Capítulo 3 - Para você, que me viu maior do que o meu pequeno eu.

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Para você, que me viu maior do que o meu pequeno eu.

Capítulo não revisado.


Jungkook.

Sabe aqueles dias em que você não quer levantar da cama? Que você sente a sua alma dolorida e a mente bagunçada?

Hoje é um desses dias.

Depois que me despedi de Jimin e dos porquinhos, subi para o meu quarto e dormi. Apenas dormi. Mas hoje eu acordei nublado, minha cabeça dói e não tem medicamentos que melhore. Meu peito dói também e sinto uma tristeza enorme dentro de mim. Essa é só mais uma das crises que eu tenho, mesmo com todo o tratamento com o terapeuta e os medicamentos para cuidar do TEA, eu também tenho resquícios de depressão.

Hoje é um dia que eu gostaria de não falar nada, de não ver ninguém e de chorar muito. Mas assim como todos os outros anos eu tive que levantar, mesmo não querendo e ir trabalhar. Tudo parecia difícil demais, difícil para levantar, tomar banho, comer, cuidar dos porquinhos o que nunca foi uma tarefa árdua. Era complicado demais ver outras pessoas e falar com elas.

Quando chego no trabalho, entro na minha sala e sento diante da minha mesa. Olho todos aqueles papéis ali e sinto vontade de chorar. Chorar porque tudo é fatigante, porque é doloroso e cansativo demais.

Não tinha agenda para cumprir pela manhã, então apenas ligo para a recepção do hall e informo que não atenderia ninguém. Coloco meus bloqueadores de som nos ouvidos e deito a minha cabeça na mesa.

Hoje também é aqueles dias que eu gostaria de desligar, gostaria de apagar de vez. A dor da alma é uma das mais dolorosas, você não toca, não vê, e às vezes não sabe como curar. E diante de tudo isso, a agonia e o pavor assombram porque você não sabe o que fazer, só sabe sentir medo e dor, muita dor. Eu nunca fui bom em dizer o que eu sentia, então sempre guardei algumas coisas para mim e a depressão foi uma delas. Eu convivo com esse sentimento há anos, é como se eu sentisse que algo estivesse faltando, uma peça no meu quebra cabeça ainda faltava para eu estar completo e parece que só se resolveria se ele aparecesse, se essa peça terminasse o meu jogo.

Não sei quantas horas se passaram, não dormi e nem cochilei. Apenas senti a dor do âmago me perfurar a cada minuto que passava, minha respiração falhava algumas vezes, minha visão ficava turva e sentia vontade de vomitar. Sentia meu peito comprimir em sufoco e nem lágrimas eu conseguia soltar.
Senti também desespero me dominar, e não consegui sair do lugar. O silêncio que para mim era uma válvula de escape, agora era torturante e solitário demais. Assustador demais.

E então respiro fundo e levanto a cabeça, olho para a porta tentando me habituar com o ambiente de novo, olho para a mesa cheia de papel, alguns rasgados, outros molhados pelas lágrimas e outros amassados. Vejo também meu celular acendendo e apagando em uma chamada.

Tiro meus tampões de ouvido.

Era ele.

Olho às horas no relógio no meu pulso e vejo que é 13h10. Me assusto ao ver que passou tempo demais e então num impulso abro a porta pelo botão remoto. Limpo meu rosto rapidamente com a palma da mão e tento arrumar os papéis da mesa.

- Oi, neném. Você demorou par- - Jimin trava no lugar.

Desesperado sentindo a ansiedade chegar fortemente, toco minha nuca com as duas mãos e puxo os fios com força e fecho meus olhos.

- Ei, Neném. Olha para mim. - Ouço a porta se fechar e seus passos rápidos dentro da sala, depois seus dedos tocarem meus pulsos devagar. - Respire pelo nariz e solte pela boca.

Para o Amor e a Fé - JIKOOK [REPOST]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora