O grande dia - DaMata

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25 de abril de 2021

As repercussões da live estavam cada vez maiores, passando trechos em jornais televisivos que cobravam uma explicação da farmacêutica que até o momento não tinha tomado nenhum pronunciamento. O problema é que mesmo com o aviso, algumas pessoas começaram a protestar em favor da Prósperafarma com argumentos que faziam Cobi revirar os olhos de tanta raiva.

“Ah, mas na hora de quererem forçar vacinas na gente que podem matar, dizendo que vão salvar nossas vidas tudo bem, agora quando é algo que pode realmente mudar nossas vidas fazem esse mimimi todo.”

Eu vou tomar o soro sim, pois melhorarei com minhas próprias mãos o Brasil, garantindo o bem da família tradicional e todos os cristãos.”

“Assim, nada contra quem não quer tomar o soro, como não tenho nada contra gays, mas não acho certo eles tentarem impedir o avanço do país.”

 O jovem rapaz só conseguia lembrar das palavras do seu pai dizendo que a humanidade iria se autodestruir e ele tinha razão. Por mais que existam pessoas querendo fazer a coisa certa, sempre existirão pessoas querendo fazer a coisa errada e infelizmente, essa é uma luta que sempre vai existir até os fins dos tempos.

— Cobi, você tá pronto? A Renata disse que partiremos daqui meia hora.

Pedro aparece comendo um pão de queijo e tomando um achocolatado e Cobi sorri com aquilo e ao mesmo tempo fica triste. Eles eram apenas jovens indo para uma espécie de guerra, sendo que poderiam estar vivendo e desfrutando de suas vidas.

O mineiro puxa o mais novo, bagunçando seus fios de cabelo e o abraçando de lado.

— Só vou terminar de comer esse bolinho aqui e subo, sabe como é: Saco vazio não para em pé.

Pedro dá uma risada e arruma seu cabelo.

— Aproveitando o momento... Quando isso tudo acabar, você pretende fazer o que da vida?

— Ih eu lá vou saber. Talvez pegue a estrada por aí para conhecer mais do mundo, tente descobrir mais sobre quem eu sou, essas coisas. Por que a pergunta?

— Nada não, é que agora sem a minha avó, eu não tenho exatamente para onde voltar, então não faço a mínima do que vou fazer.

Cobi olha para Pedro e sente compaixão pelo menino, pois entendia muito bem como que era se sentir e estar sozinho no mundo, mas a diferença era que Pedro não estava realmente sozinho no mundo e nem mesmo Cobi mais se encontrava assim, Pedro só precisa de um tempo para perceber isso.

— Relaxa ventinho, tenta focar em uma coisa de cada vez, senão vai acabar sobrecarregando essa sua cabecinha de vento.

O rapaz empurra Pedro de leve e ambos dão risada.

— Tudo bem, vou terminar de me arrumar e te encontro daqui a pouco. 

Cobi fica observando Pedro se afastar e termina de tomar seu café com leite e comer seu bolo, coloca sua jaqueta preta e óculos escuro, por fim leva sua mão até o pingente de cervo pendurado em seu pescoço e sobe as escadas para se encontrar com o resto da equipe na lanchonete.

Chegando lá, encontra com Amanda que estava em seu celular, olhando para a tela do aparelho, como se em dúvida do que fazer.

— Tô te atrapalhando, mocinha?

O rapaz fica de frente para a garota, inclinando um pouco a cabeça para baixo para encarar o rosto da mesma.

— Mocinha é o caralho, imitação barata de Crepúsculo. Eu só estou em dúvida se ligo para o meu pai antes de sairmos, já faz um tempo que não ligo para ele.

— Eu acho que deveria ligar sim, ele deve estar preocupado, talvez um “Oi, pai. Te amo e estou bem.” Já seja o suficiente.

Amanda olha para o seu celular e depois encara Cobi que não sabia por qual motivo ela o encarava tanto.

— Olha se quiser me chamar para tomar um açaí depois disso tudo que nem o Iago chamou o Pedro, eu topo.

A garota dá um tapa no peito de Cobi e ele ri com aquilo.

— Seu atirado, eu vou é ligar para o meu pai agora, vaza daqui.

— Isso foi um sim? Você não disse não.

Amanda faz um gesto com a mão enxotando Cobi e ele se afasta. Alguns minutos depois Renata reúne todos na frente da lanchonete e começa a falar.

— Galera, eu ainda não faço a mínima ideia de onde o Dominique esteja, mas em breve entraremos em ação e quero que estejam preparados para o que poderemos encontrar, claro que além dos manifestantes. A Prósperafarma deve mandar seus soldados e nossos “amigos”. Portanto não se distanciem muito, qualquer coisa usem os comunicadores para alertarem o Iago que ficará no esconderijo de olho no computador para nos orientar. Eu sinto muito que vocês tenham se envolvido nisso tudo e espero do fundo do meu coração que todos saiam bem dessa. Agora preparados ou não, vamos nessa.

Cobi entra em seu carro com Pedro no banco do carona e segura firme no volante do carro e começa a seguir Renata. Ele não sabia que tipo de monstro encontraria dessa vez e não sabia como poderia ajudar seus amigos, mas faria de tudo para garantir que todos ficassem bem e impedir que o máximo de pessoas possíveis tomem o soro.

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