capítulo 14

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— Bom dia, maninho. - dou um beijo em sua bochecha — Hoje eu tenho um trabalho para fazer e vai ser na casa de um amigo. Eu vou com duas amigas. Vou avisar para a mamãe também, tá bom? - digo preparando meu lanche.

— Posso saber quem é? Nome, idade, endereço, cor do cabelo, alto, baixo, tem passagem na polícia?

— Nossa, vai cadastrar ele no INSS é? Ele se chama Cadu, cabelos escuros, alto, bonito e não, ele não tem passagem na polícia. - Eu falava em um tom de apaixonada para implicar com o Lucas.

— Não, não pode

— Você não confia na sua irmãzinha não? - digo fazendo uma carinha de coitada.

— Não faz essa cara Daphne, não gostei do jeito que tu falou dele, rum. Olha, não demore. Quando eu voltar quero te ver aqui. - ele diz - E me mande a localização.

— Pode deixar - digo apertando as bochechas dele.

— Faz isso de novo que eu desisto de deixar.

— Tchau, te amo - pego minha mochila e já vou saindo antes que ele mude de ideia.

No meio do caminho já mando mensagem para minha mãe avisando e me encontro com a lilah.

— Bom dia! - digo dando um abraço nela.

— Bom dia, vejo que tá tudo bem contigo - ela fala.

— Sim, conversei com a minha mãe e até falamos sobre o Cadu. Acho que eu tô ficando louca, será que tô bem? - Digo me referindo a nunca ter pensado em falar com minha mãe sobre ele.

— Eu tenho medo da Daphne apaixonada.

— Eu também tenho, ainda bem que tenho você para me consolar- falo.

— De novo, mas eu aguento. Na próxima eu vou cobrar

— Nossa lilah, é tão ruim assim?

— Você é chata, mas eu te amo. O trabalho vai ser na casa dele né? - ela pergunta.

— Sim. Depois da escola.

Cadu narrando.
Acordo animado, pois hoje a Daphne vem aqui em casa. Na verdade, o pessoal vem para a minha casa. Levanto e percebo que minha mãe já estava acordada.

— Bom dia, mãe - falo dando um beijo em sua bochecha.

— Bom dia, que animação é essa? - ela diz enxugando as louças.

— AH, tô normal. Hoje meus amigos vêm para cá e eu convidei eles para comer aqui, tudo bem?

— Sim. - ela diz

— Hoje você não vai trabalhar? - pergunto.

— Eu tirei uns dias de folga do hospital. - minha mãe é enfermeira.

— Tá tudo bem?

— Eu vou saber ainda, não tô me sentindo bem esses dias.

— A senhora já tem falado isso a um tempo, que dia vai ver isso?

— Eu vou fazer os exames para ver o que é.

— Tá bom, então vou indo, tchau - dou um beijo na cabeça dela

— Tchau filho.

Eu moro só com minha mãe, meu pai se divorciou dela quando eu tinha 12 anos. A separação deles mexeu muito comigo, pois minha mãe sofreu muito com isso e eu acabei pegando as dores dela, no entanto, hoje a minha maior prioridade é a minha mãe e eu me orgulho da pessoa que ela é. Hoje em dia meu pai está com outra mulher e outro filho. Ele ainda mantém contato comigo, mas não temos mais aquela intimidade toda de pai e filho. Lembro que a primeira vez que tomei bebida alcoólica, foi para tampar o buraco que ele causou em mim, mas ainda não era suficiente. Eu fui me afastando da igreja e o vazio tomou de conta, várias vezes me peguei sentindo falta da igreja, mas a vontade de me preencher com as coisas do mundo me dominavam ao ponto de querer ficar com qualquer uma como uma forma de esconder meus sentimentos, mas nunca consegui preencher totalmente esse vazio que eu sinto. A Daphne só era mais uma, mas ela acabou sendo a primeira garota com quem eu realmente quero ter algo a sério.

Sentimentos ConfusosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora