ISADORA

Sabe quando sonhamos que estamos caindo? Então era exatamente assim que estava. A única coisa que me lembrava era de estar sendo levada por algo e de ver o céu azul, bem azul, foi então que derrepente eu caí, simples, cai.

Só que eu não estava acordada, foi isso que percebi quando dei um pulo assutada e percebi que havia um senhor ao meu lado, será que ele era algum velho tarado?

_ Quem é você? - Perguntei pronta para sair correndo, mas vi pelo seu traje e pela sua malinha que ele era um médico, então fiquei tranquila.

_ Eu me chamo Otávio e a senhorita? - Perguntou.

_ Isadora. - Respondi me sentando na sofá que nem sabia como havia chegado.

_ Bom Isadora, acredito que você não esteja se lembrando de tudo que aconteceu. - Começou e assenti balançando a cabeça. _ Certo, você passou mal e o seu namorado a ajudou, ele me chamou assim que pode e voltou para jogar.

_ Namorado? a.. não, ele não é meu namorado. - Falei ao perceber que ele se referia a aquele jogador.

_ Entendi, ele me chamou porque estava com medo de ter acontecido alguma coisa de grave com você, e com pesar no coração ele saiu, mas já já ele volta. - Esse aí pode deixar pra lá mesmo.

_ Entendi. - Foi a única coisa que falei ao olhar para os lados e ver que estava sozinha com ele ali naquela sala.

_ Não precisa ficar receosa, estou apenas fazendo o meu trabalho. - Falou e assenti me sentindo uma tonta por ter dado tão na cara que estava querendo sair dali o quanto antes.

_ Peço perdão. Não estou acostumada a ficar com outras pessoas sozinha.

_ Tudo bem querida, mas se não se importa eu queria fazer algumas perguntas, tudo bem para você? - Perguntou e assenti me sentando direito no sofá, enquanto cruzava minhas pernas em posição de Índio.

Ele também se ajeitou na cadeira em que estava, antes de começar com as perguntas.

_ Eu aproveitei que você estava dormindo para medir sua pulsação e ela está bem fraca, tudo indica que você está com falta de hidratação, poderia me dizer a última vez que você se alimentou? - Perguntou anotando algo em uma prancheta, enquanto escrevia com a mão esquerda.

_Foi.. - Nossa faz horas. _ Faz mais de vinte horas, não tive tempo para comer nada. - Falei e talvez eu não devesse ter dito, já que ele arregalou os olhos como se aquilo fosse um crime.

_ A senhorita não pode ficar tanto tempo assim sem comer nada, acredito que foi por isso que você desmaiou, está fraca por não ter comido nada.

_Faz sentido, mas não se preocupe, vou tentar comer alguma coisa ainda hoje. - Não sabia como, mas eu daria um jeito.

_ Nada disso, você tem que comer isso aqui, pelo menos vai te dar forças para aguentar sem desmaiar novamente até chegar em casa. - Em casa? Acho melhor não contar essa parte.

_ O que é isso? - Perguntei ao pegar em minha mão, o saquinho que ele me entregou.

_ É cereal, os atletas comem diariamente, e vai ser bom para você. - Virei o rótulo e era mesmo cereal, nunca havia experimentado, mas como diz minha mãe, sempre tem uma primeira vez para tudo.

Ao rasgar o pacotinho, levei aquela barra a minha boca, mas quando mastiguei senti vontade de vomitar, mas me contive e engoli ela, que desceu rasgando em minha garganta.

_ Nossa senhor, isso é para ajudar ou terminar de me matar? - Perguntei e ele sorriu achando engraçado.

_ Todos dizem isso na primeira vez que comem, mas no final das contas, eles se acostumam com o gosto.

Country on fire - Jude BellinghamWhere stories live. Discover now