O filho do grande cervo - DaMata

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25 de abril de 2021

A feiticeira Jandira, cujo o nome DaMata descobriu facilmente, pois ela estava fazendo questão de deixar bem claro quando falava coisas como: “O seu poder não é páreo para os de Jandira” e “Enfrente a fúria de Jandira!”. Tinha invocado uma mula sem cabeça que perseguia DaMata, como um touro desembestado.

A besta tentava golpear o herói com as chamas no lugar de sua cabeça, mas graças aos seus dons de semideus, Cobi tem seus reflexos e agilidades aprimorados, isso evita que ele seja pego de surpresa pelo animal.

Olhando a feiticeira pelo canto dos olhos, percebe que a mesma parecia sussurrar palavras em direção a mula e isso parecia fazer sentido, já que o animal só focava nele e em nada mais.

Tendo isso em mente, DaMata começa a tramar um plano e tenta guiar a criatura folclórica em direção a um poste e quando chega perto o suficiente do poste, ele se desvia para a lateral e a mula acerta o poste com toda a sua força, assim o herói a golpeia na barriga com sua lança e ela se dissolve, como os dois outros monstros anteriores.
Todo ofegante, Cobi se vira na direção de Jandira e aponta sua lança para ela.

— Ei, fodona Jandira! Eu já saquei qual é a sua! Não se garante sozinha na porrada, por isso fica chamando esses diachos de monstro para me atacar.

— COMO OUÇA FALAR ASSIM COM JANDIRA?

A mulher grita indignada e começa a andar na direção de DaMata e antes, onde estava uma pulseira em cada pulso se forma duas adagas com as laminas douradas e antes que pudesse piscar os olhos a semideusa já estava em cima de DaMata, tentando o golpear com as adagas.

Ele se esquiva, mas acaba tropeçando em um pedaço de concreto da explosão e cai no chão, sendo atingido de raspão por uma das laminas no rosto, fazendo um filete de sangue escorrer e só então ele se dá conta da explosão que tinha acontecido, mas não tem muito tempo para se preocupar com isso, já que Jandira o tenta acertar novamente com uma das adagas no rosto, mas ele defende com as próprias mãos, soltando um grunhindo ao sentir o arder da lamina cortando sua pele e o sangue quente escorrendo.

— Agora você foi longe demais.

DaMata chuta a barriga da mulher que é lançada para longe, ele volta a segurar sua lança e corre com tudo na direção dela, mas quando vai acertar ela, Jandira diz algo incompreensível e Cobi é jogado para trás com tudo, caindo em uma imensa escuridão.

Ele não conseguia enxergar nem a si mesmo naquele lugar, seja lá o que fosse e onde fosse. Até que a risada estridente de Jandira toma conta de todo o ambiente.

— Não há escapatória, filho de Anhangá. Aqui você encontrará sua morte.

Nisso, DaMata escuta o barulho de uma das adagas sendo lançadas e acerta o seu ombro direito, fazendo ele soltar um grunhindo de dor. Ele tateia seu ombro até o cabo da adaga e a puxa de uma vez, sentindo uma pontada aguda no ombro e o sangue descendo. 

Cobi sente sua nuca se arrepiar e a respiração da mulher bem atrás de si.

— Quem não se garante na porrada agora?

DaMata se vira tentando deferir um soco no rosto da mulher, mas a única coisa que acerta é o ar em sua frente.

— Você mesma! Fica se escondendo atrás desses trens doido ao invés de me enfrentar de verdade.

“Feche os olhos e olhe ao redor.”

Cobi escuta a voz de seu pai ressoar em sua mente, como uma espécie de guia mental e o obedece. Ao fechar os olhos, DaMata começa a enxergar um borrão roxo se movendo ao seu redor e por algum motivo ele sabia que se tratava de Jacira.

“Não foque nela, agora olhe para você mesmo, veja e sinta o cervo.”

Quando o jovem se olha, ele percebe um fluxo branco fantasmagórico o cercando, como se fosse uma armadura, mas essa armadura era um cervo com chamas vermelhas no lugar dos olhos. Ele era o cervo, assim como seu pai.

“Agora ataque.”

Ao escutar o comando de seu pai, Cobi corre em direção a feiticeira, projetando seus enormes chifres na direção dela e a acerta com tudo a prensando contra uma parede feita de escuridão.

— Você é ele! Vocês são a mesma pessoa! Isso não ficará assim, eu voltarei!

A forma roxa de Jandira grita e se dissolve em um borrão, finalmente o mundo volta a ganhar cores e DaMata percebe que estava na mesma rua de antes, só que tem algo de errado com seu corpo e quando se olha no reflexo da janela de um carro percebe que ele era um grande e forte cervo branco com olhos vermelhos.

“Seus amigos precisam de você agora, vá ajuda-los”

Escutando seu pai, Cobi fareja no ar o cheiro de seus amigos e sai trotando na direção deles e quando chega no local em que estavam, percebe a presença de Tadeus em uma versão monstruosa dele mesmo e sem pensar duas vezes, DaMata corre em sua direção o lançando para longe do grupo que observam a cena curiosos, pensando em como se tornar humano novamente a mudança acontece, fazendo com que a forma de cervo se torne em um borrão e em questão de um piscar de olhos ele volta a sua forma humana.

— Caralho, meu amigo é um veado super irado!

Diz Vendaval boquiaberto e DaMata nega com a cabeça.

— Cervo, eu sou um cervo.

— É tudo a mesma coisa, agora foquem no problema.

Fala Fúria apontando para Tadeus que se levantava furioso do chão. DaMata se posiciona ao lado dos companheiros de equipe e faz o seu pingente de cervo se transformar em lança.

— Vamos acabar com ele.

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