Capítulo 1

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Olá, meninas!!
Então, estão curiosas para saber o que aconteceu depois do encontro entre nossa anjinha e o demônio?
Bora lá, então.

Angelina Muñoz

Dias atuais.

Já estava escurecendo quando ouvi o aviso de que deveria voltar ao assento e me preparar para o pouso. Estava desolada, mas ao mesmo tempo agradecida por ter tido a minha disposição um jato particular para me buscar, meu pai, mesmo doente, teve esse cuidado comigo, ele era realmente o melhor pai do mundo, sempre preocupado, sempre protetor, eu o amava. Triste e não me sentindo preparada para o que me esperava, fechei a cortina, em que tinha passado as últimas horas admirando as nuvens fora do jatinho, e me preparei para deixar a suíte.

Antes de abandonar o aconchegante aposento, tomei uma ducha rápida e, mais uma vez sem fome, voltei a cobrir a bandeja com o almoço intocado. Amarrei meus cabelos em um rabo de cavalo e, ao observar meu reflexo no espelho, encontrei meus olhos marcados por profundas olheiras, primeiro, por ter passado a madrugada e todo o dia sem ter dormido nada, segundo pelo choro que não consegui segurar durante toda a viagem. Se meu pai viesse a falecer, eu estaria completamente só, ele era minha única referência de família.

A viagem apressada trouxe-me direto da escola, na Suíça, para o aeroporto de McCarran, em Vegas, e depois de tantas horas de viagem eu me sentia completamente esgotada, não apenas fisicamente, mas psicologicamente também. Eu já tinha perdido minha mãe, então me apavorava o fato de perder a única pessoa que ainda me restava, meu pai.

Enquanto me preparava, recordei-me das últimas horas antes de chegar a esse ponto. Em um momento eu estava tranquila, esperando apenas o final de semana em que haveria a festa, na qual eu discursaria como a oradora da turma e dessa forma encerraria o ano letivo, antes de partir para a faculdade e o início de uma nova e esperada etapa. No momento seguinte, estava voando para casa a fim de encontrar meu pai prostrado em uma UTI de hospital.

Horas antes.

— Lina!? — Ao ouvir meu apelido sendo chamado na voz da bruxa-mór, como era apelidada pelas alunas a freira diretora da escola onde eu estudava, retirei o fone do ouvido, baixei o livro que estava lendo e fingi estar dormindo, logo depois ouvi a porta sendo aberta. — Posso entrar? Preciso falar com você.

— Claro! — respondi, sentando-me na cama, fingindo bocejar, mas sem conseguir esconder minha ansiedade, afinal o que a dinossaura poderia querer comigo de tão urgente naquele horário? — Aconteceu alguma coisa?

Logo depois de voltar das minhas férias, deparei-me com o fato de que meu pai tinha me trocado de escola. Fiquei sem entender, porém não questionei, apenas segui como se nada tivesse acontecido, eu já estava acostumada a nunca questionar, apenas obedecer, além disso era apenas uma escola. Se na outra eu era considerada esquisita e nunca consegui fazer amizades, nessa eu tinha certeza que seria igual, então eu não ia me preocupar com amizades perdidas, já que não existiam.

O problema, acreditava eu, era por ser considerada por todos os professores a melhor da turma, isso fazia com que as demais alunas me olhassem como se eu fosse uma extraterrestre e me isolavam dos grupos. Sozinha, minha única saída era procurar pela companhia dos livros, estudos, consequentemente minhas notas subiam ainda mais. Então quanto mais elas me afastavam, mais eu estudava, melhores notas eu tinha, mais ignorada eu era, ou seja, era um eterno looping.

Contudo eu já estava tão acostumada que não me incomodava. Eu gostava da solidão, ficar comigo mesma significava paz. Além de que, nessas rodinhas, as conversas giravam sempre sobre garotos que apenas tinham deixado as fraldas. E mais uma vez eu não me encaixava, pois, mesmo com zero experiência com o sexo masculino, nunca me interessei por meninos verdes, minha atenção sempre foi dirigida para homens maduros.

ALONZO: Trilogia Príncipes do Crime.Where stories live. Discover now