capítulo 15

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Daphne narrando.

- Eai, como foi o trabalho? - ele pergunta.

- Foi bom. Conseguimos terminar em um dia. - digo.

- Sei, que bom, então - ele fala indo para o seu quarto e eu faço o mesmo.

Enquanto tomo meu banho, fico pensando no momento em que tropecei na Casa do Cadu, não sei explicar o que senti, mas meu coração gritou dentro de mim, a vontade de querer estar mais próxima tomou de conta, mas o receio de que algo pudesse acontecer me preencheu. Creio que se tivéssemos ficado alguns segundo ali, talvez teria acontecido algo. Graças a Deus, não foi levou a uma situação em que eu pudesse me arrepender mais tarde.

Meu aniversário já é semana que vem, até agora ninguém tocou no assunto. Será que esqueceram? Ou tá cedo demais para pensar nisso?

Celular vibra
Mensagem on
Cadu: acordada?

Eu: sim

Cadu: a fim de ver um filme agora? A gente pode ficar por ligação se quiser.

Eu: vamos, qual você tem em mente?

Cadu: você pode escolher.

Eu: a cinco passos de você.

Cadu: espero que seja bom Daphne.

Eu: você vai amar haha.

Ligação on
...
- Mano, que saco, eles não podem nem se tocar daphne - diz Cadu. - Eu não sei se aguentaria não.

Minutos depois...

- Não! - Cadu grita na cena em que ele beija ela para tentar salvar sua vida e eu começo a rir.

- Sai dai, vocês não podem - digo rindo e chorando ao mesmo tempo.

- Daphne? Você tá chorando?

- Eles vão morrer - digo chorando.

- Ele vai morrer? NÃO ACREDITO QUE VOCÊ ME DEU SPOILER - Cadu fala indignado.

...

- Cadu? Tá calado - digo me referindo as últimas cenas.

- Daphne, ele vai embora - ele diz quase chorando

- Não acredito que você ta chorando - dou uma gargalhada. - Eu não sei se rio de você ou se choro com o filme, Cadu. - digo.

- Olha isso mano, quem é que faz um filme assim? - ele diz e o filme acaba.

- Gostou? - pergunto.

- O filme é bom, mas caramba, eles não puderam ficar juntos, véi. Que injusto, que doença infeliz. Não consigo me imaginar nessa situação, se eu amo uma pessoa, eu quero tocá-la, abraçar e estar com ela, isso é cruel.

- "às vezes precisamos do toque de quem amamos tanto quanto do ar que respiramos." eu gosto dessa frase - Digo

- Realmente, muito boa. Foi bom ter esse tempo com você, Daph.

- Eu também gostei muito - digo com uma voz sonolenta.

- Então vamos ver mais vezes.
...
- Daphne?.. Dormiu?.. Ei?... Boa noite, Daph, durma bem.

Ligação off
.....

Cadu narrando

Acordo com meu telefone tocando. A luz do celular me incomoda um pouco, pois o quarto estava totalmente escuro por conta da minha cortina. Olho o nome e vejo que é desconhecido.

- Alô. - digo.

- Bom dia, Cadu. Aqui é o doutor Pedro. Preciso te informar que sua mãe passou mal e eu preciso que você venha para o hospital agora, tudo bem? - quando o doutor diz isso, meu coração acelera.

- Aconteceu alguma coisa com a minha mãe? - pergunto já vestindo uma blusa e descendo para pegar o carro.

- A gente conversa quando você chegar aqui. - pego as chaves do carro e vou direto para o hospital.

- Oi, eu sou o filho da enfermeira Sônia, o doutor Pedro pediu para eu vir, onde ela está? - digo para uma enfermeira e ela me localiza até a sala.

- Bom dia, doutor.

- Bom dia. Sente-se por favor - ele mostra a cadeira e eu me sento. - hoje sua mãe passou enquanto trabalhava e fizemos alguns exames com ela. Nos exames mostrou que ela tem hipertireoidismo, que é excesso de hormônios que pode causar sudorese, nervosismo, taquicardia e perda de peso, nesse caso, acontece um inchaço da glândula, que serve como um alerta para a doença. Alguns sintomas costumam passar despercebidos, talvez ela vai precisar de cirurgia. Vamos ficar de olho nela por uns dias. Se ela melhorar, a gente consegue dar alta logo.

- Isso é muito grave? - pergunto.

- Nós vamos cuidar da sua mãe, não precisa se preocupar. - ele me dá uma resposta em aberto.

- Posso ver ela? - digo

- Claro. - ele diz e me leva ao seu quarto.

Quando vejo minha mãe com aquele soro em sua veia, meu coração dói, não sei o que eu faria se ela estivesse pior do que isso. Me sento ao lado de minha mãe observando-a enquanto ela descansava frágil sob os lençóis brancos do hospital. O som monótono dos aparelhos médicos incendiavam o ar.

- Mãe, você me assustou - digo abraçando ela. - Como você está?

- Eu tô bem, meu filho. Não precisa se preocupar - ela diz com a voz fraca.

- Que isso, mãe? Claro que preciso, eu avisei que a senhora precisava fazer exames. Por que exitou em fazer?

- Eu pensei que poderia ser apenas um mal-estar. - ela me olha com seus olhos cansados.

- Agora eu tô aqui, mãe. Vai ficar tudo bem - limpo meus olhos antes que descesse uma lágrima.

O tempo parecia passar devagar dentro daquele quarto de hospital. Conversávamos sobre assuntos leves, relembraram memórias felizes e rindo de piadas antigas, tentando afastar a sombra da doença que acabamos de descobrir. Sinto o cansaço se acumular em meus ombros, mas tento me manter alerta para a minha mãe.

- Você precisa descansar, querido. Estarei bem aqui. Vá para casa e durma um pouco.

- Não, eu posso ficar com você.

- Garoto, vai logo. Eu deixei de ser sua mãe. - ela se zanga comigo.

- Tudo bem, mas eu vou voltar assim que eu conseguir renovar minhas forças, ok?

- Tudo bem. Eu te amo.

- Também te amo, mãe. Muito. - dou um beijo em sua testa e saio.

Decido passar no supermercado e comprar algo para comer, não tô com cabeça para fazer. Meus pensamentos no momento estão apenas em minha mãe. Eu sei que não é um câncer, mas ver minha mãe em uma cama de hospital para ver se melhora de uma doença que eu nem conhecia é assustador.

Sentimentos ConfusosWhere stories live. Discover now