Parte 12

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O som do metal pesado batendo contra o piso de mármore preencheu o lugar com um eco, era a espada de Diana. Que força era aquela, capaz de moldar um objeto forjado pelos deuses? O poder dos braceletes certamente não estava em sua forma física, mas sim no poder que ele carregava, embora nunca se tratasse dos braceletes, não eram eles a fazer o nome daquela guerreira amazona através do tempo.

A morena soltou o peso do corpo, baixou os braços e soltou a arma que segurava, sustentando o tempo todo o olhar da outra mulher. Não demorou para que Kara percebesse a situação que se fazia ali: Diana não pretendia lutar e ainda assim, tinha ela em seu poder sem nenhuma necessidade.

Um segundo, podia ser uma eternidade, naquela guerra de super sentidos. O silêncio, quebrado pelo som da respiração pesada de ambas e os batimentos acelerados.

Não havia o que ser ensinado para que ela, ou qualquer outra criatura, fosse uma heroína. Era como um dom e Kara certamente o tinha, além de não precisar de treinamento para controlar seus poderes, ela já o fazia muito bem.

- Se algo acontecer, você precisa me parar.

- Porque Kal-El não faria isso! Eu compreendo agora - respondeu Kara.

- Ele é um bom amigo, mas seu código nem sempre funciona na prática.

- Foi por isso que... – Kara perdeu a fala por um instante – Todas essas lições.

- Você precisa dominar o meu laço tanto, ou melhor do que eu! Eu já estive tão perto das trevas, você nem imagina. 

Um longo suspiro escapou dos lábios da jovem, que desistiu de manter Diana suspensa no ar.

- Entendo sua preocupação, mas você esqueceu que é imortal e bem, eu vou morrer um dia, mesmo que demore um pouco. Além disso, você é imune a magia, controle mental e todas essas coisas. Eu não sei se poderia detê-la, Diana! 

- Não exatamente. O mundo está mudando, o Universo já não é mais inalcançável e não sabemos que segredos ele esconde. Todos precisam da Supergirl porque você é capaz de muito mais do que imagina.

A loira seguiu até a cama, sentando sobre ela com cautela, enquanto organizava seus pensamentos, ainda mais confusos.

- Ele sabe disso – os olhos azuis se fixaram em um ponto vazio, enquanto dirigia a pergunta para a amazona num tom vago.

- Acredito que no fundo ele sabe sim. Sem os braceletes, nenhum dos dois pode me parar, mas você precisa. Me prometa – afirmou Diana, de forma mais séria, se aproximando da cama para encará-la de perto.

- O que faz você pensar que eu conseguiria fazer o necessário para te parar? Eu não me vejo capaz disso, porque te amo muito mais do que ele!

- Dediquei a minha vida a proteger os inocentes, lutar por aqueles que não podem lutar por si mesmos e tornar o mundo um lugar melhor, mesmo que esteja longe de ser como o meu lar. Você ficaria bem em uma posição de usar o seu poder para matar e destruir, sendo esse o seu propósito? O que a faz pensar que não vamos, em hipótese alguma, perder o controle?

A respiração da garota de aço começou a falhar outra vez e, em uma reação involuntária, ela engoliu em seco. Aquela questão realmente a incomodava, o seu segundo maior medo era machucar as pessoas com sua força e poder sobrenaturais, sendo o primeiro perder sua casa e sua família novamente, como em Krypton.

- Eu prometo – a voz escapou num sussurro – Farei o necessário para deter você, se for preciso!

Um sorriso de canto se formou nos lábios de Diana, que levou a mão até um dos braceletes e o tirou com um movimento leve.

- O que você está fazendo – perguntou Kara, tomada pela curiosidade – Rao, você é mesmo uma deusa – deixou escapar, correndo o olhar pelo corpo da outra mulher.

- Você costuma usar sua visão de raio x dessa forma?

- O quê? Como você... Sabe disso?

A loira imediatamente foi tomada por um rubor em seu rosto, talvez pelo susto de ter sido flagrada daquela forma.

- Você me olhou diferente.

- Isso é inevitável, às vezes. Não é proposital, não é como se eu tivesse um botão de desligar, ou algo assim – soltou um riso nervoso.

- Está tudo bem, é como a audição. Podemos evitar, mas não o tempo todo. Se segurar um copo por muito tempo, você esquece que ele está ali.

- É isso! Mas eu não sei se pode aplicar aqui. Direcionei minha visão pra um ponto específico.

- Que sou eu - outro sorriso divertido moldou o rosto da morena. 

"Não era novidade eu me sentir paralisada diante de situações embaraçosas, mas estava longe de ser essa a sensação que me deixa paralisada com Diana. Tem alguma coisa nela, que faz com que eu esqueça de respirar. E nisso, eu me pego parada, encarando qualquer parte dela, sem nem lembrar que algo mais existe."

- Agora é a parte que eu devo estar corada e não vou encontrar palavras pra explicar o que estava fazendo - soltou a loira, quase num sussurro.

- Algumas coisas não foram feitas pra serem explicadas, ou entendidas.

"Eu precisava fazer alguma coisa, qualquer ação capaz de tirar aquilo que estava prestes a explodir dentro de mim!"

A garota sempre se pegava com a mesma expressão entorpecida diante da outra mulher, mais tarde explicada pelo dom da beleza e persuasão, como se fosse mesmo algum tipo de mágica. Como se algo brincasse com os seus sentidos e, mesmo assim, ela apenas sentisse.

Os corpos se colaram quando a dona dos olhos azuis deu um passo a frente, deslizando sua perna pela lateral do corpo da morena, escorrendo sua coxa até a altura da cintura. A intenção era que o movimento fosse rápido e assim o fez, prendendo as duas pernas na cintura de Diana. Não precisaria de força alguma pra se segurar ali, ou sequer precisaria se segurar, mas Kara enlaçou suas pernas com certa força. Aquele mesmo aperto no peito, pelo excesso de adrenalina, a respiração pesada e o frio na barriga, como uma queda livre, estavam ali. A sensação mais perigosa e libertadora, que voar pela primeira vez, depois de chegar na Terra.

- Pensei que meu treinamento serviria para salvar a Terra, depois de voltar no tempo, me perguntei se você precisava que eu salvasse Themyscira, mas agora sei a resposta. Você precisa que eu salve a mim mesma. Não pode suportar a mesma dor outra vez, não pode perder quem você ama, ou a mim outra vez.

As palavras atingiam Diana, com a lembrança de um futuro que não parecia nada distante no entanto, não fazia sentido pensar nisso com o presente bem a sua frente. A morena levou as mãos até as coxas torneadas, presas ali em seu corpo, afundando os dedos na carne. Aquela seria uma batalha bem mais divertida. Uma guerra de corpos, onde tudo o que turvava sua mente poderia ir embora apenas com a sincronia em provocar os sentidos de ambas numa brincadeira gostosa.

Lições de uma guerreira - Mulher Maravilha e SupergirlWhere stories live. Discover now