Plano Imperfeito

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Gosto de imaginar que as pessoas entram em nossas vidas por algum motivo específico.

Algumas chegam de mansinho e permanecem quase a existência toda flutuando por lá sem você notar, já outras surgem como um meteoro prestes a causar um grande estrago, mas no fim acabam por ser as responsáveis pela nossa evolução.

Com certeza a minha morena foi um meteoro e dos gigantescos, arriscaria dizer que Sarada Uchiha foi maior que o asteroide que extinguiu os dinossauros.

Aconteceu numa tarde chuvosa de inverno, daquele tipo que quando começa a cair os primeiros pingos, ninguém deseja sair de casa. Ainda me lembro da mistura do cheirinho da chuva com jasmim, daquele dia e do meu péssimo humor.

Irritado, prestes a passar pela minha primeira consulta médica após o acidente, eu me disfarcei da melhor forma que pude, enfiando um boné preto na cabeça, vestindo um moletom da mesma cor, com capuz por cima e colocando um óculos escuro aviador no rosto, na intenção de me esconder da mídia. Não era uma tarefa fácil fugir dos paparazzis sendo um ator famoso de sitcom, mas eu era o mestre do disfarce, ou pelo menos eu me considerava como tal.

Para a minha sorte, a sala de espera do lugar estava vazia, me fazendo respirar aliviado por não ser obrigado a ter que aturar alguma fã surtada ou algum tipo de curioso sobre o quê havia acontecido comigo. Porém, minha paz durou pouco, quando ouvi uma voz gentil cumprimentar a recepcionista do lugar, fazendo meu coração estranhamente errar algumas batidas.

— Boa Tarde, Sra. Anko, como passou essa semana?

Uma garota de cabelos negros curtos em um corte moderno, olhos igualmente escuros, escondidos atrás de um óculos vermelho chamativo, e pele tão branca que lembrava um fantasma, falou docemente atraindo inexplicavelmente toda a minha atenção para ela.

— Estou ótima Sarada! Obrigado por perguntar. Sente-se, você será atendida logo depois daquele rapaz, pois hoje a doutora não pôde comparecer à clínica.

A mulher da recepção, uma senhora rechonchuda de cabelos pintados de roxo, respondeu cordialmente, denunciando a minha presença no local, me fazendo querer matá-la, naquele momento.

Antes que eu pudesse disfarçar ou fugir dali, os olhos negros da garota estavam vidrados no meu azul, me fazendo esquecer como é que se fazia para respirar, esquentando as minhas malditas bochechas como fogo em brasa.

"Quem essa quatro olhos pensa que é, para me encarar assim?"

— É horrível...

Ela murmurou ajeitando os óculos que insistiam em escorregar por seu nariz delicado, empurrando-os de volta para o lugar com a pontinha do dedo indicador tão graciosamente...Não! irritantemente...foi o que eu quis dizer, irritantemente.

— O...o que? É horrível?_Eu balbuciei nervosamente igual a um idiota, desviando meu olhar do dela, receoso que a garota estivesse se referindo a minha cicatriz.

— O muffin de laranja na sua mão._ A morena me respondeu falando baixo como se me contasse um grande segredo, abrindo logo em seguida um dos sorrisos mais lindos que eu já tive o privilégio de ver — São da semana passada, não os coma. Toma experimente isso.

Ainda sorrindo toda linda, a garota me ofereceu um dango que eu prontamente aceitei enfiando inteiro na boca, afinal seria indelicado da minha parte recusar a iguaria e eu confesso também que não sou do tipo que recusa comida.

— Obrigado quatro olhos.

Agradeci ainda saboreando aquela delícia em minha boca, notando ela revirar os olhos toda irritada de um jeito que a deixava extremamente sexy.

Coletânea Soul Mate BoruSaraWhere stories live. Discover now