Capítulo 01

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Luiza Catarina

É sempre assim. Tudo é sempre assim.

Porque, mãe?

O que eu te fiz?

Essas perguntas não saem da minha cabeça. Tudo tem que ser do jeito dela.

Eu a respeito, mas não quer dizer que eu concorde com tudo que ela me diz.

-Você tem que me respeitar eu sou sua mãe!-Grita enquanto eu faço minha marmita.-Não tá me ouvindo?

-Sim.-Falo debochando.

-Não me responde!-Continua gritando.

-Velha maluca.-Falo baixo apenas para eu ouvir.

-O que vc disse Luiza?-Fala chegando perto de mim

-Nada.-Termino de fazer minha marmita e saio.

A alguns anos estou trabalhando pra sair desse inferno. Não aguento mais tanta humilhação. Tenho 25 anos sinto que já passou da idade de ir embora, porém não é tão simples na prática. Ainda estou juntando dinheiro.

Nesse momento estou me arrumando pra ir trabalhar. Estou trabalhando em um hospital, sou técnica em enfermagem. O salário é relativamente bom, porém não dá pra simplesmente sair da "minha casa".

O pessoal do meu trabalho são até legais. A supervisora Cristina Vieira e a sua melhor amiga Isabela Gonçalves são literalmente as piores pessoas que podem existir.

Pra resumir uma se finge se vítima e a outra é uma trouxa que confia cegamente na cobra que está ao lado.

Eu tenho a minha companheira, minha melhor amiga, Beatriz Martins. Ela é a única pessoa que me escuta e me humilha quando é necessário.

Quando eu estava saindo minha genitora começa a falar.

-Já vai?-Fala me olhando com cara de nojo.

-Sim.-Suspiro.-Sinto falta do meu pai.-Falo baixinho.

-Seu pai está morto!

-Meu pai foi assassinado!- Digo

-Seu pai morreu por que é idiota. Não sabe se cuidar no trabalho.

-Você não tem direito de falar do meu pai!-Digo me tremendo de raiva.

-Falar o que? Que seu pai morreu em um acidente de trabalho por que foi burro?-Fala acendendo o cigarro.

Olho para a cara da mulher que deveria me amar, mas simplesmente me odeia e saio da casa.

-É com o dinheiro do acidente do seu pai que conseguimos comer!

Finjo que não escutei e vou pra parada pegar o ônibus.

Meu pai morreu quando eu tinha 16 anos. Ainda é bem recente. Todos dizem que foi acidente, mas eu não acredito. Eu estou investigando isso a dois anos. Recentemente vi que o dinheiro que a minha "mãe" recebe é bem maior do que ela realmente deveria ganhar. Isso só me fez ter mais certeza de que tem algo que eu não sei.

Fiquei pensando nisso até chegar no hospital. Como sempre é um caos o que me faz esquecer de tudo de ruim que acontece no "meu lar".

Estava atendendo uma criança que prendeu a mão dentro de um copo.

-Tia, o meu braço tá doendo.-Diz o rapazinho travesso.

-A gente vai resolver isso, tenha calma e puxa devagarinho o braço para fora.- Digo de forma calma

-Vai doer, tia?-Ele pergunta apreensivo

-Um pouquinho, mas se vc fizer eu busco um bombom pra vc.-Ele parece empolgado com a proposta.

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