Pelos deuses! Que pesado ele é! Aparentemente ele não se mostra incomodado em ceder seu peso sobre mim. Será que acha que sou tão forte assim? Estou quase arriando…socorroooo. Levo-o para a suíte que tem dormido.

— Por que está me ajudando?!— Não acredito que ele está perguntando isso, não é como se eu tivesse a opção de não ajudá-lo.

— Porque eu não tenho como explicar a morte de um suposto juiz. — Sou sincera.

— Hummm…

— Você precisa de um banho! — falo e não lhe dou chance de contestar, empurrando-o direto para o banheiro — Tire tudo, darei um jeito nessas roupas. — por sorte, ele não fez objeção.

Apanhei roupas e sapatos e   corri para o incinerador nos fundos da residência. Joguei tudo lá,  retornando para a cozinha e fazendo a limpeza geral.  Tudo em que havia seus fluidos foi queimado,  inclusive minha camisola. Depois peguei uma toalha limpa na lavanderia, me enrolei nela e subi apressada.

— Cuidei de tudo! — Aviso vendo-o deitado e já com a mão enfaixada.

— Agradeço! — é bem curioso sua falta de expressão numa situação dessas.

— Uma ova! — interrompo-o — O que houve lá?! — exigi saber.

— Não é nada com o que devas se preocupar! — falou calmamente.

— É claro que não! — desdenho — Não tem subido aos seus pares e creio que ninguém veio até você…não devia ir? — questiono achando suspeito que ele esteja machucado e temendo haver alguma ligação com esse pequeno e importante detalhe.

— É  o que você quer, certo? — ele me encara brevemente.

— Desde quando isso é sobre o que eu quero?! — pergunto num tom ríspido. Nesse momento noto-o tremer, o que não é justificável.  Lá fora está muito frio, mas aqui dentro a temperatura é bem confortável. Chego mais perto da cama e tomo sua mão bruscamente.  O infeliz está mais frio do que uma pedra de gelo. — É sério, você precisa subir e cuidar da sua saúde.

— Não hoje! — se negou. — Não quero ter que explicar esse incidente! — mostrou a mão machucada.

— Como se você precisasse, não é? — Olho-o com os olhos semicerrados.

— Mas será motivo de indagações! — pelo visto não conseguirei convencê-lo.

— Caramba! O frio vai te matar! — resmungo ao ver como está tremendo.

— E você quer se ver livre de mim! — eu poderia jurar tê-lo visto suspirar.

— Não quero um defunto no meu colo! E por que essa bobagem agora,  hein?! — Assim que ele se contorce com outro tremor, me dou conta de que a coisa é bem mais séria do que imaginei — Juro que vou te matar por me obrigar a fazer isso…— Esbravejo antes de me enfiar sob as cobertas e abraçá-lo, sabendo que essa é a solução mais rápida para manter minha própria vida — Nem mesmo uma palavra sobre isso ou corto sua língua! Misericórdia…é igual abraçar um bloco de gelo…— tremi quando o frio me atravessou também.

— Por que está fazendo isso, Lúcia?! — Nossa! Meu nome soa tão bem em sua boca.

— Porque se você morrer aqui, os seus tirarão minha pele sem qualquer direito a anestesia. — Explico tranquilamente lembrando das palavras de Caelestis.

— Hum…acho que fariam pior! — admite, o que faz meu coração bater desgovernado igual um carro sem freio descendo a serra.

— Você devia ter posto uma roupa! — mudei de assunto,  apesar que ele estar pelado sob as cobertas não chega a ser um empecilho para mim, mas sim o fato dele ser quem é.

Além do mais,  mesmo que eu também esteja quase pelada, exceto por uma calcinha,  já que a toalha se desprendeu do meu corpo, nada aconteceria entre nós. Era impossível! Se não fosse a certeza de levar a pior numa transa com um alienígena,  eu não me incomodaria de abrir as pernas pra um tão gato quanto esse. Espera um pouquinho… devo estar sofrendo abstinência de sexo por ter pensamentos tão devassos num momento como esses.

Se ele morre sob "minha proteção" será meu fim. E gosto muito de estar viva, portanto farei qualquer coisa para mantê-lo saudável.

— Minha nudez a incomoda?! — questiona se remexendo na cama e acabo indo parar, parcialmente,  entre suas pernas.

— Estou, literalmente,  servindo de cobertor aqui, então sua nudez é o de menos…— encaro-o só para me aperceber de seu olhar confuso — Não,  não me incomoda. — acrescento tentando ignorar o fato de que estou deitada sobre ele, agarrada ao seu tronco e com os bicos dos meus peitos sendo provocados pelo contato com sua pele fria. Seu pênis está sendo pressionado por minha coxa entre suas pernas. Que sexy isso seria se não fosse na atual circunstância. — Lyontus,  por qual motivo você veio pra Terra?!

— Estive a me perguntar por quanto mais você resistiria em me perguntar isso…— falou se remexendo mais uma vez.

— Sou pesada?! — acabo perguntando por achar que o estou machucando.

— Sua densidade corporal é muito leve em relação as fêmeas do meu povo! — Ué?!  buguei! As que vi eram tão magrelas, como podem pesar mais que eu?! — Mas respondendo a sua pergunta: estou aqui para aprender! — fiquei esperando ele explicar melhor, mas como não fez, também não insisti.

Fiquei ali quietinha,  apenas concentrada em sua respiração fazendo seu peito subir e descer; estranhamente,  seu coração parecia bater mais forte pro lado direito. Se bem que tudo é possível! Perdida em meus pensamentos,  acabo cochilando. No entanto,  um barulho me trouxe de volta; alguém batia à porta e aquela hora não podia ser boa coisa. Lyontus está mais quente e adormecido.  Peguei um de seus robes, me cobri e desci. As batidas haviam ficado ainda mais insistentes, o que fez eu me questionar se alguém havia morrido. Certamente não são meus pais, já que viajaram a trabalho para Portugal há dois meses.

— Mas que merda! — pronuncio ao ver pelo olho mágico quem está ali fora — O que está fazendo aqui?!— foi a pergunta austera que saiu dos meus lábios assim que abri a porta — Viu que horas são,  Samuel?!

Que noite caótica! Pelos deuses!

[...]

A VERDADE ESTÁ LÁ FORA Where stories live. Discover now