capítulo 30

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Creio que esses 4 anos que tenho passado longe de casa, tem me amadurecido muito. Constantemente me encontro pensando em casa, em como estão as pessoas, minha mãe, Cadu... Ano passado estive com eles e por um momento eu quase desisti de voltar para Ashfild. Agora tô me esforçando para poder estar com eles de novo depois das provas do meio do ano, porém esse também é meu último ano aqui, se eu não reprovar.

— Daphne? - Uma mão repousa em meu ombro.

— Ah, oi -Saio dos meus devaneios, dirigindo meu olhar para as folhas de estudo espalhadas sobre a mesa.

— Você tá bem? — Vinicius me encara com expressão preocupada.

— Sim, eu tô bem. Só estou com a cabeça muito cheia. Esse período de prova ta me deixando louca. — Passo a mão pela cabeça, bufando de cansaço e impaciência. Decido tomar mais um gole do meu café expresso, mas Vinicius me impede.

— Daphne, chega. Você já tomou uns 10 copos desse só hoje. O que você acha de dar uma pausa?

— Eu preciso passar nessas provas, Vini. Se eu não passar, terei que passar as férias aqui. Eu quero ir para casa. — Tiro meus óculos que uso sempre que estudo e jogo na mesa. — Desculpa, desculpa. Minha cabeça está doendo, eu não estou muito bem, amanhã ainda preciso apresentar um seminário. — Vinicius senta na minha frente e cruza os braços me encarando. — Para de fazer isso, eu sei que você vai falar que preciso descansar.

— Sim, você precisa. Você está aqui já tem 4 horas, o que acha de irmos embora? — Olho as horas e vejo que já são quase 18:00 horas. — Você ainda nem almoçou. — Ele faz uma expressão mais séria.

— O que você tá fazendo aqui? Não era para você estar em casa?

— Eu tava no ginásio jogando com os rapazes.

— Você tava me esperando, né ?

— Eu tô preocupado com você. Você tá se entupindo de café todos os dias. Já reparou a sua cara de cansaço? — Ele fala me fazendo voltar para a realidade. O encaro pensando em como o rebater, mas ele tem razão.

— Tudo bem. Vamos -Levanto juntando minhas coisas e Vinicius carrega minha bolsa até o carro.

Vinicius narrando.

Enquanto dirijo, percebo que Daphne está pegando no sono. Tento dirigir com mais cuidado para que ela não se machuque. Sinto um aperto no peito ao vê-la se esforçando tanto. Eu queria poder ajudá-la de alguma forma, mas odontologia não tem nada a ver comigo. Assim, me empenho em ser seu apoio moral, dedicando-me para vê-la bem. Ao longo desses anos em que Daphne esteve aqui, testemunhei vários momentos de vulnerabilidade dela, e estive ao seu lado em quase todos. No ano passado, ela começou a ter algumas crises de ansiedade ao meu lado, devido à sobrecarga mental, semelhante ao que está acontecendo agora. Não quero revê-la naquele mesmo estado. Assim que estaciono, fico olhando para ela. Parece estar no seu sono mais tranquilo. Não quero acordá-la, mas o celular dela toca, fazendo com que ela desperte.

— Que susto - Ela diz, pegando seu celular para verificar quem está ligando. Parece que não era a chamada que ela esperava. Assim que atende, percebo que é alguém do consultório onde ela está estagiando. Espero que ela termine a ligação para poder dizer algo. - Nossa, acabei apagando, desculpa - ela fala, desligando o celular.

— Tá tudo bem. Foi bom te observar dormindo. - Falo, mantendo o olhar à frente.

— Não é nada bom saber disso. Na próxima você me acorda.

— Tá bom. - Respondo, mesmo sabendo que não vou acordá-la da próxima vez.

Descemos do carro, e Daphne pega suas coisas para entrar. Antes de entrar, ela me lança um olhar culpado.

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⏰ Last updated: Dec 25, 2023 ⏰

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