Capítulo 6

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Olá, meninas!!
Feliz 2024 para todas!
Depois desse breve descanso, bora continuar bisbilhotando a vida desses dois?

Angelina Muñoz


Deixei Alonzo falando sozinho e segui pelo corredor, minha vida já estava muito complicada para perder tempo com um louco. Com o intuito de tomar posse do que diziam ser meu, procurei e encontrei o que parecia ter sido o aposento destinado a mim. Contudo, à medida que ia abrindo as malas e caixas que estavam no lugar e que tinham meu nome etiquetado nelas, fui tomando consciência do que seria meu futuro e, por mais que eu quisesse permanecer forte e dar uma de durona, logo me vi chorando.

— Tudo bem por aqui? — Eu não precisava olhar para saber de quem era a voz. — Achou o que procurava? Podemos ir?

Sem responder, balancei a cabeça, com o dorso da mão nos meus olhos. De costas para ele, continuei olhando a bagunça espalhada pelo aposento. Não queria que ele testemunhasse minha fraqueza, tudo parecia tão irreal, porém não consegui fingir por muito tempo e logo desabei.

— O que aconteceu comigo, Alonzo? — Com as palmas das mãos em frente ao meu rosto, limpei as lágrimas que tinham fugido do meu controle, por não conseguir mais evitar o desespero da derrota. — Quem eu sou? Quem é meu pai? Estou perdida.

— Vamos para casa, Angelina. — Fingindo não ter escutado, se dirigiu a mim com aspereza. — Tenho mais o que fazer do que estar em um tour por bairros de má fama a essa hora da manhã.

— O quê? — Ele novamente me confundia, pois, no mesmo instante em que parecia carinhoso e preocupado, mudava para frio e irritado. — Bairro bom ou de má fama, mansão ou casebre, esse é o meu lugar, não irei a lugar algum com você e muito menos voltarei para sua casa. Aliás, não sei o que está fazendo aqui.

— Faça o que quiser! — rosnou. — Se decidiu ficar e correr o risco de amanhecer estuprada ou morta, ou quem sabe, as duas coisas nessa mesma ordem, fique.

— Para o inferno, seu idiota! — rebati, sentindo toda minha frustração se transformando em fúria. — Acabo de descobrir que minha vida não passou de uma grande fraude, e você, que é incapaz de sentir o mínimo de empatia, consegue apenas piorar minha desolação. Se não sabe fazer nada além de criticar, dê o fora.

— Faça como preferir — respondeu, ríspido, virando-me as costas para abandonar o lugar. — Eu estou mesmo dando o fora.

— Imbecil! — berrei, histérica, ao perceber que ele iria fazer justamente o que tinha ameaçado, ou seja, me deixar sozinha ali, naquela casa horrorosa, em um bairro que me causava arrepios. Contudo, eu não o deixaria saber do meu pavor e o quanto eu estava assustada, apenas da minha ira. — Saiba que eu não sou uma garotinha indefesa, passei anos sozinha, aprendi a viver na solidão, nunca tive ninguém. Então suma, que eu sei me virar.

Depois da minha explosão, não consegui mais me segurar. Naquele instante, o único sentimento que corria pelas minhas veias era a raiva. Eu estava furiosa com meu pai, com o idiota do Alonzo e até comigo, por ter imaginado que ele seria mais simpático e por isso estaria me auxiliando. Mas percebi que, além de ser uma inútil, eu era também muito burra.

Descontrolada, comecei a descontar minha cólera chutando tudo que estava ao alcance das minhas pernas e pés. Ao ver minha antiga caixinha de música, não pensei, peguei-a e a arremessei com toda força contra ele, acertando precisamente suas costas. Queria que sua imagem desaparecesse da minha frente, já que todo seu poder, frieza e arrogância apenas me faziam ver o quanto eu era patética.

Antes que ele pudesse reagir, joguei um livro, uma agenda velha e continuei descontando nele todas minhas frustrações. Esperei que depois de receber a chuva de objetos se chocando contra seu corpo, sua fúria se voltasse com tudo contra mim e ele acabasse me estrangulando de uma vez, acabando comigo ali mesmo. No entanto, ele não reagiu da forma que eu esperava, e a surpresa paralisou momentaneamente minhas ações.

ALONZO: Trilogia Príncipes do Crime.Where stories live. Discover now