Lições de uma guerreira - Mulher Maravilha e Supergirl

Parte 14

— O que você tanto pensa? Está aí há mais tempo do que consigo suportar o silêncio sem questionar — Diana invadiu os pensamentos da loira com sua voz grave e suave ao mesmo tempo.

Um suspiro longo escapou, embora a Supergirl não cansasse, definitivamente, parecia exaustivo o ato de se perder em pensamentos.

— Estou aqui pensando em todas as suas futuras namoradas, esposas, maridos e... Ah... Todas as pessoas que terá na sua infinita... — o riso de Kara era nervoso, mas tinha um fundo de humor naquilo — Vida!

A princesa não pôde deixar de rir enquanto falava, divertida com a "indignação" evidente da outra mulher.

— Como é? 

Por mais que Kara temesse o quanto aquilo poderia soar idiota e possessivo, era a parte de seus pensamentos que a deixava profundamente incomodada.

A morena se levantou, andando calmamente até a garota e a abraçou por trás na cadeira, passando uma das mãos por dentro da camisa azul marinho de botões que a jovem usava.

— Está dizendo que daqui a uns 150 anos vai parecer que você tem 60 e que está andando com uma novinha de 30, enquanto na verdade eu terei mais de 5200 anos em segredo — perguntou Diana, ainda rindo, ao contrário da loira, que estava tão séria, que poderiam julgar estar com raiva.

— Novinha de 30? NÃO PARECE QUE VOCÊ SAIU DOS 20, Diana!! Por que você está rindo? Isso não tem graça nenhuma — Kara tentou se desvencilhar das carícias e beijos, mantendo a expressão séria com mais dificuldade do que antes.

— Na verdade eu estava pensando no quanto isso é fascinante — a princesa apoiou o queixo no ombro da garota, antes de tornar a falar — O processo de envelhecer, o quanto as pessoas amam, dançam, bebem, vivem sabendo que um dia vão morrer. Já disse o quanto isso me encanta e eu acho que vocês mortais têm sorte. Enquanto você está pensando em voltar no tempo e ter 10 anos a mais comigo, só consigo pensar no quanto temos sorte em ter todo esse tempo que já temos!

— Dez anos atrás eu estava chorando por ter quebrado o nariz de três garotos na tentativa de dar o meu primeiro beijo, achando que jamais teria espaço pra mim neste mundo então eu voltaria no tempo pra tentar com você  com toda certeza!

5 horas mais tarde...

— Eu sei o quanto você me ama e quer me ver infinitamente feliz depois de tanto sofrimento em ver minha casa destruída, acreditar que meus pais estavam mortos e vagar pelo espaço por 60 anos, Sara, por favor!

A capitã cruzou os braços, visivelmente entediada, como se já não bastasse ter que lidar com a ressaca terrível.

— Não!

Kara apelou para a voz chorosa, batendo o pé no chão com cuidado para não destruir nada.

— Mas por que não? Você faria o mesmo, se pudesse!

— Não, eu jamais voltaria no tempo para convencer meu eu jovem de convencer sua futura namorada a cometer pedofilia só por não conseguir beijar ninguém! Sem chance!

— Falando assim você tira a minha vontade. Não é considerado pedofilia se eu já tiver 16 anos e for totalmente concedido nas minhas perfeitas capacidades mentais, que ultrapassam as humanas inclusive. Não é como se existisse mais alguém com 5 mil anos por aí.

— Ótimo que tenha perdido a vontade. Existem as amazonas de Themyscira!

A repórter ajeitou os óculos, direcionando o olhar para o chão, pensando veementemente em uma forma de rebater aquilo.

— Não é pra que ela me beije, é pra que eu conheça antes essa pessoa incrível e possa aprimorar minhas habilidades muito antes de me tornar de fato a Supergirl. Pense em todas as vidas que podem ser salvas se eu sair para combater o crime 10 anos antes!