Capítulo 27

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Na infância eu gostava de observar as borboletas, tão pequenas e valentes. Elas de uma pequena lagarta, ao adentraram e formarem um pequeno casulo, obtém asas e beleza.

O símbolo do renascimento.

Eu queria ser como elas.

- Anastácia- Alejandro murmurou tocando em meus ombros- Nosso jantar chegou.

Estávamos em um hotel, hotel onde o mesmo estava hospedado. Ele não quis voltar para casa.

"— Lembranças ruins devem ser evitadas- Balbuciou."

Que grande merda estava a minha vida.

Grávida, com um casamento em pedaços.

- Seu prato preferido- Disse- Meu bem...

- Estou sem fome- Cobri a cabeça, como uma infantilidade.

- Não é bom...- Gaguejou- Você quem sabe- Mudou o rumo da conversa.

Eu observei os movimentos pelos reflexos do lençol, colocou a bandeja sobre a mesa e comeu em silêncio, ele me olhava de canto, o semblante pensativo.

Após longos minutos, um banho demorado ele se deitou, longe, afastado.

                .......

- Claro, claro- Murmurou com a voz rouca- Mas creio que possam cumprir os transmites sozinhos, estou resolvendo assuntos familiares.

Com quem diabos ele estava falando?

- Eu não quero, eu não vou resolver esses assuntos agora- Exclamou- Dane-se o dinheiro...

Era sobre a empresa.

- Tenho assuntos mais importantes para resolver- Desligou.

Ele colocou o celular de lado, se sentou sobre os pés da cama, arqueando seu corpo para frente.

Os membros rígidos, tensos.

Coloquei a mão sobre o ventre, todas as informações do dia anterior invadiram meus pensamentos.

Gravidez, brigas, traição...

- Droga- Levantei sentindo o gosto amargo sobre os lábios.

Caminhei em direção ao banheiro, vomitando o suco gástrico sobre o estômago.

- Amor...- Ele segurou meus cabelos- Se sente melhor?

- Estou- Recuei abaixando a tampa do vaso- Só estou enjoada.

- Bem...- Ele Umedeceu os lábios- Creio que seja normal, devido a...

- Devido a que?- Interrompi.

- Você não comeu ontem- Se levantou- Acho melhor irmos ao hospital.

- Estou bem, não é necessário.

- Vou pedir um café, podemos ir para casa, precisa de roupas limpas - Avisou.

- Eu não vou...

- Não quero brigas, não vou fazer isso- Negou.

- Alejandro...

- Não Anastácia- Repreendeu com o olhar- Vamos ir em alguns minutos.

- Desde quando de tornou autoritário?- Perguntei com desdém- Voltou ao velhos hábitos? Vai me bater- Gesticulo- É só o que falta.

- Eu não faria isso- Elevou as mãos, como um sinal de submissão- Eu errei com você, eu me afastei e você foi atrás de mim. Só quero viver em paz Ana, eu quero viver com você, quero a nossa família.

- Você sabe- Fechei meus olhos.

- Acabei pegando sua bolsa- Sussurrou- O teste, eu vi o resultado- Ouvi sua voz chorosa- Não ia me contar, não é?

- Não precisa se preocupar, não com essa criança- O encarei- Luna precisa mais de você do que eu, o bebê dela precisa de um pai.

- Mas que merda- Esmurrou a parede me fazendo sobressaltar- Estou cansado Ana, eu estou fazendo de tudo para darmos certo. Eu me arrependi de tudo o que lhe fiz, eu me penso todos os dias, a cada hora, a cada milésimo de segundo. Eu não deveria ter batido em você, não deveria ter abusado, eu me amaldiçoou por isso- Exclamou.

- E o que adianta esse seu arrependimento?- Me levantei amparada sobre a parede.

- Nada, não importa o que eu faça. Não é?- Ele estava com o rosto banhado em lágrimas- Eu não consigo ficar longe de você, e agora- Ele apontou para o meu ventre.

- Meu bebê- Recuei de maneira ríspida.

- Porque foi atrás de mim?- Soluçou- Poha- Caminhou em direção ao quarto e eu segui seus passos- Vamos ter um filho, eu não quero que ele cresça no meio dessas brigas- Limpou o canto dos olhos- Chega, acabou.

Sabe naquele instante em que o coração paralisa? E como se tudo em sua volta girasse e você não tivesse nenhuma reação.

- Só quero que me deixe acompanhar sua gestação- Pediu- Vou ajudar em tudo o que precisar.

- Não preciso do seu dinheiro- Meus olhos se encheram de lágrimas.

A roupa em que havia vindo no dia anterior, estava dobrada sobre a poltrona.

Me vesti sendo observada pelo mesmo.

- Não precisa acabar assim- Gritou- Só estou tornando tudo mais fácil, você escolheu isso.

- Não escolhi nada- Afirmei- Você sempre decide tudo, escolheu isso a três anos atrás, se lembra?- Suspirei chorosa- No dia da nossa noite de núpcias, eu desejava me entregar a você- Gruni- E você? Depois de se embriagar, e me trair. Me bateu- Gesticulo- Ainda sinto sua cinta tocando no meu corpo, eu te amava.

- Eu me condeno por isso, eu preferiria morrer, e até mesmo tentei- Se sentou sobre o chão- Mas eu não sei o que fazer... Eu não posso mudar o que eu fiz, eu so posso lhe dizer que te amo, eu quero você, quero a nossa família- Apontou para o meu ventre- Nosso bebê- Soluçou- Isso não é saudável para nenhum de nois dois.

- Meu bebê- Murmurei de maneira egoísta- Não precisamos de você- Balbuciei com o coração acelerado.

- Tem razão- Se levantou- Sou eu quem preciso de você, quando sua irmã me mostrou as fotos, de sua traição...

- Você sabe muito bem a verdade- Interrompi.

- Eu sei, errei em não ter conversado. Eu me senti a dor por tê-la tratado mal, machuca-la- Fechou os olhos- Todos os malditos dias durante três anos, eu via seu sofrimento, eu tentei deixá-la- Balançou a cabeça- No nosso primeiro ano de casados, eu me internei em uma clínica, eu queria me afastar, deixar você livre.

"Estava escuro, eu sentia frio, fome.
Não me lembrava aonde estava, que horas eram?

Três da manhã? Quatro talvez?

— Senhor Levy- Um homem de jaleco branco invadiu o quarto.
Continha a testa franzida, cabelos bagunçados, parecia estar tenso- Se lembra do que aconteceu?

— Bem- Senti a garganta seca- Não me lembro.

— O senhor nos procurou a três dias, está no hospital psiquiátrico de Nova York, pediu para se tornar um de nossos internos- Gesticulou- Estamos em tratamento, A eletroconvulsoterapia é uma técnica de neuromodulação que consiste em causar convulsões controladas para ajudar a restabelecer o fluxo de neurotransmissores.

— Que merda- Plaguejei- Estou ficando louco.

— O senhor nos pediu para o fizessemos esquecer, para voltar a ter o controle de sua própria mente..."

- Durante trinta dias eu me coloquei a disposição de médicos, a todos os tipos de tratamento. Eu não queria te machucar, não queria tocar em você- Revelou.

- Por isso não voltou a me bater?- Questionei- Precisou de tudo isso para voltar a ter sanidade?

- Não me condene- Pediu- Fui violento, contive meus atos. E agora só desejo seu perdão- Ele chorava- A escolha é sua... Refaça sua vida, nada do que fizer ou dizer mudará meus sentimentos por você. Eu amo Você Anastácia.

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