Berlim, 13:18 - 18.02.2099.

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Ao se aproximarem, perceberam que, em meio às profundas olheiras, seu olhar era completamente denso e absorto. Não querendo impor regras a um setor que não lhe pertencia, o Tenente Johansen perguntou-lhe taciturnamente:

- Amigo, o médico-chefe está em seu escritório? Cuidado pra ele não te pegar fumando por aqui, a menos que esteja querendo ficar desempregado.

Retornando então sua consciência de algum lugar distante, ele olhou de soslaio para o grupo, ajeitou-se parcialmente na cadeira e, inclinando-se para frente, apoiou seus dois cotovelos sobre suas coxas. Retirando seu cigarro da boca com a mão direita, disse-lhes, olhando agora para o nada à sua frente:

- Pode dizer, tenente. O que posso fazer por vocês?

O grupo entreolhou-se incrédulo e voltando então seu olhar para o indivíduo, a Tenente Lweiz duvidosamente perguntou-lhe:

- Aahn... foi você que esquartejou nosso prisioneiro?! Por quê?

Levantando-se lentamente, ele retornou seu cigarro para a boca e, colocando suas mãos nos bolsos de seu jaleco, respondeu-lhes com o cigarro entre os lábios:

- Porque, assim como vocês, eu também sigo ordens. O paciente que me enviaram possuía próteses ciborgues de modelo militar. Assim que recobrasse a consciência, ele representaria um perigo para as nossas instalações, então... de acordo com os protocolos de segur...

Nesse instante, abruptamente a Tenente Moss o interrompeu, perguntando-lhe estupefata:

- Que protocolos de segurança?! Não lembro de termos definido nada disso!

- Que isso, moça?! - respondeu-lhe calma e ironicamente. - Você sabe muito bem que alguns protocolos e procedimentos aqui dentro são definidos por... aquele que acredito ser o nosso chefe em comum.

- Falthouser! Aquele velho almofadinha! - sussurrou ao léu o Tenente Johansen, mas não baixo o suficiente para não ser ouvido, que em seguida admirou-se novamente ao escutar o médico-chefe dizer-lhe:

- Hum... que bom temos algo em comum!

- Peraê... - interrompeu-o novamente a Tenente Moss. - Você disse "próteses de modelo militar"?! Você viu a marca delas quando as removeu?

O grupo então entreolhou-se curiosamente nesse momento, enquanto aguardava a seguinte resposta:

- Hum... sim. Adivinhem... Ayahma Industries!

Assim, o grupo trocou olhares conclusivos e indignados, sendo então seu silêncio interrompido pela Tenente Moss, ao exclamar:

- Isso explica muita coisa!

- Talvez - discordou pensativamente o Tenente Anderson. - Nós também fornecemos próteses de modelo militar pra uma série de organizações e forças armadas. Com certeza a concorrência quer nos ferrar. Mas será que dariam esse vacilo?

- Só há um jeito de sabermos - afirmou-lhe a Tenente Lweiz.

Voltando-se então o Tenente Anderson para o médico-chefe, este disse-lhe enfaticamente:

- Doutor, precisamos interrogar nosso prisioneiro. Queremos evitar qualquer incidente futuro e pra isso precisamos saber onde estão nossas falhas de segurança.

- Falhas de segurança... sei! - exclamou enquanto lançava-lhes um irônico olhar. - Mas vocês terão de esperar sentados. Um dos disparos atingiu alguns órgãos internos... de que talvez eu declare falência. Ainda assim, eu fiquei admirado de vocês o terem alvejado apenas duas vezes. De acordo meu prognóstico, ele deve levar uns dez dias para recobrar a consciência. Já o seu agente passa bem! Eu devo dar-lhe alta em...

NOVA Berlim 2099Where stories live. Discover now