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"Então, aqui está", disse Lisa, abrindo a porta com um chute. "Bem-vindo ao armário."
"O quê?"
"É assim que eu chamo. O Armário."
"Você chama seu apartamento de 'O Armário'?"
"Sim", disse a loira, um pouco desconcertada. "Por que?"
"Por nada."
"É porque é pequeno, entendeu?" Ela explicou. "E meio apertado."
"Certo."
"O que foi?"
"Nada."
"Então por que você está sorrindo?"
"Eu não estou", Jennie encolheu os ombros. "É que... Cara, essa caixa é pesada." Ela passou por Lisa e entrou no apartamento.
Não era grande, como Lisa quis dizer, mas não foi isso que impressionou a morena. Ela presumiu que Lisa seria imprudentemente desarrumada ou obsessivamente arrumada, mas este lugar não era nenhuma das duas coisas. Era como estar no convés do Mary Celeste — a garota tailandesa não esperava que ela viesse aqui, e tudo estava exatamente como quando ela pegou a bolsa e saiu pela porta.
A xícara de café suja sobre a mesa, o batom ainda na borda, o caderno aberto, o calendário registrando as minúcias de sua vida. Uma única meia que começou sua jornada rumo à limpeza com sua parceira, mas que de alguma forma caiu no esquecimento como um soldado ferido.
Tinha uma espécie de normalidade, uma melancolia, o tique-taque do relógio no silêncio, a lista de compras feita para uma pessoa, que a assustou. Toda a amizade delas tinha sido necessariamente nos termos da garota coreana — quando ela poderia fugir, para onde elas poderiam ir — e nunca lhe ocorreu pensar na existência solitária de Lisa. Lisa dissera que não teve amigos, mas nunca havia percebido o que isso poderia significar.
E Lisa confundiu seu silêncio com decepção. "Sinto muito", ela murmurou, chutando a meia perdida por baixo da mesa. "Vou limpar um pouco."
