Falo enquanto sugo o caldo da colher.

- O que quer fazer depois?

- Vai lá pra casa - Eu falo, talvez com segundas intenções.

- Claro - Jobe me olha, seu olhar pode dizer que ele talvez nem saiba o que eu quis dizer, mas ele também parece querer dizer alguma coisa.

Comemos tão devagar que a noção do tempo já havia sido perdida.

Já eram cerca de 18:00 da tarde e ainda estamos em Londres.

- Melhor a gente ir andando - Digo olhando no relógio, Jobe faz o mesmo e se espanta com o horário.

- Vamo antes que algum dos nossos pais ligue.

- Tu sabe que eles não vão ligar né? - Eu falo o fazendo rir, e realmente, nossos pais nunca ligaram muito pra gente nessas questões.

Eles gostavam de sair juntos, isso era inegável, e levar os filhos não era uma opção, então era praticamente uma troca, os filhos ficavam juntos se divertindo por aí fazendo sabe Deus o que e os pais conseguem sair pelo menos pra jantar quietos.

Era a regra. E ninguém queria quebrá-la, era boa pra todo mundo mesmo.

- Paguei a conta, vamos? - Nem percebi que o menino tinha saído da mesa.

- Assombração - Falo e ambos rimos saindo do restaurante.

Lá fora o carro de Jobe é um Jeep Preto grande até demais.

Assim que saímos uma roda de crianças e adolescentes se formaram a nossa volta, todos com o objetivo de tirar uma foto com ele.

- Jobe essa é sua namorada? - Uma das meninas que parece ter a nossa idade pergunta. Provavelmente ela gosta dele.

- É sim - Ele fala me olhando - Ela é bonita demais né?

- Eu sou bem mais bonita que ela, termina com ela pra ficar comigo? - A menina pergunta fazendo nós dois arregalarmos os olhos e rirmos.

- Vou pensar no seu caso - Ele diz, e a garota sorri jogando o cabelo pra trás.

Depois de tirar fotos com a maioria das crianças ali e assinar um monte de cadernos e camisetas, finalmente Jobe abre a porta pra eu poder entrar no carro.

- Obrigada pretinho - Digo a ele.

- Pretinho - Ele diz com sotaque carregado.

Só posso dar risada dele.

- Que tal uma música?

- Boa ideia meu amor, coloca uma brasileira, assim eu pego o português mais rápido.

- Ok, acho que vou de Filipe Ret, você vai gostar - Digo pra ele, já que o gênero preferido do mesmo é trap.

- Uau, maneiro - Ele fala escutando somente a batida de "Konteiner".

- Ando sempre certo pela contramão - Canto fazendo um sinal de arma pra ele que se assusta.

- Tem que fazer a arma pra poder cantar?

- Sim, é tipo regra - Ele ri.

O restante do caminho foi divertido, a expressão de tristeza havia se esvaído do rosto do meu pretinho, que já parecia bem melhor fisicamente.

- Welcome Home! (Bem vindo ao lar) - Digo saindo do carro rápido depois de Jobe ter estacionado e já abrindo a porta de casa.

- Então, quer assistir um filme ou o que? - Ele fala, está nervoso.

- Olha Jobe, eu sei que eu disse na carta que não queria saber de nada, mas eu não consigo viver com essa dúvida comigo.

- Eu entendo, e quero te contar.

- Então vamos conversar.

Sentamos no sofá, na mesinha de centro pode se encontrar algumas latas de red bull que vamos beber pra poder manter um foco, há também amendoins caso bata uma fome.

- Posso começar? - Ele diz tomando um pouco do energético.

- Pode - Falo, nervosa, como sempre comendo as unhas.

- Quando eu fiz aqueles "amigos" na escola - Ele faz aspas com os dedos na parte dos amigos - Eles começaram a me dizer pra se distanciar de você, eles te chamavam de esquisita ou de sei lá o que e eu só queria ser popular, então aceitei - Jobe diz cada palavra sem conseguir olhar em minha cara.

- Continua.

- Eles diziam muitas coisas de você, principalmente coisas... - Ele faz uma pausa que até me preocupa - Racistas Helo.

- Que? Sério que eles eram tão baixos assim?

- Pois é, eles me recomendaram a ficar com a Amy, e eu simplesmente fui, você sabe o que aconteceu depois.

- Tá, mas eu quero detalhes, e o seu ponto de vista.

- Quando eu comecei a te ignorar cada vez mais, tentando te afastar, você acabou voltando pro Brasil e eu perdi as esperanças de poder acabar com tudo aquilo. Mas depois de um tempo, uns 3 meses assim, aquela sua colega da escola Kiara, me contou que viu a Amy se beijando com Erick na escada.

- Ela te traiu? Que cretina!

- Sim, e com uns do que eu considerava melhor amigo, depois disso Helo, eu entrei em uma depressão que eu só conseguia piorar. Tentei te ligar, mandar mensagem, até pelo Jude, mas nada adiantava, mas eu só conseguia pensar em ter você de volta, deitar no seu colo e poder te abraçar e contar tudo e chorar com você.

- Jobezinho...

- Nem o futebol me divertia mais Heloísa - Jobe estava chorando e eu também não pude me conter.

- Mas agora, eu tenho você aqui comigo, e era a única coisa que eu queria, então sinceramente, me perdoa por tudo Helo, eu senti muita sua falta e eu nunca mais quero sair do seu lado, eu te amo.

- Eu também te amo tanto - A gente se abraça forte, um chorando no ombro do outro.

Agora entendo o lado de Jobe, tudo que ele passou, eu sinto tanto por ele. Esse abraço está dizendo muitas coisas.

A noite ia ser longa com essas histórias e choros, pego uma mãozada de amendoim e bebo do meu energético, só assim pra aguentar.

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E aí meu povo!!

Atualizando por aqui, agora que minha escola acabou finalmente, posso atualizar mais vezes.

Obrigada pelos feedbacks e ideias, continuem por favor.

Votem e comentem, tchau!❤️🏴󠁧󠁢󠁥󠁮󠁧󠁿

Todo esse tempo | Jobe BellinghamKde žijí příběhy. Začni objevovat